<$BlogRSDURL$>

terça-feira, janeiro 18, 2005

1 ano de improvisos... 

O blogue "Improvisos Ao Sul" completa hoje um ano de existência.

Nesta data, não queremos deixar de agradecer a todos aqueles que por aqui têm passado ao longo destes últimos 12 meses, e que com os seus comentários e opiniões tem contribuído para esta experiência tão enriquecedora e estimulante.

Aproveitando esta ocasião, o "Improvisos Ao Sul" muda-se para um novo endereço. A partir de hoje estamos em:

improvisosaosul.weblog.com.pt

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Dave Douglas regressa em Março 


Dave Douglas (© Michael Kurgansky, retirada de www.jazzreview.com)

O trompetista e compositor Dave Douglas tem regresso anunciado a terras lusas.

Será no próximo dia 12 de Março, pelas 21h00, que o músico norte-americano subirá ao palco do Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, desta vez com o seu projecto NOMAD.

Formado por Douglas em memória de seu pai, este projecto tem-se dedicado a explorar o imaginário e os mitos da cultura rural de montanha.

Para além de Dave Douglas, o projecto NOMAD é formado por Marcus Rojas (tuba), Myron Walden (clarinetes e sax alto), Rubin Kodheli (violoncelo) e Tyshawn Sorey (percussão).

Os bilhetes custam € 15,00 (plateia) e € 12,50 (laterais).

Mais informações sobre este concerto em www.ccb.pt.

domingo, janeiro 16, 2005

Um Toque de Jazz - Reedições 2004 

Em "Um Toque de Jazz", Manuel Jorge Veloso está a dedicar todo o mês de Janeiro ao balanço de 2004. Na emissão de hoje será a vez de escutarmos as suas preferências em matéria de reedições.

"Um Toque de Jazz", a partir da meia-noite, na Antena 2 (Beja - 91 FM).

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Nuno Catarino no Tomajazz 

Fiquei a saber da estreia de Nuno Catarino (blogger do "A Forma do Jazz") como crítico no prestigiado sítio espanhol ¡Tomajazz!.

O texto inaugural diz respeito ao novo disco do projecto FME - "Underground" e é o que, com a devida vénia, a seguir se transcreve:


"Ken Vandermark (sax), Nate McBride (contrabaixo), Paal Nilssen-Love (bateria)
Okka Disc, 2004

¿Cómo dudar de la generosidad de Ken Vandermark? For Joe McPhee. For Paul Lytton. For Joe Morris. For Peter Brötzmann. Cada tema del disco “Underground” publicado por el trío Free Music Ensemble (FME) tiene una dedicatoria, como ya es habitual. Pero la generosidad de Vandermark no se termina en las dedicatorias y se traduce esencialmente en el hecho de compartir de su talento con otros músicos y con los oyentes: Vandermark 5, Spaceways Inc., School Days, Peter Brötzmann Chicago Tentet y Territory Band son algunas de las formaciones por dónde reparte su valioso arte. Y aún siendo, probablemente, el músico más activo de la actualidad, no deja de abrazar nuevos proyectos, de explorar, de homenajear a más personas. Siempre está grabando discos y dando conciertos, compartiendo ideas, improvisación, música...

Ken Vandermark es el legítimo heredero de la tradición. Anthony Braxton, Joe McPhee, Peter Brötzmann lo precedieron y ahora es su turno. Pero esta investidura histórica figurada se transforma, por otro lado, en un evidente aumento del grado de responsabilidad: sobre él recae la obligación de continuar abriendo el camino hecho hasta aquí, de seguir al frente de la exploración. Hasta ahora no le ha ido mal y el futuro le reserva tiempo para muchas aventuras que nosotros ahora ni siquiera imaginamos.

Además de Ken Vandermark (saxos), el grupo FME está integrado por el contrabajista Nate McBride (colega en Tripleplay) y el batería Paal Nilssen-Love (compañero en el octeto Atomic/School Days y con quien también tiene un dúo). El disco “Underground”, segunda grabación de esta formación tras un primer disco homónimo, se divide en cuatro partes. Los temas se extienden en el tiempo durante más minutos de lo que es habitual y, desde un punto de vista formal, este es un cambio obvio: a mayor tiempo, más espacios, menos fronteras. Cada tema se prolonga tranquilamente permitiendo la improvisación de todos. Hay lugar para la improvisación y para el trabajo en equipo. A pesar de que aparentemente no se notan grandes restricciones, tampoco se percibe ningún relajamiento: hay mucha libertad, convenientemente equilibrada, lo que hace que tampoco se noten los individualismos. Cada uno de los cuatro movimientos que conforman el disco (o la “suite”, en un análisis más libre), revela una notable uniformidad de contenido, lo que hace que toda esta sesión sea notablemente homogénea, sin que esto quiera en absoluto significar que sea previsible: al contrario, nunca sabemos qué nos espera a continuación, la improvisación siempre está ahí.

La batería de Nilssen-Love consigue ser precisa, sin innecesarios fuegos artificiales, pero ligera en los momentos de mayor quietud y con fuerza cuando es preciso. El contrabajo interviene siempre a un gran nivel, reclamando volumen para su voz. El saxo de Vandermark, que tiene una voz propia, muestra el camino. Esta música es energía, inteligencia y equilibrio. Y es bien cierto que “the hardest working man in Chicago” (como también le llaman) es generoso. Acompañado de buena gente, Vandermark continúa ofreciéndonos su talento visionario y no hay mayor generosidad que ésta.
Nuno Catarino


[Texto de Nuno Catarino, traduzido para espanhol por José Francisco Tapiz e Diego Sánchez Cascado, publicado originalmente aqui]

quinta-feira, janeiro 13, 2005

3ª Festa do Jazz do São Luiz 

O "Improvisos Ao Sul" ficou a saber ontem, através de uma notícia do jornal "Público", que uma das principais apostas do Teatro Municipal de São Luiz, em Lisboa, em matéria de música, para o que resta da temporada 2004/2005 (que encerra em Julho) continua a ser a "Festa do Jazz do São Luiz", que já vai para a sua terceira edição.

A edição 2005 da "Festa do Jazz do São Luiz", tal como a do ano anterior, terá lugar nos primeiros dias do mês de Abril.

Aguardemos, pois, pelo programa desta iniciativa de características singulares no panorama jazzístico nacional.

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Big Alen Band - Digressão 2005 

Segundo informações prestadas ao "Improvisos Ao Sul" por Luís Clemente (co-maestro da big band), a Big Alen Band - Big Band do Alentejo, sedeada em Ferreira do Alentejo, irá efectuar um ensaio geral, aberto ao público, no próximo dia 16 de Janeiro (domingo), no Clube de Sargentos (antigo Bairro Alemão), em Beja, pelas 17h00, integrado na preparação da sua digressão 2005.

O primeiro concerto desta digressão da Big Alen Band será dia 21 de Janeiro, na Sala Tejo do Pavilhão Atlântico, em Lisboa.

terça-feira, janeiro 11, 2005

Quinteto de André Fernandes no CCB 

O quinteto do guitarrista André Fernandes sobe amanhã, 12 de Janeiro, pelas 19h00, ao palco do Bar Terraço do Centro Cultural de Belém, ocasião que aproveitará para apresentar repertório novo.

O quinteto de André Fernandes é constituído pelo próprio nas guitarras, Pedro Moreira (saxofones), Jesse Chandler (órgão hammond e piano), Bernardo Moreira (contrabaixo) e André Sousa Machado (bateria).

Mais informações em www.ccb.pt.

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Parabéns, Max Roach! 


Max Roach (retirada de www.downbeat.com)

10 de Janeiro. Max Roach, um dos bateristas mais influentes da história do Jazz, completa hoje 81 anos de vida.

Juntamente com Kenny Clarke levou a cabo uma verdadeira revolução na forma de tocar bateria.

Filho de uma cantora de gospel, Max Roach cedo absorveu as influências do que experienciou na igreja, as quais condicionaram o rumo musical que acabará por tomar.

Começou a tocar bateria com apenas 10 anos de idade, tendo seguido estudos musicais formais na conceituada "Manhattan School of Music".

Com 18 anos, Max Roach já fazia parte da cena proto-bop, chamemos-lhe assim, participando em jam sessions nos míticos Minton's Playhouse e Monroe's Uptown House (onde era baterista residente). Nesses locais ouviu e absorveu a influência de Kenny Clarke e tocou com eternas luminárias como Charlie Parker e Dizzy Gillespie.

A sua estreia discográfica aconteceu em 1943, para a editora Apolo, ao lado do sempre influente Coleman Hawkins.

Tocou com a orquestra de Benny Carter na California e no quinteto de Dizzy Gillespie, assim como com Duke Ellington em 1944. No ano seguinte, Max Roach já era bastante considerado nos círculos mais vanguardistas do jazz, tendo-se então juntado ao grupo de Charlie Parker.

Participou na maior parte das gravações seminais do be-bop, tais como o incendário "Ko-Ko" de Charlie Parker, em 1945, e nas sessões de “Birth of the Cool”, com Miles Davis, entre 1949 e 1950.

Em 1952, fundou com Charles Mingus, a Debut Records, que lançou a sua primeira sessão como líder, assim como um memorável concerto no Massey Hall ao lado de Mingus, Parker, Gillespie e Bud Powell.

Em 1954, Roach formou um quinteto que incluía o mítico Clifford Brown, recomendado por Gillespie alguns anos antes. Este quinteto realizou diversas gravações memoráveis e que definiram os pilares do hard bop dos anos 50. A morte de Clifford Brown, num acidente de viação em 1956, deixou Roach completamente de rastos. O quinteto continuou com Kenny Dorham e Sonny Rollins.

Foi um fervoroso apoiante das causas relacionadas com os direitos humanos e a igualdade entre raças.

Deste seu período mais militante, mais concretamente em 1961, merece recordação um célebre episódio em que interrompeu um concerto de Miles Davis/Gil Evans no Carnegie Hall, subindo ao palco empunhando um cartaz onde se podia ler "Freedom Now", protestando contra a "Africa Relief Foundation" (em benefício da qual o concerto fora organizado). Quando foi lançada a autobiografia de Davis, em 1989, Roach apontou as inexactidões nela contidas a propósito do referido incidente, ao ponto de sugerir a senilidade de Miles Davis (apesar de tudo a amizade entre ambos durou até à data da morte de Miles).

Gravou com a activista e cantora (e sua mulher entre 1962 e 1970) Abbey Lincoln o panfletário "We Insist! Max Roach's Freedom Now Suite".

Em 1970, Max Roach formou o projecto M'Boom, um ensemble de percussão.

O seu interesse pela experimentação levou-o até junto de nomes fundamentais das linguagens mais avant-garde, como Anthony Braxton, Archie Shepp e Cecil Taylor.

Durante a década de 80, voltou a experimentar com um duplo quarteto (com Odean Pope, Cecil Bridgewater e Tyrone Brown).

Nos anos 80 e 90 levou a cabo diversos projectos, entre os quais um duplo CD com Dizzy Gillespie e o muito melhor sucedido "To the Max", que constituiu uma espécie de súmula dos diversos grupos e das diversas fases da carreira de Roach, e que incluiu um concerto para bateria solo e orquestra sinfónica.

Max Roach disse um dia "Jazz is a very democratic musical form. It comes out of a communal experience. We take our respective instruments and collectively create a thing of beauty."

Notícias recentes dão conta de um agravamento do estado de saúde (problemas renais) de Roach, que levaram inclusivamente ao seu internamento.

sábado, janeiro 08, 2005

Lux Aeterna 



Lux aeterna luceat eis

O tema da luz eterna (lux aeterna) faz parte da liturgia católica sobre a morte.

Tem sido, ao longo dos tempos, objecto de tratamento musical por parte de diversos compositores (como Gyorgy Ligeti), em diferentes contextos.

"Lux Aeterna", serviu também de fonte de inspiração para o guitarrista norueguês Terje Rypdal (n. 1947) neste disco editado em 2002 pela ECM. Não será propriamente um disco de jazz. Mas também não será isso o que realmente interessa (afinal onde começa e termina o jazz?), na mais corrente acepção da palavra, embora haja espaço para divagações solistas.

Terje Rydal tem desenvolvido uma carreira ligada ao jazz, se bem que neste disco explore outros universos. Estão aqui diluídas uma série de influências, que vão desde a música sacra ao riquíssimo imaginário popular norueguês.

Porque a temática da luz eterna? "I must admit that Ligeti´s "Lux Aeterna" has been one of my earlier influencies –and the idea/symbol of the eternal light fits the uplifting aspect of belief of any sort.", escreve Rypdal no texto que acompanha o disco.


Montanhas de Tresfjord, Noruega
(foto de Morten Mordal retirada de http://www.jeffgower.com)

Esta obra foi encomendada pelo Festival de Jazz de Molde, um dos mais prestigiados da Noruega, para comemorar a instalação de um novo órgão na igreja de Molde. Thorstein Granly, o então director do Festival, depois de ouvir o "Double Concerto", em especial do seu segundo movimento, sugeriu ao guitarrista que continuasse a explorar territórios musicais naquela direcção, tendo em vista a utilização já do novo órgão.

"So I came up with idea of a Triple Concerto, with Iver [Kleive, organista], Palle [Mikkelborg, trompetista] and me as the soloists.", refere Rydal. Nesta sequência surge o convite à Orquestra de Câmara de Bergen para igualmente participar no disco.

Obra composta por 5 longos movimentos ("Luminous Galaxy", "Fjelldåpen", "Escalator", "Toccata" e "Lux Aeterna"). Nela se respira uma ambiência etérea e tranquila, uma matriz profundamente nórdica. Porém, nota-se alguma falta de soluções musicais, num todo que, a espaços, chega a tornar-se algo repetitivo.

Destaque para as prestações solistas de Palle Mikkelborg, com a sua sonoridade estratosférica (excelente no 3.º Movimento "Escalator") e de Iver Kleive, que explora as capacidades do órgão, das mais límpidas e cristalinas às mais agrestes e demoníacas, em particular no 4º Movimento "Toccata". A Orquestra de Câmara de Bergen são o suporte perfeito para a construção dos ambientes.

A guitarra de Terje Rydal surge límpida no belíssimo 2º Movimento "Fjelldåpen" (dispensavam-se, no entanto, alguns tiques de guitar-hero...) e muito mais imaginativa e solta no último movimento.

No 5º e último movimento ("Lux Aeterna") é a vez da voz da soprano Åshlid Stubø Gundersen conferir uma aura mística, a um tema onde a guitarra de Rypdal parece re-adquirir a força e a criatividade de outros tempos, já algo longínquos.

A história do segundo movimento desta obra conta-a o próprio Rypdal: "There is a story behind what is now second movement [Fjelldåpen]. As I write these notes, the mountain Rongja is before me. It´s surrounded by taller peaks, so on top you feel like you´re in a cathedral of moutains. My father was born just below Rongja and we always came here from Oslo in the summer for holidays – here being Tresfjord, close to Molde. For some reason now forgotten I wanted to teach my parents a lesson. I was 9 or 10 years old. I found a track used by sheep – very steep – and climbed the mountain fast. Once on top for a while I felt a very special connection to the mountain (and still do). At first I felt quite brave, but then a forceful wind started to scare me. And this feeling I´ve tried to captures in the second movement – you can hear whwn the wind is coming."

Disco invernoso, transporta-nos para um imaginário povoado por criaturas fantásticas, ventos gelados, rios de água cristalina e montanhas misteriosas. Um combate ao bulício das nossa vidas.

[Citações retiradas do disco "Lux Aeterna", de Terje Rypdal, ECM, 2002]

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Joana Rios canta Ella Fitzgerald  


Joana Rios (retirada de www.jazzportugal.net)

A cantora Joana Rios sobe hoje e amanhã ao palco do Onda Jazz, a partir das 22h30, para interpretar temas de Ella Fitzgerald.

Nestas apresentações ao vivo será acompanhada por Bruno Santos (guitarra), Bernardo Moreira (contrabaixo) e André Sousa Machado (bateria).

O Onda Jazz fica no Arco de Jesus, n.° 7, junto ao Campo das Cebolas, Alfama, em Lisboa.


quinta-feira, janeiro 06, 2005

O Jazz, por JLB 

"O que é o Jazz?

Quando oiço o Jazz sinto-o pulsar no meu coração, revivo o que os músicos criaram, deleito-me com a sua beleza contagiante; é fascínio e experimentação; aura, emoção e energia; o visceral e o edénico.

Percebo pelo meu corpo o que é o Jazz – não posso explicar devidamente essa sensação. Porque é que nomeio essa música de Jazz, e, de imediato, a distingo de qualquer outra? O Jazz é fruição pura e específica. Nada se lhe compara – é eco de savana, tensão e elasticidade, psicose e exorcismo; rito e misticismo; cadência, síncope e orgasmo, electricidade e cosmo – que aura maravilhante se ouve daqueles instrumentos e daquelas vozes!

Jazz é para mim uma antologia infindável de poemas sonoros, saga da cultura negroamericana; é o pote de oiro descoberto pelo arco-íris de todas as raças – desfile de personagens dum teatro real, ficção urdida de diversos imaginários – é a expressão musical mais universalista e democrática; o Jazz é uma oralidade, o discurso do belo tribal, a apoteose da identidade e da comunhão entre a multidão solitária, surdina delíqua das músicas do mundo.
"

Assim começa o belíssimo e fundamental livro do músico e musicólogo Jorge Lima Barreto, intitulado "JazzArte 2", em jeito de resposta à mais basilar das questões jazzísticas.

Para o "Improvisos Ao Sul" trata-se, sem sombra de dúvida, de um dos mais importantes livros sobre o universo do jazz alguma vez escritos em Portugal. Uma referência obrigatória, de leitura indispensável, que recomendo vivamente.

[citação retirada de "JazzArte 2", de Jorge Lima Barreto, edição Hugin, 2001]

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Downbeat Jan05 



Ainda no âmbito das comemorações do 70º aniversário da revista norte-americana "Downbeat", chegou-nos às mãos o número especial de Janeiro ("70th Anniversary Collectors Edition"), que reúne um conjunto de entrevistas e outros artigos históricos interessantíssimos.

De entre as entrevistas a nomes históricos do jazz, contam-se as com Thelonious Monk ("Monk On Monk" (publicada a 3-Jun-65)) Coleman Hawkins ("The Hawk Talks" (14-Nov-56)), Ella Fitzgerald ("Ella Today" (18-Nov-65)), Stan Kenton ("The Restless Searcher" (28-Abr-60)), Herbie Hancock ("Plugs In" (24-Out-74)) e Rahsaan Roland Kirk ("Heavy Vibrations" (1-Out-70)).

Este número inclui também uma série de artigos históricos, tais como "Duke Scores With Sacred Music In Grace Cathedral" (4-Nov-65) e "A Report Of A Most Remarkable Event – Charles Mingus – Town Hall – New York City" (6-Dez-1962).

Destaque igualmente para alguns perfis de músicos, na altura ainda emergentes, como Clifford Brown ("Clifford Brown – The New Dizzy" (7-Abr-54)), o baterista Ed Blackwell ("Well Tempered Drummer" (3-Out-68)), ou mesmo Jim Morrison ("Behind The Doors" (28-Mai-70)).

Na edição deste mês é feita uma revisão dos melhores discos de 2004 na opinião dos articulistas da revista, apresentando uma listagem dos discos que obtiveram 5, 4 ½ e 4 estrelas.

A secção "Backstage With...", publicada originalmente em 1971, é com o multifacetado e controverso Frank Zappa.

Na secção "Reviews" podemos encontrar uma série de recensões a discos clássicos, como "Porgy And Bess", da dupla Ella Fitzgerald/Louis Armstrong (publicada a 23-Jul-1959), "The Bridge", de Sonny Rollins (5-Jul-62), "Free Jazz", de Ornette Coleman (18-Jan-62), "Meditations", de John Coltrane (1-Dez-66), "Tijuana Blues", de Charles Mingus (30-Ago-62) ou "Time Out", do quarteto de Dave Brubeck (28-Abr-60).

Quem quiser aprender o solo de Lester Young em "Just You, Just Me" tem aqui uma ajuda preciosa.

Um dos momentos altos deste número, está, contudo, guardado para o fim, com um "Blindfold Test" ao sempre enigmático Charles Mingus, realizado em 1960. Sobre Ornette Coleman dispara: "Now aside from the fact that I doubt he can even play a C scale in whole notes – tied whole notes, a couple of bars apiece – in tune, the fact remains that his notes and lines are so fresh. So when Symphony Sid played his record, it made everything else he was playing, even my own record that he played, sound terrible".

Ella 



Ella Fitzgerald (© Armando Alleyne - jazzgallery.org)

terça-feira, janeiro 04, 2005

Bow River Falls 



Em matéria de produção musical, o ano 2004 de Dave Douglas não ficou marcado apenas pelo lançamento do fabuloso "Strange Liberation".

Em Agosto, o trompetista lançou, juntamente com o nosso bem conhecido clarinetista francês Louis Sclavis (autor de outra das obras maiores de 2004, "Napoli´s Walls", ECM), a violoncelista Peggy Lee e o baterista Dylan van der Schyff (dois nomes cimeiros da cena jazzística de Vancouver e que estiveram entre nós no Verão passado integrando a NOW Orchestra), o disco "Bow River Falls", pela Premonition Records.

A propósito desta gravação, Douglas escreveu:

"So little can be said about music without trampling it underfoot. In music we escape the real world. For as long as the music lasts we live in the sound, in a world that has no physical existence. Conversely, music also brings us more into the world by pointing out the mysteries in life and human experience. Why are we here? What are our relationships to each other? How do we handle ourselves? What is universal truth? I feel that what can be said about music merely helps to put it in a context. Here is some information about the human side of this recording, and about how Bow River Falls came about. This was a true meeting of musicians. First brought together as a quartet by Ken Pickering at the Vancouver Jazz Festival in 1998, each of us subsequently met up in various situations, none documented on record. Louis invited me a few times to join his remarkable quintet in France. Peggy and Dylan, central to the vital creative music scene in Vancouver, both joined a project that I call Mountain Passages. Our first gig involved a hike to 9,000 feet in the Italian Dolomites. Needless to say, there was no recording equipment available".

O disco inclui as seguintes faixas:

1. Blinks
2. Bow River Falls
3. Fete Forraine
4. Window
5. Maputo
6. Petals
7. Retracing 2
8. Dernier Regards/Vol
9. Woman at Point Zero
10. Dark Water
11. Paradox


Mais uma excelente proposta de um dos nomes de proa do jazz actual.

[citação retirada de http://www.premonitionandmusic.com]

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Artie Shaw (1910 - 2004) 


Artie Shaw (© Associated Press)

No último dia de 2004 o jazz ficou mais pobre, com a morte, aos 94 anos, do clarinetista, compositor, arranjador e director de orquestra Artie Shaw, um dos nomes grandes da era do swing, altura em que disputava com Benny Goodman o ceptro do rei do clarinete dançante.

Artie Shaw nasceu a 23 de Maio de 1910, em Nova Iorque. Começou a tocar em orquestras de dança nos anos 20, tendo passado por Cleveland, Chicago e Nova Iorque. Descobriu por essa altura a música de compositores como Debussy e Stravinsky.

Trabalhou como músico freelancer em Nova Iorque, tendo formado a sua primeira banda em 1936, composta por um clarinete, um quarteto de cordas e uma secção rítmica. Adicionou-lhe depois um trombone, um saxofone, um cantor e dois trompetes, assinando contrato com a editora Brunswick.

Em 1937 formou uma orquestra, digamos, mais convencional, com a qual, no ano seguinte, gravou um dos seus mais célebres temas, uma versão de "Begin The Beguine", de Cole Porter.

Em 1940 deu o salto, mudando-se de armas e bagagens para Hollywood, onde trabalhou no universo do cinema, gravando outro dos seus temas emblemáticos, "Frenesi".

Nas suas orquestras multiraciais dos anos 40, participaram nomes grandes do jazz como Billie Holiday e Roy Eldridge. Neste período criou os Gramercy Five e regressou a Nova Iorque, onde permaneceu até se alistar na marinha, em 1942.

Criou, com Roy Eldridge, um grupo com quem gravou o igualmente histórico "Little Jazz". Voltou a tocar com os Gramercy Five até que se retirou dos palcos, em 1954.

Regressou em 1983, tocando intermitentemente.

Shaw mostrou sempre ser um músico versátil quer nos tempos mais dançantes quer nas baladas.

Disse um dia: "No matter how carefully and assiduously and how deeply you bury shit, the American public will find it and buy it in large quantity, It’s true, absolutely true".

Morreu, em Los Angeles, em sua casa, no último dia de 2004.

"All Jazz" - o fim anunciado 

A triste sina das publicações regulares sobre o jazz em Portugal voltou a confirmar-se.

Um dos votos que aqui deixamos há poucos dias para o ano 2005, do ponto de vista jazzístico, tinha a ver com a sobrevivência, que sabíamos difícil, da revista "All Jazz", a única no nosso país dedicada exclusivamente ao universo do jazz.

Mas as piores expectativas confirmaram-se rapidamente. É que entretanto soubemos, através do sempre bem informado João Moreira dos Santos (colaborador da revista e blogger), que a "All Jazz" deixou de existir, pelo menos nos moldes a que estávamos habituados. Parece que há mesmo planos para a sua aquisição por parte de uma editora discográfica, situação que não nos deixa de suscitar algumas (sérias) reservas. A ver vamos o que vai suceder.

O “Improvisos Ao Sul”, assinante desde a primeira hora (n.º 6!) da "All Jazz", não pode deixar de lamentar o sucedido, não deixando porém de dar os parabéns, a quem, contra ventos e marés, lutando com as maiores dificuldades, pôs de pé e deu continuidade a este projecto, agora terminado.

Esperemos que surja em breve outro projecto editorial regular em matéria de jazz em Portugal. Pessoas interessadas em dar uma ajuda certamente não faltarão. Entretanto, restam-nos as crónicas nos jornais nacionais, as revistas estrangeiras e a internet.