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domingo, fevereiro 29, 2004

Em busca do paraíso 


Gerry Hemingway
Foto: AB

Na derradeira noite do "2º Festival Internacional de Jazz de Portalegre - Portalegre JazzFest" assistiu-se ao concerto de um dos mais importantes nomes do panorama do jazz contemporâneo e da música improvisada de vanguarda. Baterista, percussionista e compositor, Gerry Hemingway tem sido, ao longo das últimas duas décadas, companheiro de aventuras musicais de nomes fundamentais do jazz contemporâneo, como Anthony Braxton (fez parte do seu quarteto entre 1983 e 1994), Cecil Taylor e Don Byron., entre outros. Perante uma audiência ainda mais numerosa do que a presente no concerto da noite anterior, Hemingway, sempre comunicativo, desenvolveu uma panóplia de sonoridades, explorando, de forma absolutamente genial, as potencialidades rítmicas e tímbricas da bateria, recorrendo a um rol de acessórios, milimetricamente escolhidos. Na segunda peça apresentada, um longo e complexo "Space" (composição com mais de 20 anos) os quatro músicos exploraram os seus próprios caminhos, com um efervescente Hemingway e um sólido Mark Helias no contrabaixo a servirem de fio condutor para as descargas sonoras, ora explosivas, ora planantes e melódicas do trompete de Herb Robertson e do sax tenor de Ellery Eskelin. A par da revisitação de alguns temas do passado, Hemingway fez questão de referir que o final da primeira parte do concerto e a totalidade da segunda serviriam para apresentar um novo repertório, composto por peças recentes, ainda em fase e experimentação e maturação. Fomos, segundo as palavras de Hemingway, os "big ears" destas composições. Neste lote de peças novas destaque para a suite "The Current Underneath"/"In The Distance"/"The Wimbler", sinuosa e intrincada, com os músicos a trilharem caminhos próprios, assentes numa hipnótica linha de baixo conduzida por Helias. Ao lado de Hemingway estiveram músicos de primeira linha. Mark Helias, no contrabaixo e no baixo eléctrico, um velho companheiro (Hemingway e Helias fundaram, nos anos 70, o trio BassDrumBone, juntamente com o trombonista Ray Anderson). Durante o concerto, Hemingway definiu-o como "the guy that hold us together". Herb Robertson é um trompetista fantástico, capaz de fazer soar o seu instrumento como se de uma orquestra inteira se tratasse. Utilizou diversos tipos de surdinas, criando distintos ambientes sonoros, dos mais melancólicos e etéreos a gritos raivosos e vibrantes. Ellery Eskelin é um dos mais interessantes saxofonistas da actualidade. Esteve deslumbrante em "Waitin´". Dialogou com Robertson de forma sempre acertada, evidenciando cumplicidades. Ao nosso lado, um grupo de jovens (mesmo muito jovens) exultavam com a prestação dos músicos (em especial de Helias). Vibravam e aplaudiam convictamente. Pensei, reconfortado, que alguma da nossa juventude ainda não cedeu à mediocridade e aos lugares comuns. Esse pensamento aqueceu-me a alma, no caminho para casa.

Merci, Philip! 


Philip Catherine
Foto: AB

Noite fria em Portalegre para receber o guitarrista belga Philip Catherine, de regresso a palcos nacionais. Na memória, o concerto que Catherine deu ao lado do mítico Chet Baker, exibido há algum tempo pela RTP. A hora aprazada para o início do concerto era as 22h00, mas pouco depois das 21h00 já muita gente se aglomerava junto à entrada do Cine Teatro Crisfal, na segunda noite do "2º Festival Internacional de Jazz de Portalegre - Portalegre JazzFest". Nome incontornável da guitarra jazz, Catherine colaborou, entre muitos outros, com Dexter Gordon, Charlie Mariano, Stéphane Grappelli, e Carla Bley. Senhor de um discurso fluido e elegante, Catherine herdou o virtuosimo do compatriota Django Reinhardt, em solos rápidos e cheios de swing, sendo dotado de uma extraordinária versatilidade técnica. Catherine provou, mais uma vez, que se trata de um dos mais importantes jazzmen europeus, brindando os presentes com uma prestação inspirada. No tema que abriu o concerto, "Janet", o guitarrista deu o mote para uma actuação pontuada por temas como "Letter From My Mother", dedicada à sua mãe, "Summer Night", com Catherine reflexivo e etéreo e um excelente solo de contrabaixo, "Merci, Afrique" ou "Good Morning Bill", havendo também espaço para os standards ("Laura", "Bewitched And Bewildered", "All The Things You Are" ou "They Say You´re Wonderful"). Em "Good Morning Bill", Catherine ficou só em palco ("eu e o meu gravador"), construindo texturas atmosféricas, tão características da sua sonoridade. Em encore, apresentou um tema novo, intitulado "Circus". A acompanhar Philip Catherine estiveram o belga Philippe Aerts no contrabaixo, músico sólido e criativo, parco na utilização do arco, mas muito eficaz nos diálogos com a guitarra e a bateria, e o muito jovem baterista holandês Joost Van Shaick, que esteve igualmente bem nos vários tempos e nas mudanças de ritmo (apreciei-o, em especial, nos tempos mais lentos, na utilização de escovas e macetas). A cumplicidade entre os três músicos esteve patente ao longo de todo o concerto, até num discreto "Pardon!" de Catherine perante a reacção pronta do contrabaixista a um lapso seu. Concerto memorável, perante um público numeroso, atento e participativo, que incluía uma falange belga e holandesa. No final do concerto ecoavam na sala as palavras de uma eufórica espectadora, que gritou "Catherine, je t´aime!".

PS1: Nesta noite, a visita à Feira do Disco Jazz, promovida pela Trem Azul, rendeu duas aquisições: "Quase Então", da cantora Paula Oliveira com o pianista João Paulo e "Don´t Explain", disco muito recente do saxofonista Joel Frahm e do pianista Brad Mehldau.

PS2: Para combater o frio da noite, nada melhor do que um bom vinho do Alentejo e jazz, uma combinação perfeita!

sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Blogo-Almoço-Conversa 

Embora lamentando profundamente o facto de não poder estar presente (viagem ao Festival de Jazz de Portalegre, já anteriormente agendada), o "Improvisos Ao Sul" não quer deixar de saudar, mais uma vez, em primeiro lugar os organizadores Praça da República e Ao Sul e também todos os participantes no almoço e na conversa sobre os blogues e a blogosfera (organizada pela Associação de Defesa do Património de Beja), que terão lugar amanhã à tarde. Esperamos que esta iniciativa possa constituir uma excelente oportunidade de confraternização e de troca de ideias entre todos os interessados nesta forma tão especial de comunicar. Bom apetite e melhor conversa! Depois contem as novidades, ok? Um grande abraço para todos.

Rumo a Portalegre 

O "Improvisos Ao Sul" está de malas aviadas para Portalegre, onde vai estar presente no "2º Festival Internacional de Jazz de Portalegre - Portalegre Jazzfest". Esta noite estaremos, a partir das 22h00, a assistir ao concerto do veterano guitarrista nascido em Londres mas de nacionalidade belga Philip Catherine, acompanhado por Philippe Aerts (contrabaixo) e Joost Van Schaik (bateria). Amanhã será a vez de subir ao palco o baterista Gerry Hemingway, que apresentará o seu mais recente disco "Devil´s Paradise". Será acompanhado por Herb Robertson (trompete), Ellery Eskelin (sax tenor) e Mark Helias (contrabaixo). É claro que não faltaremos à Feira do Disco Jazz Clean Feed/Trem Azul e à prova de vinhos da região. Depois contamos tudo.

PS: Embora em moldes diferentes dos habituais, o "Improvisos Ao Sul" irá para o ar entre as 23h e as 24h, como habitualmente, na Rádio Voz da Planície (104.5 FM - Beja). Uma hora cheia de jazz!

quinta-feira, fevereiro 26, 2004

Birdland 1951 

A editora Blue Note acaba de lançar em disco a gravação de três emissões do programa de rádio de Symphony Sid efectuadas em 1951, a partir do clube Birdland, em Nova Iorque. Nas sessões efectuadas a 17 de Fevereiro e 2 de Junho de 1951 acompanham Miles, J.J. Johnson (trombone), Sonny Rollins (sax tenor), Kenny Drew (piano), Tommy Potter (contrabaixo) e Art Blakey (bateria). Na terceira sessão, efectuada a 29 de Setembro do mesmo ano, estão Eddie "Lockjaw" Davis e Big Nick Nichols (sax tenor), Billy Taylor (piano), Charles Mingus (contrabaixo) e Art Blakey (bateria). O som destas emissões foi remasterizado digitalmente, de modo a conferir a melhor qualidade possível às gravações. As gravações de 2 de Junho e de 29 de Setembro estiveram disponíveis ao longo dos anos em diversos discos piratas. A gravação de 17 de Fevereiro está disponível pela primeira vez. Um disco histórico, vivamente recomendado pelo "Improvisos Ao Sul".

Paula Oliveira hoje na Antena 1 

A cantora Paula Oliveira, que recentemente editou, em parceria com o pianista João Paulo, o CD "Quase Então" (Clean Feed, 2003) estará no programa "Vivámusica" da Antena 1, hoje, a partir da 17h00. Este programa será transmitido em directo, a partir do Auditório da RDP, em Lisboa (em Beja ouve-se em 87.7 FM).

quarta-feira, fevereiro 25, 2004

O som do futuro 

O trompetista e compositor Dave Douglas, no seu texto publicado no número mais recente da "Downbeat" escreve, em jeito de visão: "In 2018, a new way of hearing is invented. Pieces are now written in a notation that refers only to to that new extension of our sense of hearing. In 2022, another change comes about when someone discovers sound that we already are hearing. The new pieces make us aware of these sounds and revolutionize human sensory experience. Those discoveries still won´t change the fact that when all sounds are available for music, all musicians are left with precisely the same materials. The ideia of genre then becomes more and less important, depending on one´s point of view."

Jazz Ao Centro 2004 

A edição do "Jazz Ao Centro - Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra 2004", organizados pela Câmara Municipal de Coimbra, pelo Jazz Ao Centro Clube (JACC) e pela Clean Feed/Trem Azul, terá um formato diferente em relação ao do ano passado, sendo divididos em duas partes. A primeira, terá lugar em Março - a 25 (Whit Dickey Quartet), 26 (Dennis Gonzalez Quartet) e 27 (Michael Blake Trio), no Auditório do ISEC (Coimbra), e a segunda a 2, 3, e 4 Dezembro, no Teatro Académico de Gil Vicente. No próximo dia 3 de Março será apresentado, à imprensa e ao público em geral, no Teatro Maria Matos, em Lisboa, o cartaz do Jazz Ao Centro 2004. Nesta ocasião será também apresentado ao vivo o novo CD do trio Tripleplay - Ken Vandermark (saxofones, clarinete), Nate McBride (contrabaixo) e Curt Newton (bateria) - intitulado "Gambit", editado pela portuguesa Clean Feed.

terça-feira, fevereiro 24, 2004

Jazzolograma 

Segundo noticia o jornal BLITZ na sua edição de hoje, irá decorrer, à beira Tejo, o "Jazzolograma - Microfestival de Jazz e Músicas Reais". Sabe-se apenas que esta iniciativa terá lugar um dia por mês, até Agosto (em datas a anunciar), na Galeria Monumental (ao Campo Mártires da Pátria, em Lisboa), e que o elenco de cada uma das noites (três concertos por noite) só será revelado no próprio dia. O "Improvisos Ao Sul" ficará atento ao desenrolar desta iniciativa.

Monk 1947 

Monk é mistério
Monk é sonho
Monk é conquista
Monk é futuro
Monk é labirinto
Monk é luz
Monk é vertigem
Monk é liberdade
Quem é Monk?
Monk é tudo

segunda-feira, fevereiro 23, 2004

Que sax de vida 

Charlie Parker: "If you don't live it, It won't come out of your horn."

Clean Feed/Trem Azul 

Quem gosta de jazz já ouviu falar, de certo, na Clean Feed/Trem Azul. A Clean Feed é uma editora portuguesa de jazz. Por seu lado, a Trem Azul é uma distribuidora portuguesa de discos de jazz, nacionais e de diversas editoras internacionais, em exclusivo para Portugal. Estes projectos gémeos deram os seus primeiros passos em 2001. Um dos seus responsáveis afirmou: "Não queremos ser uma editora de jazz portuguesa, confinada a músicos de jazz portugueses e apenas para o mercado nacional. Queremos ser uma editora internacional, onde também gravam músicos portugueses." (Pública, 27.07.2003) No seu muito interessante catálogo fazem parte discos de nomes grandes da cena jazz portuguesa (Carlos Barretto, Mário Delgado, Bernardo Sassetti, João Paulo, Rodrigo Amado, Carlos Zíngaro, etc.) e internacional (Gerry Hemingway, Ethan Winogrand, Kevin Norton, etc.). Para além da elevada exigência a nível dos conteúdos musicais, marcadamente de pendor contemporâneo, também todo o trabalho gráfico (capas, embalagens) é merecedor de especial cuidado. A crescente visibilidade, dentro e fora de portas, da Clean Feed/Trem Azul, vem provar, se preciso fosse, que também no campo da edição e distribuição de discos de jazz, Portugal está a mexer. Mais informações sobre os discos do catálogo em Clean Feed.

domingo, fevereiro 22, 2004

Escapar das notas para o som 

Um dos nomes grandes das estéticas free, o saxofonista Albert Ayler, andava intrigado com a sonoridade característica do seu instrumento. Numa ocasião, disse a um jornalista do "The National Observer": "You have really to play your instrument to escape from notes to sound. You have really to play. No kidding around."

sábado, fevereiro 21, 2004

Portuguese Rag 

Em 1967, um grupo de fãs de ragtime de Los Angeles formaram o "Maple Leaf Club", que tinha como objectivo a preservação e divulgação do ragtime clássico. Um dos mentores do projecto, David E. Bourne juntou alguns músicos para tocar este estilo ascendente do jazz. Um ano depois, o pianista Richard Zimmerman disponibilizou cerca de 1400 orquestrações que tinham sido propriedade da Schmauch's Orchestra, de Hazelton, no estado norte americano da Pensilvânia. O grupo foi então extendido a nove elementos: David E. Bourne (corneta), Richard Zimmerman (piano), Jack Langlos (trompete), Dave Kennedy (trombone), Mike Baird (clarinete), Jack Malek (violino), Donna McCluer (violino), Art Levin (tuba) e Roy Roten (percussão). Esta formação foi alvo de uma recepção entusiástica, facto que conduziu às sessões de gravação efectuadas em 1971 e 1972, em Hollywood. Tudo isto é interessante, mas... o curioso é que um dos temas gravados chama-se "Portuguese Rag"!

Centro de Estudos Jazz 

O Centro de Estudos de Jazz da Universidade de Aveiro, dirigido por José Duarte, permite a todos os interessados pesquisar na sua base de dados. Quem pretender efectuar uma pesquisa deverá entrar na página da Biblioteca/Documentação da Universidade de Aveiro, devendo, em seguida, clicar no catálogo SDUA, Pesquisa, Básica, Todos os Campos, escrevendo aí a palavra chave da pesquisa. Pode também efectuar a pesquisa por Título, Autor ou Assunto. Na base de dados estão já disponíveis os primeiros CD´s, revistas, europeias e norte americanas e livros. Este espólio deverá ser enriquecido, nos próximos tempos, também para estudo e consulta no local.

sexta-feira, fevereiro 20, 2004

Programa desta noite 


Na emissão desta noite do "Improvisos Ao Sul", entre as 23h e as 24h na Rádio Voz da Planície (104.5 FM - Beja) para além das já habituais secções do programa (agenda de espectáculos, sugestão internet, etc.), merecerá o devido destaque o rescaldo do concerto dado pelo projecto "Underpressure", liderado pelo guitarrista Pedro Madaleno, na passada terça-feira à noite em Beja. Na segunda parte da emissão, centraremos atenções no mais recente disco do excelente saxofonista espanhol Perico Sambeat, intitulado "Friendship". O jazz nas noites de sexta-feira na Rádio Voz da Planície. Contamos convosco.

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Downbeat Mar04 

Ainda mal tinha acabado de digerir o número de Fevereiro, eis que directamente de Chicago me chega a casa o número de Março da revista norte americana "Downbeat". Na capa, um sorridente Horace Silver remete-nos para o tema central, intitulado "The Songs Are My Life", onde o pianista de origem cabo-verdiana fala sobre o seu novo disco "Rockin´ With Rachmaninoff" (gravado em 1991 mas lançado no final de 2003) e revela o sonho de editar material inédito que guarda religiosamente. Destaque também para um texto muito interessante da autoria do trompetista e compositor Dave Douglas, "Roswell and Relativity", em que o músico aborda questões relativas às diversas concepções musicais no jazz, as formas de as avaliar e as quase infinitas direcções que um músico pode seguir no vasto universo musical, prognosticando cenários futuros (recorde-se que Dave Douglas tem um novo disco, "Strange Liberation", que conta com a participação especial do guitarrista Bill Frisell). Merecem igualmente especial atenção um artigo sobre o guitarrista John McLaughlin, ("Open Worlds", que tem como mote o seu mais recente disco "Thieves and Poets"), um outro sobre a cantora Shirley Horn ("Slow and Satisfying"), e um blindfold test com o contrabaixista John Patitucci, para além de noticiário diverso e das críticas a discos, livros e DVD´s.

1, 2, 1, 2, 3, 4 parabéns "5 Minutos de Jazz" 

O programa de rádio "5 Minutos de Jazz", actualmente no ar de segunda a sexta às 03h50 e 19h50 na Antena 1 e de segunda a sexta às 09h15 na Antena 2, e o seu mentor, José Duarte, estão de parabéns. Completam, no próximo sábado, trinta e oito anos de vida. A primeira emissão foi para o ar a 21 de Fevereiro de 1966, na Rádio Renascença. A ocasião será comemorada com um concerto da cantora Jacinta, logo à noite, pelas 22h00, no Auditório da RDP (às Amoreiras). Desta vez, serão, não 5, mas 60 minutos de jazz!

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Electricidade sob pressão 


Pedro Madaleno
Foto: AB

No final do segundo tema apresentado, Pedro Madaleno definiu em discurso directo tudo o que se passou ontem à noite no auditório interior da Casa da Cultura: uma mistura de jazz, rock e música étnica, com algum psicadelismo pelo meio. Acompanhado pelo jovem berlinense Lukas Fröhlich (trompete), pelo seu velho companheiro de lides Miguel Amado no baixo eléctrico e por um dinâmico Vicki, na bateria, o guitarrista apresentou em Beja o seu projecto "Underpressure", que conta já com 5 anos de existência, perante uma assistência em número simpático, mas que me pareceu, ainda assim, a espaços, pouco participativa e um pouco distante das descargas funky destiladas ao longo do concerto. Mais próxima do universo do jazz de fusão e do jazz eléctrico, patente no seu disco de 2002 "Fast Living", do que do maior experimentalismo e vanguarda de "Earth Talk" (também de 2002), a prestação de Madaleno foi competente e musculada, assente numa sólida secção rítmica com Amado a revelar-se seguro (o som prejudicou-o um pouco) e com Vicki a demonstrar uma pujança rítmica avassaladora. Lukas Fröhlich ornamentou as ideias delineadas por Madaleno com alguns solos inspirados. Do riff contagiante de "Walking To The Stars" (tema de abertura do concerto), ao balanço funk de "Light At The End Of The Tunnel", às guitarras ácidas de "Voyager" e ao toque arabizante de "Turkish Food", Madaleno guiou-nos através do seu universo sonoro, ora recorrendo a solos que invocam o guru Scofield, ora desenvolvendo uma inteligente manipulação de sons pré-gravados. Dedicou um tema a Miles Davis (com Fröhlich a usar surdina, ao bom estilo do mestre). O concerto encerrou com "Try Again" (um original de Fröhlich) e, já em encore, "Underpressure". Ficamos à espera de ouvir estes temas em disco. Noite de jazz e funk e tantas coisas. O jazz português provou mais uma vez que está bem vivo. Beja quer mais.

terça-feira, fevereiro 17, 2004

Pedro Madaleno esta noite em Beja 

O jazz está de volta a Beja. Esta noite, no auditório interior da Casa da Cultura, pelas 22h00, apresenta-se o guitarrista Pedro Madaleno, acompanhado por Lukas Frohlich (trompete), Miguel Amado (baixo) e Vicki (bateria). Na bagagem trazem o novo projecto "Underpressure". O "Improvisos Ao Sul" não faltará para depois contar como foi.

As viagens de Potter 

Chris Potter é um talentoso multi-instrumentista, cujo trabalho, a solo e integrado noutras formações (no Quinteto de Dave Holland, por exemplo) nos habituamos a admirar. Tem participado em inúmeras digressões, o que lhe tem proporcionado o amadurecimento de uma estética e de uma sonoridade próprias, como compositor, arranjador e intrumentista, bem patentes no seu álbum "Travelling Mercies" (Verve, 2002). Fazendo-se acompanhar de extraordinários músicos - John Scofield e Adam Rogers (guitarras), Kevin Hays (piano e teclados), Scott Colley (contrabaixo), Bill Stewart (bateria) - Potter leva-nos a fazer uma viagem através da sua musicalidade ampla e de texturas variadas. Em "Invisible Man" invoca o universo musical de Pat Metheny, vocalizando e tocando órgão. Patenteia todo o poder do seu tenor em temas como "Children Go" (um espiritual, aqui transfigurado) e todas as suas capacidades como arranjador em "Any Moment Now", um desfilar de paisagens sonoras, e num longo e complexo "Highway One". O disco termina com um lindíssimo dueto entre o piano e o clarinete baixo de Potter, em "Just As I Am" (um original de Willie Nelson). Um disco vivamente recomendado pelo "Improvisos Ao Sul".

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

O Jazz segundo Ornette 

Subverteu as regras da improvisação no jazz. Ornette Coleman nunca foi um músico consensual. O que é bom. O jazz, tal como a vida, também é feito de diferenças, antagonismos, rupturas, choques. Para Ornette Coleman: "Jazz is the only music in which the same note can be played night after night but differently each time.". O fascínio do jazz está mesmo aqui.

Dia Internacional do Jazz 

Informa-nos o nosso amigo João Moreira dos Santos, no seu blogue Jazz no País do Improviso, que existe um Dia Internacional do Jazz, e que este dia é celebrado em todo o mundo, inclusivamente em Portugal. O Dia Internacional do Jazz foi criado em 1991 por Michael Denny e está inscrito no Livro de Registos do Congresso norte americano e na publicação "Chase's Annual Events", que lista o calendário de eventos em todo o mundo. Este dia é celebrado no Sábado do "Memorial Day Weekend", que este ano calha a 29 de Maio. Apetece-me dizer que, tal como o Natal, o Dia Internacional do Jazz é quando um homem quiser!

domingo, fevereiro 15, 2004

Jazz é respeito 

Estamos a poucos dias de a cidade de Beja voltar a receber um concerto de jazz. Parece-me por isso, oportuno abordar aqui a questão do comportamento do público em eventos culturais. É sempre louvável que as autarquias, e os outros agentes promotores de espectáculos, proporcionem aos seus munícipes, e ao público em geral, actividades culturais gratuitas, que permitam o acesso de todos às diversas formas de expressão artística (música, teatro, dança, etc.). No entanto, verifica-se que a livre entrada nos recintos dos espectáculos pode acarretar um conjunto de inconvenientes, que se prendem fundamentalmente com o comportamento do público em tais situações. A este propósito, e no caso concreto de concertos de jazz na cidade de Beja, recordo-me particularmente do concerto do Zé Eduardo Unit, em que Zé Eduardo, dos maiores contrabaixistas nacionais, se fazia acompanhar por um prestigiado Jesus Santandreu no sax tenor e por uma ainda inexperiente Sónia Cabrita, no lugar de Bruno Pedroso, na bateria. Deste concerto, organizado pela Câmara Municipal de Beja, e que teve lugar no Jardim Público, em Agosto último, integrado nas chamadas "Noites no Jardim", lembro o corropio interminável daqueles que, totalmente desenquadrados do que se passava no palco, se entretinham a proferir comentários despropositados, profundamente incomodativos para quem pretendia assistir ao concerto. O local, muito procurado pelos bejenses para melhor enfrentar as noites quentes de Verão, não era, na minha opinião, o melhor para levar a efeito um evento desta natureza, apesar das constantes chamadas de atenção por parte de elementos ligados à organização aos indivíduos em questão. Quanto menor for o nível de compreensão em relação ao que se passa em palco mais este fenómeno se agudiza. Esquartejar, jazzisticamente falando, conhecidos temas, como "Os Índios de Meia-Praia", de José Afonso, ou "Barco Negro", popularizado por Amália Rodrigues, serão sempre exercícios difíceis de aceitar por alguns. Em meu entender, há que escolher os locais de uma forma mais criteriosa, tendo em atenção o tipo de espectáculo e de público que a eles, previsivelmente, acorrerá, de forma a evitar situações desagradáveis. Note-se que este problema não é, obviamente, exclusivo de Beja ou do Alentejo, mas antes está generalizado um pouco por todo o país. Escusado será dizer que todos são livres de exprimir a sua opinião sobre o espectáculo a que estão a assistir, aplaudindo ou vaiando quem está no palco. Mas é importante que o façam sem perturbar os que estão à sua volta e que têm opinião contrária. Não gostava de reacender a velha polémica das regras de conduta nos espectáculos de música, em especial os de jazz e de música clássica (a este respeito, ver interessante reportagem publicada no jornal Público de 07.12.2003), mas penso que tudo deverá passar pela sensibilização do público, desde tenra idade, num processo em que a escola deveria desempenhar um papel importante. Julgo que será sempre preferível cobrar bilhete de entrada, mesmo que a um preço simbólico e acessível a todos, o que ajudaria a seleccionar o público presente, sem que seleccionar signifique discriminar. Trata-se apenas de assegurar o legítimo direito a assistir a um espectáculo em tranquilidade, de forma a permitir a completa fruição do mesmo.

sábado, fevereiro 14, 2004

Jazz Num Dia de Verão 2004 

Já mexe o XXIV Estoril Jazz - Jazz Num Dia de Verão 2004, a ter lugar, mais uma vez no Auditório Fernando Lopes Graça / Parque Palmela, de 2 a 11 de Julho. Segundo a PROJAZZ / DM Produções, entidade organizadora do evento, a principal inovação para este ano prende-se com o facto de que todos os concertos realizados aos sábados e domingos, nomeadamente dias 3, 10 e 11 de Julho, terem início às 18h30. Nos restantes dias os concertos terão início às 21h30, tal como em 2003. Prometido para breve está o programa provisório. Cá ficamos à espera de novidades...

Censos Jazz 

Acabam de ser lançados no Reino Unido os primeiros "Censos Jazz". Segundo os organizadores desta iniciativa, os objectivos passam por conhecer os interesses jazzísticos do público, a frequência da sua presença em concertos ao vivo, os hábitos de compra de discos e de publicações temáticas, as opiniões sobre programas de rádio e televisão, etc. Este estudo estatístico está a decorrer desde 1 de Fevereiro e prolongar-se-á até 1 de Junho. Se a adesão for considerada satisfatória, esta iniciativa passará a ser realizada anualmente. Os resultados serão divulgados na imprensa generalista e da especialidade. Quem estiver curioso pode consultar www.the-active-group.co.uk. Com tudo aquilo que se ouve e lê, dei comigo a pensar como seria interessante saber as conclusões de um estudo sobre os hábitos jazzísticos dos portugueses!

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

Emissão de hoje 


Hoje é dia de "Improvisos Ao Sul", na Rádio Voz da Planície (104.5 FM - Beja), entre as 23h e as 24h. Na emissão desta noite, escutaremos uma entrevista com Carlos Barretto, director artístico do 2º Festival Internacional de Jazz de Portalegre - Portalegre JazzFest, apresentaremos o BragaJazz 2004 e lembraremos o concerto que o guitarrista Pedro Madaleno tem agendado para o próximo dia 17 em Beja. Na segunda parte do programa, centraremos atenções no disco do histórico organista Jimmy Smith, intitulado "The Unpredictable Jimmy Smith: Bashin´" (1962). A emissão completa-se com as secções habituais (agenda de espectáculos, notícias diversas, etc.). Como habitualmente, contamos com todos vós logo à noite!

Cables/Barretto/Soirat 

Já em diversas ocasiões aqui expressei o meu habitual cepticismo em relação à aquisição de CD´s de jazz em Beja. Porém, de quando em vez, sou presenteado com agradáveis surpresas, totalmente inesperadas. A mais recente foi quando tropecei no CD do George Cables Trio, intitulado
"Alone Together" (Groove/Movieplay, 1995), em que o pianista norte
americano é acompanhado pelo baterista francês Philippe Soirat e pelo
portuguesíssimo Carlos Barretto, no contrabaixo. Este CD é composto por
7 temas, 4 da autoria do próprio Cables, 2 standards e um tema de
Barretto ("Scablemates"). Belíssimas prestações de Cables. Barreto é
como sempre um pilar fundamental na solidez rítmica dos temas, ao lado
de um também eficaz Soirat. Destaque para um translúcido "Body And
Soul" e para uns contagiantes "Blue Nights" (com um excelente solo de
Barretto) e "Scablemates". Um disco com poucos pontos de contacto com o trabalho actualmente desenvolvido por Carlos Barretto, mas que importa descobrir para melhor compreender o trajecto artístico de um dos maiores contrabaixistas nacionais.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Cortázar e Bix 

Comemora-se hoje o 20º aniversário da morte do escritor argentino Julio Cortázar. Na sua obra mais marcante "Rayuela" (1963) admitia influências de estéticas do surrealismo e do improviso do jazz. O Diário de Notícias, na sua edição de hoje, cita o diário argentino "Clarín", que publicou esta semana um excerto de um conto inédito de Cortázar, intitulado "Bix Beiderbecke" (mítico trompetista dos anos 20, falecido com apenas 28 anos) e cujo início aqui transcrevemos (com a devida vénia):
"Sou panamiana e há muito que vivo com Bix. Escrevo e passo para outra linha, ninguém acreditará, se acreditassem seriam como eu e eu não conheço ninguém que seja como eu. Não exactamente eu, mas pelo menos como eu. Se calhar é uma vantagem porque posso escrever sem me importar que me leiam ou não, que o queime com o último fósforo do último cigarro. Ou o deixe abandonado na rua, ou o entregar a qualquer um para que faça o que quiser; tudo terá ficado para trás, muito para trás de mim e de Bix.".

Downbeat Fev04 

Acabo de receber o número de Fevereiro da revista norte-americana "Downbeat". Na capa está a cantora Cassandra Wilson, a quem é dedicada uma entrevista de fundo intitulada "Becoming Cassandra", a propósito do seu mais recente álbum, "Glamoured". Outros artigos merecem atenção, em especial os dedicados à tendência para o regresso das chamadas small big bands, ao relançamento da carreira do guitarrista Pat Martino, ao pianista Danilo Perez, e ao jovem pianista e cantor Peter Cincotti, (tem apenas 20 anos!), um relato da sua ascensão ao estrelato escrito pelo próprio, "Starting My Life on the Road". Escreve Cincotti sobre a sua experiência de palco "All I can say is that right now I´m trading one education for another". Este número completa-se com as habituais secções, com destaque para um backstage com o contrabaixista Miroslav Vitous e um blindfold test com o baterista Kenny Washington, para além de críticas a discos e agenda de espectáculos.

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Inquietação 

Uma sala do Conservatório Nacional, espaço mítico para muitos dos seus professores, alunos e melómanos em geral, encontra-se, segundo noticiou hoje a TSF, em acelerado processo de degradação. Esta sala, a única naquele Conservatório onde se ensina órgão e, devido às suas dimensões, prática orquestral (nela ensaiam as orquestras de sopros e de cordas, bem como uma formação de jazz), tem, para além de uma extraordinária acústica, o tecto pintado por Malhoa. Não é objecto de obras de conservação desde 1940 (na primeira metade do século passado, portanto), apesar das inúmeras chamadas de atenção à tutela efectuadas ao longo dos tempos, por parte das sucessivas Direcções do Conservatório. É um grave exemplo, mas, infelizmente, apenas e só mais um exemplo das condições, por vezes miseráveis, com que muitas escolas de música, a vários níveis, se debatem no quotidiano. Estão em curso diversas actividades para angariação de fundos com vista à recuperação da referida sala. Num país tão carenciado no que concerne à cultura e educação musicais e onde muito do erário público é aplicado de forma, no mínimo, discutível, estas situações constituem motivo para nos deixar, a todos, inquietos.

BragaJazz 2004 

Terá lugar na capital minhota, entre 11 e 13 de Março próximo, o BragaJazz 2004. As honras de abertura deste festival caberão ao Ugonna Okegwo Quartet, com o próprio em contrabaixo, Sam Newsome (sax soprano), Xavier Davis (piano) e Kendrick Scott (bateria), em espectáculo que terá início às 21h30. Na sexta-feira 12 de Março, actuará, também pelas 21h30, o Quinteto de Mário Barreiros, com Mário Barreiros (bateria), Mário Santos (sax tenor), José Luís Rego (sax alto e soprano), Pedro Guedes (piano) e Pedro Barreiros (contrabaixo). Nesse mesmo dia, mas pelas 23h00, poderemos ainda assistir ao concerto do Christophe Schweizer Quintet, com Christophe Schweizer (trombone), Dave Binney (sax alto), Jacob Sacks (piano), Hans Glawischnig (contrabaixo) e Dan Weiss (bateria). No dia 13 (sábado), pelas 21h30 será a vez de subir ao palco o saxofonista austríaco Max Nagl, que será acompanhado por Steven Bernstein (trompete), Noel Akchoté (guitarra) e Brad Jones (contrabaixo). Às 23h00 canta Carla Cook acompanhada pelo Steve Wilson Quartet, com o próprio nos saxofones, Bruce Barth (piano), Ed Howard (contrabaixo) e Adam Cruz (bateria).Todos os concertos terão lugar no Auditório do Parque de Exposições de Braga. Sexta e Sábado, pelas 24h00, haverá ainda um afterhours no Classic Jazz Bar, com o trio de Pedro Cravinho. Nos dias do Festival decorrerá, no átrio do Parque de Exposições de Braga, uma feira do Disco Jazz Clean Feed / Trem Azul. A organização deste festival está a cargo da Câmara Municipal de Braga. E que tal uma visita ao Minho?

terça-feira, fevereiro 10, 2004

Jazz no BLITZ 

Não deixar de ser saudável notar que o jornal BLITZ, mais vocacionado para o universo pop/rock e afins, dedique ao jazz uma secção intitulada "Jazz Extra". Na edição de hoje, são publicadas recensões críticas a discos de Jason Moran ("The Bandwagon"), Hugo Alves ("Estranha Natureza"), Jimmy Scott ("Moon Glow") e Enrico Pieranunzi ("Felinijazz"). Esperemos que esta iniciativa venha a aguçar a curiosidade e o apetite de um público mais jovem por estas músicas...

Blogosfera alentejana a crescer! 

O "Improvisos Ao Sul" dá as boas vindas aos novos blogues Portas de Mértola e Noites Alentejanas, que assim vêm reforçar a presença bejense e alentejana na blogosfera. Esperam-se boas postas!

TGB na Ovibeja 2003 


Agora que já é conhecido o programa para a edição 2004 da OVIBEJA, o "Improvisos Ao Sul" não resiste a mostrar esta fotografia (cortesia do amigo Rui P.) a todos os leitores deste blogue. Foi tirada no concerto dado pelo trio TGB - Mário Delgado (guitarra), Alexandre Frazão (bateria) e Sérgio Carolino (tuba) - a convite do "Improvisos Ao Sul" no palco da Rádio Voz da Planície montado na OVIBEJA 2003. Nesta ocasião, um senhor, já de idade avançada, perante o espanto geral, acercou-se do Sérgio Carolino, puxou para si a tuba, olhou para o interior do instrumento e exclamou alto e bom som com um ar ameaçador "Eh pá, o que é que tens aí dentro?".

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Grammys Jazz e Blues 2004 

Embora o "Improvisos Ao Sul" não seja lá muito dado a prémios deste género, apresentamos, apenas a título de curiosidade, os vencedores da edição deste ano dos Grammys, nas diferentes categorias na área do jazz e do blues. And the winner is...

Best Contemporary Jazz Album
Randy Brecker - 34th N Lex

Best Jazz Vocal Album
Dianne Reeves - A Little Moonlight

Best Jazz Instrumental Solo
Chick Corea - Matrix

Best Jazz Instrumental Album, Individual or Group
Wayne Shorter - Alegria

Best Large Jazz Ensemble Album
Michael Brecker Quindectet - Wild Angels

Best Latin Jazz Album
Michel Camilo - Live At The Blue Note

Best Traditional Blues Album
Buddy Guy - Blues Singer

Best Contemporary Blues Album
Etta James - Let´s Roll

50 anos de jazz em Newport 


Para comemorar o 50º aniversário do Festival de Jazz de Newport, o seu principal mentor, George Wein, vai levar a cabo uma digressão pelos EUA, até final de Março, em que participarão duas formações de all stars. Na primeira série de espectáculos, a formação será constituída por James Moody e James Carter (saxofones), Randy Brecker (trompete), Howard Alden (guitarra), Cedar Walton (piano), Peter Washington (contrabaixo) e Lewis Nash (bateria). Na segunda série, participarão Terence Blanchard (trompete), Lew tabackin (sax tenor/flauta), Ken Poplowski (clarinete), Lea DeLaria (voz) e Karriem Riggins (bateria), sempre acompanhados por Alden, Walton e Washington.

domingo, fevereiro 08, 2004

"Improvisos Ao Sul" na feira 

O "Improvisos Ao Sul" deslocou-se na tarde de ontem até Évora, para visitar a "1ª Feira do Disco de Évora", que decorre até hoje à noite (começou na sexta-feira), numa tenda montada na Praça Joaquim António de Aguiar (frente ao Teatro Garcia de Resende), e em que eram anunciados mais de 30.000 títulos, em CD, DVD e vinil. A oportunidade para adquirir discos, velhos e novos, a preços atraentes (sempre mais baixos do que os praticados na lojas) constituiu um excelente motivo para uma viagem a Évora. A feira teve, quer em termos de espaço quer de variedade de oferta, uma dimensão claramente inferior à realizada em Beja, em Junho de 2003, por ocasião da Bejalternativa, mas, ainda assim, esteve bastante concorrida. Neste tipo de certames, a "sorte", para quem gosta de jazz, é a de que as bancas dedicadas a este género musical são, regra geral, as menos visitadas, o que permite uma procura mais minuciosa, em busca daquela pérola...
Apesar de tudo, fiz algumas aquisições (o preço médio dos discos comprados foi de € 10):
- Jason Moran - The Bandwagon
Disco de 2003, de um dos melhores trios da actualidade com Jason Moran (piano), Tarus Mateen (contrabaixo e baixo eléctrico) e Nasheet Waits (bateria) Tinha uma cópia, mas pelo preço a que estava o CD original, não resisti).
- Pat Metheniy + Ornette Coleman + Charlie Haden + Jack DeJohnette + Denardo Coleman - Song X
Nomes fundamentais do jazz reunidos numa gravação de 1986. Ornette toca sax alto e violino. Metheny é referência na guitarra.
- Bud Powell - Jazz Giant
Pioneiro do be-bop, Powell aparece nestas gravações de 1949 e 1950 acompanhado por Max Roach (bateria), Ray Brown e Curly Russell (contrabaixo). Verve Master Edition.
- Jimmie Lunceford & His Orchestra - For Dancers Only
Gravações clássicas do período 1935-1937 de uma das maiores orquestras do período áureo do swing.
- Andrew Hill - Point of Departure
Disco Blue Note, recentemente reeditado na colecção Rudy Van Gelder Edition, com uma formação de luxo: Andrew Hill (piano), Eric Dolphy (sax alto, flauta, clarinete baixo), Joe Henderson (sax tenor), Richard Davis (contrabaixo) e Tony Williams (bateria).
- Stan Kenton And His Orchestra
Gravações efectuadas entre 1940 e 1944, por uma orquestra onde pontificavam nomes como os de Stan Getz, Art Pepper, Anita O´Day, etc..

Muito há, pois, para ouvir nos próximos dias.
Regressei com a carteira mais leve, mas com a alma cheia!

sábado, fevereiro 07, 2004

Etelvina a cappella 

O grupo português Canto Nono, com a canção "Etelvina" (da autoria de Sérgio Godinho) está nomeado na categoria de "Best Jazz Song" dos "Contemporary A Cappella Recording Awards 2004", galardões atribuídos todos os anos pela "Contemporary A Cappella Society", uma organização norte americana que se dedica a divulgar a música a cappella. O tema em causa está incluído no álbum "O Porto a Oito Vozes", que conta com direcção musical de José Mário Branco e é dedicado ao universo da cidade invicta.

Etelvina com seis meses já se tinha de pé
foi deixada num cinema depois da matinée ...


Até já, Jacinta! 

O suplemento DNa do Diário de Notícias de ontem publica uma fotoreportagem sobre a cantora Jacinta (texto: Sandra Nobre; fotos: Paulo Barata). Jacinta em discurso directo: "Seja na maior espelunca nos EUA, seja na maior sala de espectáculos. a música tem de vir sempre de dentro, da alma." Palavras sábias, nos tempos que correm. Temos encontro marcado para breve!

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Programa desta noite 


Sexta-feira é dia de "Improvisos Ao Sul" na Rádio Voz da Planície (104.5 FM - Beja), entre as 23h e as 24h. Na emissão de hoje, assinalaremos o aniversário do nascimento do saxofonista Stan Getz e apresentaremos o 2º Festival Internacional de Jazz de Portalegre - Portalegre JazzFest. Na segunda meia hora do programa dedicaremos especial atenção ao saxofonista Ben Webster e ao seu disco "Ben Webster And Associates". A emissão completa-se com as secções habituais (agenda de espectáculos, sugestão internet, álbum da semana, etc.). Contamos convosco logo à noite!

Paris Jazz Concert 

Comprei recentemente, numa já aqui mencionada grande superfície comercial em Beja, três CD´s, da colecção "Paris Jazz Concert" (ou melhor, comprei dois e levei três!). O preço de cada CD foi € 6,78, o que posso considerar simpático, dada a qualidade e importância das gravações. Estes CD´s são uma pequena parte das centenas de horas de jazz gravadas pela rádio Europe 1, entre 1955 e 1980, e até agora indisponíveis em LP ou CD. O grande responsável por estas gravações foi Frank Tenot, recentemente desaparecido. O primeiro CD é de Julian "Cannonball" Adderley e tem a particularidade de constituir um registo histórico da primeira e segunda actuações de Cannonball em solo gaulês (respectivamente, na Salle Pleyel, a 25 de Novembro de 1960 e no Olympia, a 15 de Abril de 1961). Cannonball surge acompanhado pelo seu irmão Nat Adderley (trompete), Victor Feldman (piano e vibrafone), Sam Jones (contrabaixo), Ron Carter (em princípio de carreira, toca violoncelo num tema) e Louis Hayes (bateria). Destaco a versão de "Work Song" (de Nat Adderley) e um fantástico "Bohemia After Dark" (de Oscar Pettiford). O segundo CD é de Lionel Hampton, e foi gravado na Salle Pleyel a 9 de Março de 1971. A acompanhar Hampton estão, entre outros, os históricos Illinois Jacquet (sax tenor) e Milt Buckner (piano e órgão). Ainda tenho nos ouvidos o incontornável "Flying Home", um soberbo "Midnight Sun" e um frenético "Hamp´s Boogie Woogie". Para completar o trio, falta referir o CD de Duke Ellington, gravado a 29 de Outubro de 1958. Com Duke estão, entre outros, nomes grandes do jazz como Cat Anderson, Clarke Terrry, Ray Nance, Quentin Jackson, Johnny Hodges, Paul Gonsalves, Russell Procope ou Sam Woodyard. Não faltam temas como "Take The "A" Train" e um medley que inclui "Black and Tan Fantasy", "Creole Love Call" e "The Mooche". É ficar atento para ver que outras surpresas poderão aparecer nos próximos tempos.
P.S.: Acreditem que não é má vontade da minha parte, mas convém referir que estes três CD´s estavam de secção dedicada à "Música Brasileira"!

quinta-feira, fevereiro 05, 2004

Jazzman Fev04 

Já tenho nas mãos o número de Fevereiro da revista francesa "Jazzman". Neste número, merece especial atenção o dossier "Movie Blues", dedicado ao blues na sétima arte, com uma antevisão de 7 filmes sobre este universo: "The Soul Of A Man", de Wim Wenders (estreado a 14 de Janeiro), "The Road To Memphis", de Richard Pearce (25 de Fevereiro), "Feel Like Going Home", de Martin Scorsese (Março), "Warming by the Devil´s Fire", de Charles Burnett (Abril), "Red, White and Blues", Mike Figgis (Maio), "Godfathers and Sons", de Marc Levin (Junho) e "Piano Blues", de Clint Eastwood (Julho). Destaque também para artigos sobre Steve Coleman e James Carter, para uma entrevista com o contrabaixista Gary Peacock (a propósito do seu novo disco, "What It Says", com o pianista Marc Copland) e um blindfold test com o baterista francês André Ceccarelli. Este número completa-se com notícias várias, críticas a discos, agenda de espectáculos, etc.

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

O que é o jazz, Miles? 

"I'll play it first and tell you what it is later" (Miles Davis)

As origens do Jass 

Para todos aqueles que gostam de saber mais (julgo que somos todos nós) sobre os alvores do jazz, sugiro vivamente uma visita demorada ao sítio Jass.com. Biografias, discografias, álbum de fotografias, caricaturas, cartazes, factos curiosos, sugestões bibliográficas e muita informação interessante sobre as origens desta música que nos apaixona.

The Travelling Coon 

Uma das canções mais populares nos chamados "minstrel shows" do séc. XIX nos EUA (espectáculos em que músicos brancos pintavam a sua cara de preto com o objectivo de parodiar a vida dos negros americanos), rezava assim:

Once there was a travelling coon
Who was born in Tenessee
He made his living stealing chickens

And everything else he could see.
Well, he traveled and he was known for miles around,
And he didn´t get enough, he didn´t get enough,
Till the police shot him down.


terça-feira, fevereiro 03, 2004

2º Portalegre JazzFest 

Vem aí o 2º Festival Internacional de Jazz de Portalegre - Portalegre JazzFest, que decorrerá nos próximos dias 26, 27 e 28 de Fevereiro naquela cidade norte alentejana. A organização será da Câmara Municipal de Portalegre, com a direcção artística a ser assegurada, à semelhança da edição anterior, pelo contrabaixista Carlos Barretto. A abertura deste festival será às 18h00 do dia 26 e estará a cargo da Big Band da Nazaré, sob a direcção de Adelino Mota, no Auditório do Instituto Português da Juventude (concerto comentado). Nesse mesmo dia, às 22h00, no Cine Teatro Crisfal, será a vez de Jacinta prestar homenagem a Bessie Smith, num espectáculo em que a cantora será acompanhada por Michael Bluestein (piano), John Shifflett (contrabaixo) e Mário Barreiros (bateria). No dia 27 subirá ao palco o guitarrista Philip Catherine, que será acompanhado por Philippe Aerts (contrabaixo) e Joost Van Schaik (bateria). O encerramento do festival será no sábado, dia 28, e ficará por conta do baterista Gerry Hemingway, que apresentará o seu mais recente disco "Devils Paradise", fazendo-se acompanhar por Herb Robertson (trompete), Ellery Eskelin (sax tenor) e Mark Helias (contrabaixo). Todos estes concertos, à excepção do de abertura, terão lugar no Cine Teatro Crisfal, pelas 22h00. Paralelamente, decorrerá uma Feira do Disco Jazz - Clean Feed/Trem Azul e jam sessions dias 27 no Bar Gémeos e dia 28 no Café Alentejano.

Feathers 

Existirão palavras que descrevam fielmente o que se sente ao escutar a beleza cortante do sax alto de Eric Dolphy em "Feathers" (CD "Out There")?

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Stan Getz 

Discípulo de Lester Young, Stan Getz denotava grande habilidade para improvisar melodias claras e etéreas. Tocou nas orquestras de Stan Kenton, Benny Goodman e Woody Herman. Fez parte dos famosos "Four Brothers", juntamente com Zoot Sims, Serge Chaloff e Herbie Steward. Tinha uma enorme fascínio pela música brasileira, tendo tocado ao lado de nomes como António Carlos Jobim e João Gilberto. Foi um dos músicos mais populares da história do jazz. Para lembrar Stan Getz, recordemos o que John Coltrane disse dele um dia: "We would all play like Stan Getz, if we could". Stan Getz completava hoje 77 anos.

Frank Möbus 

O "Improvisos Ao Sul" costuma aproveitar os fins de semana para pôr em ordem o seu arquivo. Ontem à noite, dei de caras com um mini-disc que contém a gravação de uma entrevista que fizémos ao guitarrista Frank Möbus, um terço do trio Azul de Carlos Bica e mentor do projecto Der Rote Bereich, aquando do Festival de Jazz de Portimão 2003. E lembrei-me de um episódio curioso. Tinha ficado combinado que nos encontraríamos depois do concerto para ele nos conceder a entrevista. Chegada a hora, cumprimentou-nos e sentou-se tranquilamente a beber uma cerveja (ou não fosse ele alemão). Antes de começarmos a gravar, estendi-lhe os discos do trio Azul para que ele mos autografasse. Rabiscou-os um a um, até que chegou a vez do disco "Diz", de Carlos Bica com a cantora Ana Brandão, onde, não tendo participado como intérprete, colaborou no processo criativo. Disse-me: "Neste, não participei!" Sabendo da sua colaboração, ainda que indirecta, insisti. Lá acedeu a autografar, mas apenas na última página do inlay do CD! Terminada a entrevista, perante os olhares furiosos do gerente do clube que nos queria dalí para fora dado o adiantado da hora, dizendo: "Convidem-me, que eu um dia vou a Beja!". Está convidado desde então!

domingo, fevereiro 01, 2004

Kit de jazz para principiantes 

A entrada no mundo do jazz pode, para muitos, ser uma tarefa árdua. O sítio Jazz Online pretende a dar uma ajuda a todos aqueles que tenham dificuldades em saber por onde começar. Para quem se quer iniciar nestas andanças, são aconselhados alguns discos fundamentais (a lista é obviamente subjectiva, como qualquer outra):
Louis Armstrong & Oscar Peterson - "Louis Armstrong Meets Oscar Peterson"
Chet Baker - "My Funny Valentine"
Count Basie - "April in Paris"
George Benson - "Breezin"
Art Blakey & The Jazz Messengers - "Best of Art Blakey & The Jazz Messengers"
Clifford Brown & Max Roach - "Study in Brown"
Dave Brubeck - "Time Out"
Betty Carter - "The Audience with Betty Carter"
Ornette Coleman - "The Shape of Jazz To Come"
John Coltrane - "A Love Supreme"
Chick Corea - "Light As A Feather"
Miles Davis - "Kind of Blue"
Miles Davis - "The Complete Concert 1964"
Miles Davis - "In A Silent Way"
Duke Ellington - "Ellington Indigos"
Bill Evans Trio - "At the Village Vanguard"
Ella Fitzgerald - "The Complete Ella in Berlin"
Stan Getz/Joao Gilberto - "Getz/Gilberto"
Benny Goodman - "Live at Carnegie Hall 1939"
Charlie Haden & Pat Metheny - "Beyond The Missouri Sky"
Herbie Hancock - "Headhunters"
Johnny Hartman & John Coltrane - "Johnny Hartman & John Coltrane"
Billie Holiday - "Silver Collection"
Al Jarreau - "Look To The Rainbow"
Keith Jarrett Trio - "Standards Live"
John Klemmer - "Touch"
Mahavishnu Orchestra - "Inner Mounting Flame"
Brad Mehldau Trio - "Songs: Art of the Trio, Vol. 3"
Pat Metheny Group - "Offramp"
Charles Mingus - "Black Saint & The Sinner Lady"
Charlie Parker - "Confirmation: Best of Verve Years"
Tito Puente - "El Rey"
Joshua Redman - "Moodswing"
David Sanborn - "Hideaway"
Pharoah Sanders - "Karma"
Mongo Santamaria - "Afro Blue: The Picante Collection"
Nina Simone - "My Baby Just Cares For Me"
Sun Ra - "Space is the Place"
Cal Tjader - "Soul Sauce"
Weather Report - "Heavy Weather"
Cassandra Wilson - "New Moon Daughter"
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