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quarta-feira, junho 30, 2004

Andrew Hill 



O pianista e compositor Andrew Hill faz hoje 67 anos. Prenda? Escutar o fundamental "Point of Departure"...

Respirar Jazz 

Por estes dias de imenso calor, têm marcado presença assídua no meu leitor de CD dois discos que, volta e meia, vou buscar à estante, porque lhes atribuo - é mesmo verdade - propriedades mágicas que facilitam a respiração deste ar sufocantemente alentejano.

O primeiro foi gravado ao vivo pelo brasileiro Egberto Gismonti (guitarra, piano) e pelo contrabaixista Charlie Haden, a 6 de Julho de 1989, durante o Festival Internacional de Jazz de Montréal, no Canadá, e chama-se precisamente "In Montréal" (ECM, 2001). Acima de todos os temas presentes no disco destaco o absolutamente fantástico "Palhaço", com Gismonti a passear suavemente as suas mãos pelas teclas do seu piano e a criar uma atmosfera encantatória, de difícil tradução em palavras. Escutem, e depois digam-me... Também "Salvador", cuidadosamente dedilhado na guitarra, o gélido "Silence", da autoria de Haden, "Lôro", com um perfume brasileiro, e o longo "Don Quixote", de crescente carga dramática, acentuada pela melodia desenhada por Haden, são temas que espelham a grandeza musical destas almas. Um disco sublime.

O outro disco é o incontornável "Maiden Voyage", que junta o pianista Herbie Hancock, a Freddie Hubbard (trompete), George Coleman (sax tenor), Ron Carter (contrabaixo) e Tony Williams (bateria). Disco conceptual, inspirado na temática dos oceanos (muito antes da EXPO 98...), foi gravado a 17 de Março de 1965 nos estúdios do mítico Rudy Van Gelder, em New Jersey. No tema título e em "The Eye of the Hurricane" brilham Hancock (farol melódico), Hubbard (aventureiro) e Williams (garante do efeito marítimo, com as suas baquetas e escovas...). O terno "Little One" é um tema de uma beleza incrível. Há aqui qualquer coisa de transcendental. Para mim, um dos melhores discos de Herbie Hancock.

Quanto às propriedades mágicas destas poções, aconselho-vos a experimentar...

terça-feira, junho 29, 2004

Jazz no Sacramento Bar 

O Sacramento Bar é um dos poucos sítios onde se pode ouvir bom jazz ao vivo na noite lisboeta, e, consequentemente, do país. Felizmente esta é uma das (honrosas) excepções à regra de se ostracizar os clubes de jazz ao vivo. Espaço recente, fica situado no Bairro Alto, em Lisboa, mais concretamente na Calçada do Sacramento (perto do Largo do Carmo).

Aqui fica a programação do Sacramento Bar para os próximos dias:

1 de Julho (Quinta-Feira)
Quarteto Bruno Santos
Jorge Reis (saxofone), Bruno Santos (guitarra), Nelson Cascais (contrabaixo) e Bruno Pedroso (bateria). Este quarteto, que tem mantido sempre a mesma composição, formou-se em Julho do ano passado, e apresenta uma mescla de originais e de alguns standards, com o objectivo de "fazer a música pela música procurando a honestidade musical e comunicação entre os músicos tentando tocar o "momento" e procurar que as coisas aconteçam com fluidez e musicalidade", como os próprios afirmam.

2 de Julho (Sexta-feira)
Corações de Atum
Projecto de Manuel João Vieira (ENA PÁ 2000 e Irmãos Catita), com Filipe Melo (piano), Nuno Ferreira (guitarra), João Custódio (contrabaixo) e Marco Franco (bateria). Manuel João Vieira convidou nomes grandes do jazz português para um concerto muito particular, onde o jazz se encontra sobretudo nas fases mais instrumentais. Serão interpretadas versões muito portuguesas de temas como "Cheek to Cheek" ou "Mona Lisa", com modificação da letra, bem ao estilo irreverente de Manuel João Vieira.

3 de Julho (Sábado)
"The Sacramento Jam Session"

Os concertos começam às 23h00. Para mais informações, consultar o sítio do Sacramento Bar.

segunda-feira, junho 28, 2004

Festa do Cante Alentejano 


(obrigado ao André Cláudio, pelo envio da informação)

Vão ter lugar em Beja, a partir de amanhã, um conjunto de iniciativas dedicadas ao Cante Alentejano, integradas na "Festa do Cante". O programa das actividades é o seguinte:

29 de Junho (Terça-feira)
INATEL (18h00)
Exposição de Fotografia António Cunha, intitulada "O Campo e o Cante"

2 de Julho (Sexta-feira)
Biblioteca Municipal José Saramago (21h00)
Colóquio "O Cante Alentejano - da tradição à inovação"

3 de Julho (Sábado)
Portas de Mértola (20h30)
Concurso de Cantares Alentejanos, com a presença de cerca de 18 grupos corais, que desfilarão a cantar desde a Rua Capitão João Francisco de Sousa até ao palco, instalado na "Meia Laranja", local onde interpretarão os temas a concurso frente ao júri e ao público.

Este evento é organizado pela Associação de Defesa do Património de Beja, pela Câmara Municipal de Beja, pela MODA - Associação do Cante Alentejano e pela Região de Turismo Planície Dourada.

O "Improvisos Ao Sul" felicita os organizadores por esta iniciativa, esperando que outras similares continuem a divulgar o fabuloso, e muitas vezes desconhecido, património musical das nossas gentes.

domingo, junho 27, 2004

Ornette, Hodges & Redman 

Este foi o resultado da faina de ontem:

Ornette Coleman - Free Jazz (Rhino/Atlantic Jazz Deluxe Edition)
Se tal classificação fosse possível, diria que se trata de um dos 5 discos mais importantes da história do jazz. È um disco verdadeiramente histórico. Uma completa revolução. Um marco indelével. Foi gravado em apenas um "take" ininterrupto de 36 minutos e 23 segundos, em Nova Iorque, a 21 de Dezembro de 1960, por Ornette (sax alto), Eric Dolphy (clarinete baixo), Don Cherry (trompete), Freddie Hubbard (trompete), Scott LaFaro (contrabaixo), Charlie Haden (contrabaixo), Billy Higgins (bateria) e Ed Blackwell (bateria), um duplo quarteto. Como tema bónus traz "First Take", uma versão mais curta e ainda embrionária do que viria a ser "Free Jazz". Esta edição, diferente da habitual, inclui uma embalagem em cartão, apresentando no seu interior uma reprodução fiel do grafismo da capa do LP original, com o famoso quadro "White Light", de Jackson Pollock, bem como um ensaio enquadrador, da autoria de Gunther Schuller. Foi uma compra irresistível, ainda por mais ao preço a que estava...

Johnny Hodges, Billy Strayhorn and The Orchestra
Gravado durante a última década de permanência de Johnny Hodges na orquestra de Duke Ellington, este disco apresenta o lendário saxofonista numa forma plena de técnica e maturidade. Acompanhado pela orquestra de Ellington, dirigida e com arranjos de Billy Strayhorn, Hodges revisita nesta gravação, efectuada em Dezembro de 1961, diversos clássicos de Duke, entre os quais "Don´t Get Around Much Anymore", "I Got It Bad (And That Ain´t Good)" e "Day Dream" ou no menos conhecido, mas delicioso "Your Love Has Faded". Pontificavam na orquestra de Ellington nomes como Cat Anderson, Shorty Baker e Howard McGee (trompetes), Lawrence Brown e Quentin Jackson (trombones), Russell Procope (clarinete e sax alto), Paul Gonsalves (sax tenor) ou Harry Carney (clarinete baixo). Edição "Verve Master Edition".

Dewey Redman - The Ear Of The Behearer
Dewey Redman nasceu em Fort Worth, no Texas, em 1931. Cresceu rodeado pelo blues. Começou pelo clarinete e tocou na banda da igreja. Foi colega de escola de Ornette Coleman. Tocou com Keith Jarrett. Chegado a Nova Iorque desenvolve uma sonoridade própria. Este disco resulta de gravações efectuadas em Junho de 1973 e Setembro de 1974, com Redman (sax alto, sax tenor) a ser acompanhado por Ted Daniel (trompete), Jane Robertson (violoncelo), Leroy Jenkins (violino), Sirone (contrabaixo), Eddie Moore (bateria) e Danny Johnson (percussão). Destaque para o ciclone free de "Innerconnection", o mais intrspectivo "Imani" e o aroma magrebino de "Image (In Disguise)" e a balada "Joie de Vivre". Edição "Impulse", a um preço inacreditavelmente tentador...

sábado, junho 26, 2004

Em busca de pérolas... 

Extenuado depois de um dia muito intenso, ainda vou tentar dar um salto esta noite à Feira do Disco, realizada no âmbito da Bejalternativa. Disseram-me que está inferior à do ano passado mas, ainda assim, vou lá dar uma espreitadela, a ver o que se arranja!

sexta-feira, junho 25, 2004

Quinteto de António Cabrita lança "Pictures" 

É hoje apresentado ao vivo, no Jazz ao Centro Clube (JACC), situado no 1º andar do Scotch Club (Coimbra), o CD "Pictures", do quinteto do pianista António Cabrita, o qual, para além do próprio, integra Quentin Collins (trompete), Christian Brewer (saxofone), Phil Donkin (contrabaixo) e Tiago Angelino (bateria).

O CD "Pictures" resulta de um trabalho de dois anos de composição e arranjos de António Cabrita, compositor e músico que residiu em Macau e em Londres. Este disco insere-se na área do jazz contemporâneo, com influências da cultura portuguesa e latina. Com este novo CD, o autor pretende contribuir para o desenvolvimento da cultura em Portugal, numa área em crescimento e a abranger cada vez mais ouvintes. Segundo palavras do próprio "O jazz não tem que ser americano, pode ser português... de autores portugueses!".

O "Improvisos Ao Sul" não pode exprimir a sua opinião sobre o CD em causa, porque ainda não teve a oportunidade de o escutar.

Mais informações sobre este evento no sítio do JACC.

CRBA em Festa 

O Conservatório Regional do Baixo Alentejo (CRBA), única instituição de ensino artístico reconhecida pelo Ministério da Educação no Distrito de Beja, vai levar a efeito os espectáculos "Dançando no Cinema" e "Festa na Praça", que contarão com a presença dos melhores alunos deste ano lectivo.

O espectáculo "Dançando no Cinema" é da responsabilidade da classe de Dança do CRBA. Será apresentado já amanhã, dia 26, no Auditório do Instituto Politécnico de Beja, pelas 21h30. No Domingo, dia 27, será a vez de subir ao palco do Cine-Teatro de Serpa, pelas 16h00. Estes espectáculos, onde participarão cerca de 90 crianças e adolescentes, será composto por coreografias de músicas de filmes, onde estará patente o apuro técnico do bailado clássico ao serviço de coreografias mais livres.

O espectáculo "Festa na Praça" procura aproveitar uma ideia que estava em preparação há já uns anos. Terá lugar no magnífico espaço dos Claustros da Igreja da Misericórdia, na Praça da República, em Beja, no próximo dia 29 (terça-feira), pelas 21h30. Este espectáculo, onde estarão envolvidos cerca de 150 jovens artistas da nossa região, incluindo os alunos dos pólos de Moura, Castro Verde e Beja, contará com os melhores alunos do CRBA, entre solistas (piano, trompete, saxofone e trombone), grupos instrumentais de câmara, o Coro Geral do Conservatório e danças tradicionais.

O "Improvisos Ao Sul" felicita o CRBA por estas iniciativas e deseja as maiores felicidades na concretização das mesmas. Obviamente que estaremos presentes.

quinta-feira, junho 24, 2004

Zorn 

Zorn caos Mori grito

organização catarse lava
Máquina energia

revolta criatividade Cyro
colectivo Liberdade
improviso
Ribot Jazz Dunn
explosão
gelo silêncio
eléctrico pós-free
avant-garde ruído
luz
Masada experiência

quarta-feira, junho 23, 2004

Parabéns Downbeat! 



Acabo de receber o "70th Anniversary Collector´s Edition" da revista norte-americana "Downbeat". Neste número especial, em que o tema central é "Our Heroes - Today´s Stars On the Legends Who Most Inspired Them", 85 figuras do jazz actual falam sobre os seus ídolos, as suas maiores influências. Sonny Rolliins sobre Coleman Hawkins, Wayne Shorter sobre Charlie Parker, Horace Silver sobre Thelonius Monk, Bill Frisell sobre Wes Montgomery, Michael Brecker sobre John Coltrane, Clark Terry sobre Louis Armstrong, Steve Lay sobre Duke Ellington, entre muitos outros testemunhos. Uma pérola para quem gosta de perceber o jazz de ontem e de hoje. Outro dos motivos de interesse deste número especial é o clássico blindfold test feito por Leonard Feather a Ornette Coleman, a 7 de Janeiro de 1960. Um número para devorar.

terça-feira, junho 22, 2004

José Duarte ontem na 2: 

É (muito) raro falar-se de jazz na televisão portuguesa. Tudo o que vá além da sugestão de um disco ou concerto constitui mesmo um acontecimento digno de registo.

O convidado de Ana Sousa Dias no programa "Por Outro Lado", o melhor programa de entrevista da televisão em Portugal, de ontem à noite na 2: foi o homem que "por carolice" mantém há 38 anos no ar um programa de rádio chamado "5 Minutos de Jazz": José Duarte, um dos mais destacados divulgadores do jazz em Portugal.

Três frases:

"Há mais jazzes do que músicos de jazz."

"No jazz é preciso saber ouvir todos ao mesmo tempo e um de cada vez."

"O jazz goza de má fama em Portugal porque não é conhecido."

José Duarte dixit. Cáustico. Mordaz Provocador. Mas sempre com aquele brilho nos olhos.

segunda-feira, junho 21, 2004

Poço Barretto 


Trio de Carlos Barretto
Foto: AB

"Tenho aqui dois dos músicos mais criativos em Portugal, a juntar ao Deco e ao Maniche", assim definiu Carlos Barretto os músicos que completam o seu trio, formação que continua a consolidar o seu lugar na proa do jazz mais vanguardista que se faz em Portugal. O placo estava montado no anfiteatro do Parque Municipal do Sítio das Fontes, em Estômbar, num belíssimo e inspirador cenário natural. Na noite do passado Sábado o concerto do trio de Carlos Barretto, que marcou a segunda noite do IV Festival de Jazz de Lagoa, teve o seu início um pouco atrasado, devido ao jogo entre a Holanda e a República Checa (transmitido em écran gigante instalado no recinto), que fez com que a afluência de público fosse relativamente pouca à hora aprazada. Os três músicos em palco, Carlos Barretto (contrabaixo), Mário Delgado (guitarra) e José Salgueiro (percussão), deram mais uma vez provas de grande solidez e cumplicidade e, acima de tudo, de uma indisfarçável alegria por tocarem juntos. Fazem-no com um sorriso estampado nos rostos. Deleitam-se e deleitam-nos. A anunciada presença de Mário Santos no clarinete baixo não se veio a verificar, facto que, embora tenha contribuído para uma diminuição do leque de soluções musicais, não afectou a prestação do grupo, antes potenciou as qualidades dos músicos presentes.

"Casa Branca"(o tema que esteve para dar título ao mais recente CD do trio) e "Radio Song" (tema título do disco anterior) foram os escolhidos para abrir o concerto, a que se seguiu um longo "O Balão na Cama do Faquir", um dos melhores temas de "Lokomotiv", com Delgado a mostrar-se cada vez melhor na manipulação electrónica dos sons extraídos da sua guitarra e Barretto a conferir um aroma arabizante através da utilização do arco. Seguiram-se dois temas de "Radio Song", primeiro um denso e complexo "Final Searching" e depois "O Rapaz do Lixo" (que entretanto cresceu e já é homem...), dedicado a George W. Bush (a dedicatória é auto-explicativa), apenas com Delgado (mais uma vez excelente) e Salgueiro (a usar sabiamente a parafernália de acessórios de percussão, com as mais diversas formas e feitios, aos quais juntou a sua própria voz) a protagonizarem um dos momentos altos da noite. Depois foi a vez de "Azenhas", um tema da autoria de José Salgueiro e o mais antigo da noite, incluído no disco "Silêncios", de 2000, mas habitual nos concertos do trio, com direito a mímica e tudo. Para o final do espectáculo ficou "Lokomotiv" (tema que empresta o nome ao último CD), onde a falta de um sopro (saxofone barítono, na versão de estúdio) se fez sentir de forma mais evidente. O encore foi preenchido por apenas um tema, uma versão de "Lisboa Que Amanhece", de Sérgio Godinho. Um bom concerto, num local idílico e deveras inspirador.

Em paralelo, decorria uma feira do disco, da responsabilidade da Clean Feed (por onde também o "Improvisos Ao Sul" invariavelmente se detém por largos minutos e onde acaba por investir...), uma exposição de fotografias a preto e branco da autoria de Miguel Valle de Figueiredo, bem como uma banca de merchandising do evento. O festival terminou ontem à noite com o concerto a solo do guitarrista Stanley Jordan.

sábado, junho 19, 2004

Rumo a Lagoa, de Lokomotiv 



Terminado o programa, é tempo de fazer as malas e rumar a Lagoa!

O Parque Municipal do Sítio das Fontes, em Estômbar, é o cenário natural onde amanhã o "Improvisos Ao Sul" conta assistir ao concerto do trio de Carlos Barretto, formado pelo próprio no contrabaixo, Mário Delgado (guitarra) e José Salgueiro (bateria), acompanhados neste concerto por Mário Santos (clarinete baixo). Concerto integrado no IV Lagoa Jazz.

Uma excelente oportunidade para escutar ao vivo temas de "Lokomotiv", o mais recente trabalho discográfico do trio.

Um fim de semana que se antevê cheio de Sol e jazz.

sexta-feira, junho 18, 2004

Programa desta noite 


©1979 William P. Gottlieb
in www.jazzphotos.com

Do chamado "triângulo de ouro" das vozes femininas de jazz, apenas nos falta falar mais em detalhe no "Improvisos Ao Sul" de Sarah Vaughan. "Sassy", como ficou conhecida, nasceu em Newark (New Jersey) a 27 de Março de 1924. Cresceu a cantar na igreja baptista de Mount Zion, tendo tido lições de piano e de órgão. Depois de ter vencido um concurso de amadores no Apollo Theatre, interpretando "Body And Soul" (em Outubro de 1942), foi contratada .em 1943 por Earl Hines como cantora e segunda pianista. No ano seguinte, recomendada por Hines, integra a orquestra de Billy Eckstine. Foi a cantora de eleição dos boppers dos anos 40, como Charlie Parker (com quem gravou "Lover Man" em 1945) e Dizzy Gillespie (gravou "A Night in Tunísia", em 1944, sob o título "Interlude"). Gravou também alguns álbuns muito comerciais. Tinha uma voz aveludada e era dotada de uma técnica sofisticada, com um alcance e um controlo quase operáticos. O seu estilo foi imitado por quase todas as cantoras que se lhe sucederam. Morreu a 3 de Abril de 1990, em Los Angeles. No disco sobre o qual nos debruçaremos mais em pormenor na emissão desta noite, "Sarah Vaughan With Clifford Brown" (Verve, 1954), Sarah Vaughan é acompanhada por Clifford Brown (trompete), Paul Quinichette (sax tenor), Herbie Mann (flauta), Jimmy Jones (piano), Joe Benjamin (contrabaixo) e Roy Haynes (bateria). Na primeira parte do programa daremos destaque ao IV Festival de Jazz de Lagoa, que se inicia hoje e termina no próximo Domingo, e ouviremos ainda Wayne Shorter (recente vencedor da categoria de melhor disco do ano, atribuída pela Associação dos Jornalistas de Jazz), Rodrigo Gonçalves, os TGB e Hugo Alves.

quinta-feira, junho 17, 2004

Prémios da Associação dos Jornalistas de Jazz 

A Associação dos Jornalistas de Jazz entregou, na passada terça-feira, os seus Prémios 2004, em cerimónia a que assistiram 550 pessoas, entre músicos, jornalistas, fotógrafos e representantes da indústria musical. Na ocasião, os presentes tiveram também a oportunidade de assistir a actuações de Renee Cruz New School Jazz Ensemble, do quinteto de Duane Eubanks, do quarteto de Judy "Blackbird" Bady, de Doug Wamble, de Roswell Rudd & Joe Lovano e do trio de Dewey Redman. Com base nos votos dos mais de 400 membros da Associação dos Jornalistas de Jazz (jornalistas, fotógrafos, realizadores de TV/rádio, de todo o mundo), os vencedores da edição 2004 foram os seguintes:

Prémio Carreira: Dave Brubeck
Músico do Ano: Wayne Shorter
Artista Surpresa do Ano: Vijay Iyer
Álbum Jazz do Ano (lançado entre 15/4/03 e 20/3/04): Wayne Shorter, Alegria (Verve)
Reedição em CD: Sam Rivers, Fuschia Swing Song (Blue Note)
Reedição em Caixa: Miles Davis, The Complete Jack Johnson Sessions (Columbia Legacy)
Editora do Ano: Blue Note
Produtor de Concertos do Ano: George Wein, Festival Productions, Inc.
Compositor do Ano: Maria Schneider
Arranjador do Ano: Maria Schneider
Voz Masculina do Ano: Andy Bey
Voz Feminina do Ano: Cassandra Wilson
Álbum de Jazz Latino: Chucho Valdes, New Conceptions (Blue Note)
Pequeno Ensemble (octeto ou inferior) Winner: Wayne Shorter Quartet
Grande Ensemble (noneto ou superior, incluindo big bands e orquestras): Dave Holland Big Band
Trompetista do Ano: Dave Douglas
Trombonista do Ano: Roswell Rudd
Outro Instrumentista do Ano: Toots Thielemans, harmónica
Saxofonista Alto do Ano: Lee Konitz
Saxofonista Tenor do Ano: Chris Potter
Saxofonista Soprano do Ano: Steve Lacy
Saxofonista Barítono do Ano: Gary Smulyan
Clarinetista do Ano: Paquito D'Rivera
Flautista do Ano: Frank Wess
Pianista do Ano: Hank Jones
Organista - Teclista do Ano: Dr. Lonnie Smith
Guitarrista do Ano: Bill Frisell
Contrabaixista do Ano: Dave Holland
Baixista Eléctrico do Ano: Steve Swallow
Violinista do Ano: Regina Carter
Vibrafonista do Ano: Stefon Harris
Percussionista do Ano: Ray Baretto
Baterista do Ano: Roy Haynes

No capítulo do jornalismo dedicado ao jazz, os vencedores foram os seguintes:

Prémio Carreira: Gene Lees
Excelência em TV/rádio: Steve Schwartz, WGBH-FM (Boston)
Excelência em fotografia: Lee Tanner
Excelência em jornal, revista, edição on-line: Bill Milkowski
Melhor Publicação Periódica: JazzTimes
Melhor website dedicado ao jazz: AllAboutJazz.com
Melhor livro de jazz: Myself Among Others, George Wein with Nate Chinen (Da Capo)
Melhor fotografia: John Abbott

quarta-feira, junho 16, 2004

Take The “A” Train 

Duke Ellington sobre Billy Strayhorn:

"... Billy Strayhorn was my right arm, my left arm, all the eyes in the back of my head, my brainwaves in his head, and his in mine."

Cumplicidade.

Great Performances em DVD 



Lester Young, Charlie Parker, Miles Davis. Mais Coleman Hawkins, John Coltrane, Gil Evans. Não, não é alucinação. Estes e outros nomes grandes do jazz estão reunidos neste DVD imprescindível, para quem se deixa tocar por estas músicas.

Em primeiro lugar, uma pérola chamada "Jammin´ The Blues", um filme com apenas 10 minutos de duração, realizado por Gjon Mili em 1944, que mostra Lester Young a soprar como só ele sabia. Swing, classe. GRANDE música. Com Pres estão Coleman Hawkins, Illinois Jaquet, Sid Catllet, Harry "Sweets" Edison e Jo Jones.

Estão também neste DVD os únicos dois filmes com Charlie Parker. Num deles, Bird e Coleman Hawkins juntos. Dois dos mais importantes e eternamente influentes saxofonistas da história do jazz - 100 anos 100 - em perfeita comunhão musical. Imagens emocionantes e música de cortar a respiração.

Também lá está "The Sound of Miles Davis". Miles Davis e John Coltrane, acompanhados pela orquestra de Gil Evans. Não são precisas mais palavras para descrever o que aqui se mostra. Génio absoluto.

Uma hora de magia, neste DVD fundamental, edição da Idem Home Vídeo.

terça-feira, junho 15, 2004

Joe Zawinul em selo 



O "Improvisos Ao Sul" tem o "bichinho" dos selos. Foi assim que soube que foi lançado na Áustria, no passado dia 24 de Maio, um selo com uma imagem do mais representativo músico austríaco de jazz, o pianista e teclista Joe Zawinul. Nascido em Viena a 7 de Julho de 1932, Joe Zawinul estudou piano no Conservatório de Viena e, durante três semanas, no Berklee College of Music nos EUA. Foi então chamado por Maynard Ferguson para integrar a sua banda. Nos anos 60, teve uma experiência marcante ao lado de Miles Davis. Tocou teclados durante cerca de 15 anos nos Weather Report. Formou depois a sua própria banda, os Zawinul Syndicate. Foi agora homenageado em selo. Pergunta jazzófilo-filatélica: quantos anos teremos de esperar até vermos um músico português de jazz imortalizado em selo?

IV Lagoa Jazz 



Decorrerá entre os próximos dias 18 e 20 de Junho (o próximo fim de semana), no Parque Municipal do Sitio das Flores, em Estômbar, o IV Lagoa Jazz, numa organização da Câmara Municipal local. O programas das festas é o que se segue:

18 de Junho (Sexta-feira)
Maria João e Mário Laginha

19 de Junho (Sábado)
Carlos Barretto Trio "Lokomotiv"

20 de Junho (Domingo)
Stanley Jordan

Paralelamente aos espectáculos, que se iniciarão sempre depois de 22h00, terão lugar uma exposição de fotografia, uma feira do livro e uma feira do disco, entre outras actividades. Os bilhetes custam 6€ por dia. E o Algarve aqui tão perto...

segunda-feira, junho 14, 2004

All Jazz n.º 10 

Para quando a edição do n.º 10 da única revista portuguesa de jazz, a "All Jazz"?

Acredito que esteja a lutar contra ventos e marés... Força "All Jazz"!

Jazz em Agosto 2004 



Vai decorrer entre os próximos dias 3 e 8 de Agosto, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, mas uma edição do "Jazz em Agosto", iniciativa voltada especialmente para as novas tendências do jazz e da música improvisada. O programa do "Jazz em Agosto 2004" é o seguinte:

3 de Agosto (Terça-feira)
NOW Orchestra (sob a direcção de George Lewis) (21h30 - Anfiteatro ao ar livre)

4 de Agosto (Quarta-feira)
Peggy Lee Band (21h30 - Anfiteatro ao ar livre)

5 de Agosto (Quinta-feira)
The Thing (Mats Gustafsson, Ingebrigt Håker-Flaten e Paal Nilssen-Love (18h30 - Auditório 2)
François Houle Electro Acoustic Quartet (21h30 - Anfiteatro ao ar livre)

6 de Agosto (Sexta-feira)
Günter "Baby" Sommer (18h30 - Auditório 2)
Otomo Yoshihide New Jazz Quintet (c/ Mats Gustafsson) (21h30 - Anfiteatro ao ar livre)

7 de Agosto (Sábado)
Arve Henriksen (15h30 - Sala Polivalente)
Martin Tétreault e Otomo Yoshihide (18h30 - Auditório 2)
Franz Hautzinger Regenorchester XI (c/ Christian Fennesz) (21h30 - Anfiteatro ao ar livre)

8 de Agosto (Domingo)
Nuno Ferreira / Jesus Santandreu (15h30 - Sala Polivalente)
Paul Plimley e Lisle Ellis (18h30 - Auditório 2)
Paul Cram Orchestra (21h30 - Anfiteatro ao ar livre)

domingo, junho 13, 2004

Eleições 

Em dia de Eleições, o "Improvisos Ao Sul" não improvisa!

sábado, junho 12, 2004

Jazzman Jun04 

A edição de Junho da revista de jazz francesa "Jazzman" traz um interessante artigo/perfil sobre o incansável pianista, compositor, arranjador, director de orquestra e produtor norte-americano Uri Caine, particularmente conhecido pela exploração jazzística dos universos de Mahler e de Bach (varições Goldeberg), denominado "Des faces et des Profils". Alvo de especial interesse é também uma entrevista com o pianista francês Jean-Michel Pilc, apropriadamente intitulada "Enfin Seul!", uma vez que o músico acaba de lançar um CD de piano solo. Na secção "At Home..." conhecemos o turbulento ambiente caseiro do cantor Al Jarreau, que afirma, perante tanta desordem, "Ma maison est en déconstruction!". Outros artigos interessantes são os sobre o arranjador norte-americano Bill Holman e com o saxofonista francês Guy Lafitte. Neste número inclui-se também um caderno especial muito completo sobre os festivais de jazz de Verão que se realizam um pouco por toda a Europa. Um útil guia para quem se quiser deslocar a um (ou mais...) dos inúmeros festivais, existindo opções para todos os gostos e para todas as bolsas. Na secção "CD Review" destaque especial para "Class Trip" (ECM, 2004), de John Abercrombie, "Storyteller" (ECM, 2004), de Marilyn Crispell, "A Ballad Album" (Cris Cross, 2004), de Warne Marsh, "Itinéraire Imaginaire" (Sketch/Harmonia Mundi, 2004), de Stéphan Oliva, "Lift, Live at the Village Vanguard" (Verve, 2004), de Chris Potter, "Petite Promenade" (Fresh Sound New Talent, 2004), de Magali Souriau e "The Centennial Collection" (Bluebird/BMG, 2004), de Fats Waller, todos eles com a distinção CHOC (classificação máxima). A ler também as habituais secções de actualidades, debate, agenda de espectáculos, correio dos leitores, etc..

sexta-feira, junho 11, 2004

Programa de hoje 


in www.redhotjazz.com

Na emissão desta noite do "Improvisos Ao Sul" (Rádio Voz da Planície - 104.5 FM, entre as 23h00 e a s 24h00) abordaremos, de forma necessariamente breve, a curta mas decisiva carreira do trompetista Bix Beiderbecke. Bix nasceu em 1903 em Davenport (Iowa, EUA). Foi um dos ícones dos loucos anos 20, com o seu estilo límpido, claro, brilhante, polido. Paradoxalmente tinha um temperamento extremamente introvertido e nervoso... Em Outubro de 1923, juntou-se aos inovadores Wolverines, com os quais gravou e andou em digressão, tendo abandonado esta formação em Novembro de 1924. Colaborou depois com Jean Goldkette (foi despedido por não saber ler música), Charlie Straight, Frank Trumbauer (com quem gravou o histórico "In A Mist", um solo de piano) e Eddie Lang, juntando-se então à orquestra de Paul Whiteman, em 1927. Foi um dos poucos músicos brancos que ganhou reputação junto dos músicos negros do seu tempo, como Louis Armstrong e Rex Stewart. Depois de anos de problemas com o álcool, veio a adoecer, tendo morrido de pneumonia a 6 de Agosto de 1931, com apenas 28 anos. Nesta emissão ouviremos ainda Steve Lacy e Ray Charles (ambos falecidos esta semana), e ainda Kiko (toca hoje à noite em Odemira), Carlos Barretto, etc.. A emissão completa-se com as habituais notícias, agenda de concertos, etc..

Adeus, Ray Charles 


in http://www.thepeaches.com/music/raycharles/

Este blogue tem-se infelizmente tornado nos últimos dias numa espécie de obituário. Desta vez dou aqui conta da morte de Ray Charles, pianista, cantor e compositor norte americano. Senhor de uma vez quente e cheia de swing, Ray Charles nunca confinou a sua carreira musical a um só estilo, passeando a sua classe pela soul, pelo R&B, pelo rock, mas acima de tudo, pelo jazz e pelo blues, que interpretava de uma forma única. Nascido em Albany, a 23 de Setembro de 1930, começou a sua carreira, com o "Maxim Trio", emulando a sua maior influência, Nat "King" Cole. Gravou com Milt Jackson o histórico "Genius + Soul = Jazz". Em 1960, grava aquele que veio a ser o seu maior sucesso comercial: "Georgia On My Mind". Teve uma longa e proveitosa carreira. A droga tentou-o, mas nunca o vergou. Morreu ontem em Los Angeles, com 73 anos.

quinta-feira, junho 10, 2004

Portugal 2004 

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.


Ricardo Reis, Odes

quarta-feira, junho 09, 2004

Morreu Steve Lacy 



We don't determine music,
The music determines us;
We only follow it
To the end of our life:
Then it goes on without us.

It begs to be born and,
Wants to go its own way,
We just make it up and,
Then we let it out.

Music speaks for itself,
And needs no explanation
Or justification:
Either it is alive, or it is not.


Saxovision © Steve Lacy

Morreu um dos maiores saxofonistas soprano de jazz de sempre. Steve Lacy, ou Steven Lackritz, de seu verdadeiro nome, nasceu em Nova Iorque, a 23 de Julho de 1934. Lacy começou por tocar piano, interessando-se depois pelo clarinete, o que o terá levado ao saxofone soprano. Lacy começou por ser influenciado pelo jazz tradicional, de Nova Orleães, Chicago e Kansas City. Depois veio a ser muito influenciado através de colaborações com Cecil Taylor no final dos anos 50. Tocou também, entre muitos outros, com Jimmy Guiffre, Mal Waldron e Gil Evans, tendo-se interessado especialmente pela música de Thelonious Monk. Em 1960, Lacy tocou no quinteto de Monk. Depois criou o seu próprio quinteto com Roswell Rudd. Mudou-se para Paris em 1970. Em 2002 Lacy regressou a Boston, onde se tornou Membro da New England Conservatory Faculty. De entre a sua vasta discografia, escuto muitas vezes "Monk´s Dream", com Roswell Rudd. Morreu na sexta-feira passada a poucos dias de completar 70 anos.

terça-feira, junho 08, 2004

Norah Jones esta noite 

O Coliseu dos Recreios, em Lisboa, recebe esta noite, a partir das 22h00, o concerto da cantora e pianista norte-americana Norah Jones. Traz na bagagem "Come Away With Me" (Blue Note (2002) e "Feels Like Home" (Blue Note, 2003), dois discos que, apesar das inconsistências que lhes possamos apontar, estão muitos furos acima da mediocridade reinante.

Jazz com sabor pop. Pop com sabor jazz.

Quem não comprou bilhete, desista. Está esgotado.

Kreisberg em Portugal 


in www.jonathankreisberg.com

O interessante guitarrista de jazz norte-americano Jonathan Kreisberg inicia logo à noite no Algarve uma digressão nacional. Os concertos algarvios estão marcados para hoje, às 21h30 no Cine-Teatro de Tavira, e amanhã, também as 21h30, na Associação R. C. dos Músicos, em Faro. O guitarrista faz-se acompanhar nesta digressão portuguesa por Gary Versace (piano) e Mark Ferber (bateria). Concertos a não perder.

segunda-feira, junho 07, 2004

Bird, porquê? 

O mundo do jazz está cheio de alcunhas. Umas mais apropriadas do que outras. Muitos são os músicos que ficaram mais conhecidos pelas alcunhas do que pelos seus nomes verdadeiros. O saxofonista alto Charlie Parker, pioneiro do be-bop, ficou conhecido pela alcunha de Bird (ou Yardbird). São apontadas diversas origens para esta alcunha:

i) O miúdo Charlie tinha um apetite insaciável por galinha (yardbird);
ii) Chicken (sinónimo de yardbird) significava, em calão, "gaja" ("eat that chicken", dispensa tradução);
iii) Charlie Parker atropelara uma galinha tendo-a levado para cozinhar em casa;
iv) Adorava o mundo dos pássaros ("Ornithology" é um dos seus temas mais famosos).

Apesar de toda esta afeição pelos galináceos, não consta que Charlie Parker tenha alguma vez provado cabidela ou frango de fricassé.

Hanks & Golson 

O novo filme de Steven Spielberg, com Tom Hanks e Catherine Zeta-Jones como protagonistas, chama-se "Terminal 1", estreia nos EUA a 22 de Junho, e conta a história de um fanático coleccionador de autógrafos que, de entre todos os presentes na fotografia "A Great Day in Harlem", de Art Kane, apenas lhe falta o autógrafo do saxofonista, compositor e arranjador Benny Golson. O filme desenrola-se em torno da corrida ao dito autógrafo, culminando com o aparecimento de Benny Golson, interpretado... pelo próprio! De notar que o músico tem disco novo, precisamente intitulado "Terminal 1", a ser editado oportunamente pela Concord, o qual deverá ver a luz do dia por alturas da estreia do filme.

domingo, junho 06, 2004

O Dia D e o Jazz 


in www.pbs.org/jazz

Hoje comemora-se o 60º aniversário do desembarque na Normandia, o chamado Dia D, no qual se começou a desenhar a vitória das tropas aliadas na Segunda Guerra Mundial. Esta perspectiva histórica é fundamental para se perceber também a história do jazz.

A Segunda Guerra Mundial teve um grande impacto na evolução do jazz. Por outro lado, também o jazz desempenhou um papel importante no dia-a-dia das tropas envolvidas no esforço de guerra norte-americano. O jazz funcionava como uma espécie de suplemento de moral das tropas, diminuindo a distância que separava os militares de casa e dos seus entes queridos.

Os discos com música americana ajudavam os soldados a esquecer as agruras da frente de batalha e a matar as saudades da pátria. Destaque para os chamados V-Records (V de Victory), fabricados em alumínio, alguns deles ainda hoje em bom estado de conservação.

Os músicos de jazz viram-se obrigados a deixar as suas bandas nos EUA para integrar o exército. Algumas orquestras foram particularmente afectadas pelas incorporações. Só a orquestra de Jack Teagarden viu-se privada de quase duas dezenas de elementos em apenas quatro meses. Muitos deles acabariam por não regressar a casa. A revista norte-americana "Downbeat" criou nessa altura uma coluna, morbidamente intitulada "Killed in Action", onde eram listados os nomes dos músicos que tombavam na guerra.

Como seria de esperar, os nazis sempre tentaram banir o jazz, como manifestação cultural estrangeira. Mas até Goebbels acabaria por criar uma orquestra de jazz numa rádio alemã!

É importante perceber os efeitos que a Segunda Guerra Mundial teve no desenvolvimento do jazz e as contribuições dos músicos e das orquestras neste contexto histórico. E também o papel que o jazz, como manifestação cultural norte-americana exportável, teve como factor de resistência ao domínio nazi.

O Dia D foi o dia em que começou a libertação da Europa. O jazz é a sua melhor banda sonora.

sábado, junho 05, 2004

Good old swing 

Durante todo este fim de semana, cá para estas bandas, só se ouvem grandes orquestras:

Duke Ellington
Jimmie Lunceford
Fletcher Henderson
Benny Goodman
Count Basie
Stan Kenton
Woody Herman

Porque sim.

sexta-feira, junho 04, 2004

Programa de hoje 

Hoje é sexta-feira, e, como habitualmente, vai para o ar mais uma emissão do "Improvisos Ao Sul", na Rádio Voz da Planície (104.5 FM - Beja), entre as 23h00 e as 24h00. Nesta emissão, para além das habituais notícias e agenda de espectáculos, dedicaremos alguma atenção à carreira do saxofonista Jackie McLean, a propósito do seu disco "Jackie´s Bag" (Blue Note, 1960). Mas muito mais jazz há para ouvir logo à noite! Esperamos por todos vós na RVP!

Fotojazz 


Billie Holiday
© Copyright 1979 William P. Gottlieb
in www.jazzphotos.com

Para todos aqueles que unem o amor pelo jazz ao amor pela fotografia nada melhor do que visitar o fantástico sítio The Golden Age of Jazz. Lá poderão encontrar uma vasta galeria de fotografias clássicas, tiradas entre 1938 e 1948, por William P. Gottlieb. Encontrarão fotografias de Miles Davis, Billie Holiday, Charlie Parker, Colman Hawkins, Dizzy Gillespie, Frank Sinatra, Louis Armstrong, Thelonious Monk, Stan Kenton, Sarah Vaughan, Cab Calloway, entre muitos outros. Para visitar todo o arquivo fotográfico Gottlieb, visitar o sítio Library of Congress. Um sítio a não perder!

quinta-feira, junho 03, 2004

6º Festival Músicas do Mundo em Sines 


Pharoah Sanders
in members.aol.com/ishorst/love

Já é conhecido o cartaz da sexta edição do Festival Músicas do Mundo de Sines, organizado pela Câmara Municipal local, que vai decorrer nos próximos dias 29, 30 e 31 de Julho, no Castelo de Sines. No entender do "Improvisos Ao Sul", os principais destaques deste festival vão para as presenças da cantora grega Savina Yannatou, do David Murray Creole Project III com o mítico saxofonista Pharoah Sanders e do nigeriano Femi Kuti.

Savina Yannatou é uma cantora com formação clássica, especialmente na música antiga, que tem vindo a aproximar-se da música de raiz mais tradicional e do jazz de vanguarda.

O mítico saxofonista Pharoah Sanders, companheiro de John Coltrane na sua fase mais free, vem integrado no projecto Creole III, de David Murray, projecto este que funde as estruturas harmónicas do jazz com os ritmos do ka drum, da ilha caribenha de Guadalupe, e a riqueza do falar crioulo. Muita improvisação e grande música é o que se espera.

Femi Kuti é filho de um dos nomes cimeiros da música africana do século XX, o criador do movimento afrobeat, Fela Kuti. A música de Femi Kuti (cantor e saxofonista) é uma mistura dos ritmos africanos com o jazz e o funk, com letras de conteúdo político e social.

O programa do 6º Festival Músicas do Mundo de Sines é o seguinte:

29 de Julho (Quinta-feira)
Ronda dos Quatro Caminhos "Terra De Abrigo" (Portugal)
Warsaw Village Band (Polónia)

30 de Julho (Sexta-feira)
Savina Yannatou (Grécia)
David Murray Creole III com Pharoah Sanders (EUA/Guadalupe)
Tom Zé (Brasil)

31 de Julho (Sábado)
Septeto de Roberto Juan Rodriguez (EUA/Cuba)
Rokia Traoré (Mali)
Femi Kuti (Nigéria)

Paralelamente, decorrerá, na Capela da Misericórdia, um conjunto de iniciativas, ainda não conhecidas na totalidade, que passarão por concertos, projecção de cinema documental e conversas com três dos músicos presentes no festival (Roberto Juan Rodriguez, Tom Zé e David Murray). Na Avenida Vasco da Gama será montado um palco onde actuarão DJ na área da world music.

Para mais informações sobre o Festival de Músicas do Mundo Sines 2004, consultar este sítio.

Keppard 


in www.redhotjazz.com

O senhor distintamente vestido na imagem chamava-se Freddie Keppard. Foi um músico importante de Nova Orleães, tendo sucedido a Buddy Bolden como o rei da corneta. Começou a tocar em 1906, liderando bandas e apresentando-se em festas, funerais e nos clubes de Storyville, o bairro proibido de Nova Orleães, onde reinavam os bordéis e as casas de diversão nocturna. Após o encerramento de Storyville, em 1917, e à semelhança de inúmeros músicos de Nova Orleães, subiu o Mississippi e fixou-se em Chicago, no início dos anos 20, onde trabalhou em diversas bandas. Keppard era alcoólico e tinha uma personalidade altamente instável. Trabalhou até 1928, quando foi atacado pela tuberculose, que o levou à morte em 1933. Reza a lenda que quando lhe propuseram um contrato de gravação o terá recusado, alegando que dessa maneira outros acabariam por copiar o seu estilo, que considerava inimitável. Poucos hoje conhecem o seu nome.

quarta-feira, junho 02, 2004

Campanha Clean Feed 

A editora portuguesa Clean Feed está a levar a cabo uma promoção, válida para os meses de Junho e Julho, de CDs a € 9,90. Os títulos abrangidos por esta colecção são os seguintes:

The Implicate Order - "At Seixal"
Steve Swell (trombone), Ken Filiano (contrabaixo) e Lou Grassi (bateria).

The Nu Band - "Live at the Bop Shop"
Roy Campbell (trompete), Mark Whitecage (sax alto e clarinete), Joe Fonda (contrabaixo) e Lou Grassi (bateria).

Viriditas Trio - "Webwaxwind@ebroadway"
Alfred Harth (saxofones), Wilber Morris (contrabaixo) e Kevin Norton (bateria e vibrafone).

Mário Delgado - "Filactera"
Mário Delgado (guitarra), Claus Nymark (trombone), Carlos Barretto (contrabaixo), Alexandre Frazão (bateria) e Andrzej Olejniczak (sax tenor e soprano).

Will Holshouser Trio - "Reed Song"
Will Holshouser (acordeão), Ron Horton (trompete), Davil Phillips (contrabaixo) e Kevin Norton (bateria).

Para mais informações sobre estes CDs e respectivas encomendas consultar o sítio da Clean Feed.

Miles histórico 

Mais uma vez escrevo sobre Miles Davis. Ao escutarem-se as históricas gravações incluídas em "Birdland 1951" (Blue Note, 2004), tem-se de imediato a certeza de que estamos perante música com uma força e um poder dificilmente traduzíveis em palavras. Apesar da fraca qualidade sonora das gravações, à distância de 53 anos, é notável como estes temas respiram uma energia e uma frescura incríveis. Os solos sinuosos do trompete de Davis, do sax tenor de Sonny Rollins e do trombone de J.J. Johnson, ou os rufos do Art Blakey, tudo tem uma carga telúrica que nos deixa a alma desinquieta. "Move", "Half Nelson", "Down", "The Squirrel" ou "Lady Bird" são demonstrações da intemporalidade militante destas gravações. Tal como já aqui tinha escrito aquando do lançamento deste disco, tratam-se de gravações ao vivo, efectuadas a 17 de Fevereiro, 2 de Junho (estas totalmente inéditas - fazem hoje 53 anos!) e 29 de Setembro de 1951, que foram transmitidas na rádio WJZ, no programa de Symphony Sid. As mesmas foram alvo de um tratamento sonoro, a cargo do engenheiro Kurt Lundvall, no sentido lhe ser conferida a melhor qualidade de som possível. "The source of this material was discs cut from the original broadcasts and the fidelity is primitive. Every effort has been made to obtain the best possible sound for this historic music.", pode ler-se na capa do CD. Não se tratando, como já deu para perceber, de um disco para testar as potencialidades sonoras da nova aparelhagem lá de casa, é a prova de como as remasterizações e os bits contam, afinal de contas, tão pouco, perante música com tamanha força.

terça-feira, junho 01, 2004

JACC - Programação para Jun04 

Já é conhecida a programação para Junho do Jazz Ao Centro Clube (JACC), entidade que se tem vindo a afirmar como um das mais interessantes e dinâmicas no panorama da divulgação do jazz em Portugal. Relembro que o JACC fica situado no 1º andar da discoteca SCOTCH, em Santa Clara (Coimbra). Os concertos agendados, todos, como habitualmente, à sexta-feira à noite, são os que se seguem. Ora tomem nota:

4 Junho (23h00)
Quarteto Joana Machado
Joana Machado (voz), Afonso Pais (guitarra), Bernardo Moreira (contrabaixo) e André Sousa Machado (bateria).

11 Junho (23h00)
Alex Maguire & Alípio Carvalho Neto Quintet "Los Compadres and the Size of Your Head"
Alex Maguire (piano e Fender Rhodes), Alípio Carvalho Neto (saxofones), Jean-Marc Charmier (trompete e flugelhorn), Gregg Moore (tuba e baixo eléctrico) e Rui Gonçalves (bateria).

18 de Junho (23h00)
KVAROPO
Susana China (voz), João Paulo Oliveira (guitarra), João André (guitarra), Luís Oliveira (contrabaixo) e Luís Carlos (bateria). (Escola de Jazz do IPJ, Coimbra)

25 Junho (23h00)
Quinteto António Cabrita
António Cabrita (piano), Quentin Collins (trompete), Christian Brewer (saxofone), Phil Donkin (contrabaixo) e Tiago Angelino (bateria).