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segunda-feira, maio 31, 2004

Warner Jazz Master Series 



Já foi colocada no mercado discográfico uma nova formada de 20 CDs pertencentes à colecção "Warner Jazz Master Series", em novas edições remasterizadas e com muita informação, mas tendo o cuidado de manter a traça gráfica muito próxima da original. A lista dos novos títulos é a seguinte:

Rene Bloch - "Mr. Latin"
Ray Charles - "The Great Ray Charles"
The Billy Cobham & George Duke Band - "Live on Tour in Europe"
Ornette Coleman - "Ornette on Tenor"
John Coltrane - "Coltrane Plays the Blues"
John Coltrane - "Coltrane´s Sound"
John Coltrane & Don Cherry - "The Avant Garde"
Bill Evans & Herbie Mann - "Nirvana"
Richard "Groove" Holmes - "Book of the Blues"
Keith Jarrett - "Life Between the Exit Signs"
Yusef Lateef - "Yusef Lateef´s Detroit"
Les McCann & Eddie Harris - "Swiss Movement"
John McLaughlin - "Belo Horizonte"
Sérgio Mendes - "Swinger From Rio"
Charles Mingus - "Oh Yeah"
Charles Mingus - "The Clown"
The Modern Jazz Quartet - "Porgy & Bess"
Hermeto Pascoal - "Slaves Mass"
Max Roach - "Drums Unlimited"
Steps Ahead - "Steps Ahead"

A julgar pelos discos desta colecção que possuo (são da fornada anterior), a mesma não fica muito atrás, em termos de qualidade sonora e de informação documental, das mais conhecidas e prestigiadas "The Rudy Van Gelder Edition" (da Blue Note) ou "Verve Master Edition" (da Verve). Para mais informações sobre esta colecção, consultar este sítio.

domingo, maio 30, 2004

Downbeat Jun04 

Depois de uma semana verdadeiramente esgotante do ponto de vista profissional, só hoje consegui finalmente tratar da enorme pilha de correio que tinha à minha espera. Mesmo lá no meio estava o número de Junho da revista norte-americana "Downbeat", acabadinho de chegar de Chicago. Traz na capa a doce e angelical Norah Jones. "How Real Music Came to Top the Charts - The Making of Norah" é o título do artigo onde se faz uma análise do percurso musical da cantora e pianista e a forma como conseguiu singrar nas tabelas de vendas de discos de todo o mundo. Um outro ponto de interesse desta edição da revista é a entrevista com o pianista sueco Esbjörn Svensson, que, com o seu trio, que recentemente cancelou um concerto no nosso país, goza já de prestígio e reconhecimento na Europa, mas que só agora começa a ser conhecido do outro lado do Atlântico. Em jeito de prenúncio no que concerne ao processo de globalização, também cultural, que estamos a viver, afirma Svensson "Nothing is a thing unto itself. Jazz will be affected, but in a way that´s abstract. That´s what´s strange about art: it doesn´t have to be conquered but can be abstract, and you may never know where the influences are from.". Este número da "Downbeat" inclui também um artigo intitulado "The Singers Album - 30 All-Time favorite Jazz Vocal Recordings", que são, na opinião de Frank-John Hadley, autor do artigo, "Nancy Wilson And Cannonball Adderley" (Capitol, gravação 1961), "John Coltrane And Johnny Hartman" (GRP/Impulse!, 1963) e "Here´s To Life", de Shirley Horn (Verve, 1991). Motivo para uma leitura atenta é também o artigo sobre o pianista cubano Jesus "Chucho" Valdés, intitulado "Open Adventure". Neste número inclui-se também um caderno especial sobre o "27th Annual Student Music Awards" que anualmente distingue os melhores estudantes de música, na área do jazz. Esta edição da revista completa-se com as habituais secções, como "First Take", "Chords & Dischords", "The Beat", "Vinyl Freak", "Backstage with...", este mês com o clarinetista David Krakauer, "The Question", e o clássico "Blinfold Test", com o saxofonista David Sanchez, para além das recensões a CDs, DVDs e concertos ao vivo.

sábado, maio 29, 2004

Dia Internacional do Jazz 

Hoje, 29 de Maio, comemora-se em todo o mundo, e inclusivamente em Portugal, o Dia Internacional do Jazz. Este dia foi criado em 1991 por Michael Denny e está inscrito no Livro de Registos do Congresso norte-americano e na publicação "Chase´s Annual Events", que lista o calendário de eventos em todo o mundo. Mais uma vez digo que, sem ser especial apreciador deste tipo de efemérides, tal como o Natal, o Dia Internacional do Jazz é quando um homem quiser!

sexta-feira, maio 28, 2004

Emissão de hoje 

Como habitualmente à sexta-feira à noite, vai hoje para o ar mais uma emissão do "Improvisos Ao Sul" na Rádio Voz da Planície (104.5 FM - Beja), entre as 23h00 e as 24h00. Nesta emissão teremos as habituais notícias, agenda de espectáculos, sugestões, etc.. Dedicaremos alguma atenção ao 30º aniversário da morte de Duke Ellington, bem como ao aniversário de Miles Davis (se fosse vivo teria completado 78 anos esta semana). Teremos ainda muito mais jazz para ouvir, incluindo o disco do sexteto de Bernardo Moreira, "Ao Paredes Confesso". Encontramo-nos para jazzar na RVP logo à noite?

POEsia + JaZZ = POEZZ 

Já tinha aqui dado conta desta aliança jazz-poesia. Porém, ainda não consegui encontrar nas lojas a antologia de poemas, relacionados com o universo do jazz, intitulada "Poezz", elaborada por José Duarte e Ricardo António Alves, e que contou com a colaboração de Artur Queiroz, Hélder Leitão, Levi Condinho e Manuela Barreto Nunes. Não consegui saber se já foi mesmo posta à venda nas livrarias. As minhas buscas foram até agora infrutíferas. Lembro que se trata de uma obra que reúne cerca de uma centena de poetas, entre os quais Herberto Hélder, Almada Negreiros, José Craveirinha, Fernando Assis Pacheco, Agostinho Neto, Ana Hatterly e Tolentino Mendonça.

quinta-feira, maio 27, 2004

Jazz na Noruega 



A Noruega é um país civilizado. Na Noruega cultiva-se o gosto pelo jazz.

Deste país gelado do norte da Europa têm-se dado a conhecer ao mundo do jazz nomes fundamentais como Jan Garbarek, Arild Andersen, Jon Christensen, Nils Petter Molvaer ou Terje Rydal. Mais recentemente uma nova vaga tem vindo a emergir, com nomes como Tord Gustavsen e Jacob Young.

Na Noruega têm lugar ao longo do ano diversos festivais de jazz. Os mais conhecidos internacionalmente são o Festival Internacional de Jazz de Molde, que decorre em finais de Julho, o Festival de Jazz de Kongsberg, que tem lugar em Julho, e o Festival de Jazz de Oslo, que se realiza no início de Agosto. Um festival particularmente interessante é o Vossa Jazz, que se realiza por altura da Páscoa, e que combina jazz e música folclórica.

Um dos exemplos da atenção dada ao jazz na Noruega é o "The Norwegian Jazz Archives", que constitui um centro de documentação e conhecimento sobre a história do jazz na Noruega. A actividade do "The Norwegian Jazz Archives" compreende essencialmente 3 áreas de intervenção: a colecção, classificação e arquivo de diversos tipos de material relacionado com a história do jazz naquele país; a investigação das temáticas relacionadas com o jazz norueguês; e a informação sobre a história e a evolução do jazz norueguês. As colecções do "The Norwegian Jazz Archives" incluem um arquivo sonoro, um arquivo de recortes da imprensa, uma colecção fotográfica, uma biblioteca, um conjunto de revistas e um arquivo de vídeo e cinema. O "The Norwegian Jazz Archives" publica regularmente os resultados dos seus projectos de investigação em relatórios e livros sobre a história do jazz norueguês, elabora biografias, organiza "sessões de audição" e responde a inquéritos sobre o panorama do jazz na Noruega. O mais interessante é que no "The Norwegian Jazz Archives", equiparado ao "Norwegian Music Information Centre" e ao "Archives for Folk and Popular Song", os jovens, os jornalistas, os investigadores e outros interessados têm acesso e podem estudar todo o material disponível.

O "Improvisos Ao Sul" sugere aos interessados em saber mais sobre o panorama do jazz norueguês a consulta do sítio do "The Norwegian Jazz Archives", onde poderá encontrar muita e interessante informação.

quarta-feira, maio 26, 2004

Parabéns, Miles! 


in www.milesdavis.com (foto de Jeff Sedlik)

Miles Davis: "Do not fear mistakes. There are none."

Se fosse vivo, completava hoje 78 anos. Não são precisas mais palavras.

UBU-4teto de saxofones 

O UBU é um quarteto de saxofones formado pelos experientes Jorge Reis (saxofone soprano, clarinete, clarinete-baixo) e José Menezes (saxofone tenor e flauta) e ainda por Guto Lucena (saxofones alto, soprano e flauta) e Hugo Gaito (saxofones barítono e soprano).

O eclético repertório do UBU-4teto de saxofones é composto por diversos temas, entre os quais "Goodbye Pork Pie Hat" (balada escrita por Charles Mingus dedicada a Lester Young), "Monk's Mood" (balada escrita por Thelonius Monk com arranjo de José Menezes), "Jelly Roll" (composição "dixieland" de Charles Mingus dedicada a Jelly Roll Morton) e "Grey Convoy" (da autoria de David Liebman inspirada numa sua viagem à ex-RDA) e "Quarteto nº1", (original de Tomás Pimentel), entre outros.

O UBU-4teto de saxofones vai estar no Rock In Rio Lisboa juntamente com a banda de Rui Veloso e a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Para mais informações sobre o UBU-4teto de saxofones sugiro uma visita aqui.

Jazzwise Mai04 

Chegou-me ontem às mãos o número de Maio da revista britânica "Jazzwise". Na capa o baterista Bill Bruford e o saxofonista Tim Garland, explicam as motivações para trabalharem em conjunto. Para ler neste número artigos interessantes sobre o trompetista italiano Enrico Rava, a propósito do novo disco "Easy Living", sobre o organista pioneiro do jazz-rock britânico Brian Auger, e ainda outros sobre Dave Douglas, Monty Alexander, Keith Tippett. Para além do imenso noticiário, são também interessantes as secções de recensões a CDs, DVDs, livros e concertos ao vivo. Lamentavelmente o CD que acompanha habitualmente a revista só é distribuído em Inglaterra...

terça-feira, maio 25, 2004

Aquisições recentes 

Tendo em conta os preços, muitas vezes absolutamente exorbitantes, a que estão a ser vendidos os CDs, e como qualquer comprador habitual de discos, também o "Improvisos Ao Sul" costuma aproveitar as Feiras do Disco para efectuar algumas compras a preços muito convidativos. Desta vez, numa feira que teve lugar no passado fim de semana na cidade de Beja, as compras foram as seguintes:

Arild Andersen - "Molde Concert" (ECM, 1982)
Disco gravado ao vivo durante o Festival de Jazz de Molde, em Agosto de 1981, em que o contrabaixista norueguês é acompanhado por Bill Frisell (guitarra), John Taylor (piano) e Alphonse Mouzon (bateria).

Keith Jarrett / Gary Peacock / Jack DeJohnette - "Inside Out" (ECM, 2001)
Quatro temas da autoria de Keith Jarrett e um standard, gravados ao vivo por Jarrett (piano), Peacock (contrabaixo) e DeJohnette (bateria), no Royal Festival Hall, em Londres, nos dias 26 e 28 de Julho de 2000. Excelente a re-leitura de "When I Fall In Love".

Gary Peacock - "Voice From The Past Paradigm" (ECM, 1982)
O veterano contrabaixista Gary Peacock, senhor uma extraordinária sonoridade, é acompanhado neste disco por Jan Garbarek (sax tenor e soprano), Tomasz Stanko (trompete) e Jack DeJohnette (bateria). Fabulosos diálogos Garbarek/Stanko, suportados pela hercúlea secção rítmica Peacock/DeJohnette.

Archie Shepp - "Four For Trane" (Impulse, 1964)
Como o próprio nome indica, Shepp atira-se de cabeça (e pulmões) a quatro temas da autoria de John Coltrane ("Syeeda´s Song Flute", "Mr. Syms", "Cousin Mary" e "Naima"). Neste disco, gravado nos estúdios de Rudy van Gelder em Agosto de 1964, Shepp é acompanhado por John Tchcai (sax alto), Alan Shorter (trompete), Roswell Rudd (trombone), Reggie Workman (contrabaixo) e Charles Moffett (bateria). Aos quatro temas de Coltrane, junta-se nesta edição "Rufus (Swung, his face at last to the wind, then his neck snapped)", da autoria do próprio Shepp.

Bernardo Moreira Sexteto - "Ao Paredes Confesso" (Universal, 2003)
Finalmente! Estava para comprar este disco desde que o mesmo saiu, em 2003. O preço foi agora irresistível! Sendo um grande apreciador da música de Paredes, estava muito curioso para ouvir a leitura jazzística construída sobre os seus temas. O sexteto de Bernardo Moreira (contrabaixo) é composto pelo seu irmão João Moreira (trompete), André Fernandes e Nuno Ferreira (guitarra eléctrica), André Sousa Machado (bateria) e Quiné (percussões). Pedro Moreira toca sax soprano num tema. Quatro temas originais de Carlos Paredes (Dança dos Montanheses", "Verdes Anos", "Sede e Morte" e "Variações Sobre uma Dança Popular") juntam-se a três da autoria do Bernardo Moreira ("Canção para Carlos Paredes", "Casa do Alto" e "Ao Paredes Confesso").

segunda-feira, maio 24, 2004

Duke morreu há 30 anos 


in www. dukeellington.com
(Cortesia de: The Motion Picture and Television Photo Archive)

"It don’t mean a thing if it ain’t got that swing."

Completam-se hoje 30 anos sobre a morte de um dos mais importantes compositores, pianistas e directores de orquestra do século XX: Edward Kennedy Ellington, mais conhecido por "Duke". Personificou ao longo da sua carreira uma das mais consistentes visões musicais da história do jazz, quer no seu trabalho como compositor quer como aglutinador de um conjunto de solistas, que o ajudaram a definir uma sonoridade característica, ao longo de mais de 50 anos.

Duke Ellington tornou-se numa das poucas figuras do jazz a inscrever o seu nome ao lado dos mais importantes compositores do cancioneiro norte americano do século XX, como Irving Berlin, George Gershwin, Harold Arlen ou Richard Rodgers. Deixou temas imortais e absolutamente imprescindíveis, tais como "In A Sentimental Mood", "Mood Indigo", "Solitude," "Don't Get Around Much Anymore", só para lembrar alguns.

Duke Ellington nasceu a 29 de Abril de 1899, tendo crescido num ambiente de classe média em Washington, D.C. Começou a tocar piano com apenas 7 anos de idade, adoptando desde logo os estilos da moda: o ragtime e o stride. Chegou a Nova Iorque com os Elmer Snowden's Washingtonians. Após o partida do líder, Ellington assumiu a liderança desta formação, o que o deixou à frente de um grupo invejável de músicos, entre os quais Otto Hardwick, Fred Guy ou Sonny Greer, aos quais se juntariam mais tarde Cootie Williams, Johnny Hodges e Harry Carney, que ficariam com ele até aos anos 60.

Entre 1924 e 1935, viveu-se um período de mudanças ao nível da instrumentação, com o contrabaixo e a guitarra a substituírem a tuba e o banjo, respectivamente. Lawrence Brown foi responsável por um inovador som de trombone, que também ajudou à definição da sonoridade marcante da orquestra de Duke Ellington. Deste período datam temas históricos como "Black And Tan Fantasy", "Creole Love Call" e "Rockin' In Rhythm", a partir dessa altura clássicos completamente incontornáveis.

O período de maturidade começa em meados da década de 30, e cresce até ao que muitos consideram o "pico" da orquestra de Ellington, entre 1940 e 1945, de que o contrabaixista Jimmy Blanton e o saxofonista tenor Ben Webster foram, entre outros, destacados protagonistas. "Jack The Bear", "Concerto For Cootie", "Ko Ko", "Cotton Tail" e o genial "Take The A Train", criado em conjunto com Billy Strayhorn, são referências incontestadas. Este período estendeu-se para uma fase de grande fôlego e ambição criativa, com a composição do épico "Black, Brown And Beige" (1943).

O período moderno começa por volta de 1951, com a entrada do baterista Louis Bellson para o lugar de Sonny Greer (Bellson, após três anos de permanência, foi substituído por Sam Woodyard)e com o regresso, após cinco anos de ausência, de Johnny Hodges, com Ellington revigorado e a olhar para a frente.

A apresentação histórica de "Diminuendo And Crescendo In Blue", no Festival de Jazz de Newport, em 1956, constituiu como que o início de uma nova "época de ouro" para Duke Ellington, com a composição e produção de obras marcantes, como "Such Sweet Thunder" (1957) ou "The Far East Suite" (1966).

Arrepiante a fotografia de Elligton, num concerto em Cascais, com um ramo de cravos vermelhos em cima do piano. Profeticamente, um ano anos do 25 de Abril.

Duke Ellington morreu com cancro a 24 de Maio de 1974, faz hoje 30 anos.

domingo, maio 23, 2004

The Rhapsody Collection em DVD 

O mercado tem sido inundado por reposições, em DVD, de séries televisivas, de filmes e documentários. Finalmente chegou a vez do jazz! No próximo dia 21 de Junho, vai ser lançada em DVD, no Reino Unido, uma das mais importantes colecções de filmes relacionados com o jazz, a "The Rhapsody Collection". Trata-se de um conjunto de documentários, concertos ao vivo e filmes biográficos, rodados a partir de meados da década de 50 pelo realizador Bruce Riker. Entre os títulos a lançar contam-se "The Universal Mind of Bill Evans", "After Hours featuring Roy Eldrige, Coleman Hawkins, Milt Hinton and Cozy Cole" e "Sweet Love, Bitter", um filme de ficção baseado nos últimos anos de vida de Charlie Parker. Uma segunda fornada de DVDs será lançada a 26 de Julho, onde serão incluídos títulos como "Art Ensemble of Chicago in Concert" e "Zoot Sims Quartet in Concert". Outros 16 DVDs serão lançados até ao final do ano, incluindo filmes sobre Charlie Mingus e Eric Dolphy. Não sei se esta colecção será distribuída em Portugal. Mas estará sempre à distância de um clique...

sábado, maio 22, 2004

Jazz Real 

Não pude esconder a minha surpresa quando me disseram que os primeiros sons que se ouviram num dos pontos por onde passaria, minutos depois, o cortejo nupcial de Felipe de Borbón e Letizia Ortiz, foram de jazz dos anos 20! Sintonizei a TSF e, no meio do ruído da multidão histérica, lá se conseguia ouvir o som de uma banda de jazz. Francamente desconheço se os recém-casados nutrem alguma simpatia pelo jazz, mas não deixa de ser sintomática, e de alguma forma um sinal dos tempos, que numa boda real seja escutada música tão genuinamente plebeia.

sexta-feira, maio 21, 2004

Programa de hoje 

Por ser sexta-feira, é dia para o ar, entre as 23h00 e as 24h00, mais uma edição do "Improvisos Ao Sul", na Rádio Voz da Planície (104.5 FM - Beja). Nesta emissão, destacaremos algumas novidades discográficas (Brad Mehldau, Wynton Marsalis, DEP, Diana Krall, etc.) e teremos também as habituais notícias, agenda de espectáculos (com destaque para os festivais de Almodôvar e Odemira), outras sugestões, etc.. Faremos ainda uma breve apreciação ao concerto de Jan Garbarek, que teve lugar no passado dia 14 de Maio no CCB. Jazzamos logo à noite?

quinta-feira, maio 20, 2004

1º Festival de Jazz de Odemira 

Multiplicam-se os festivais de jazz no Baixo Alentejo! Depois de Aljustrel e Almodôvar, o "Improvisos Ao Sul" recebeu agora uma excelente notícia vinda de Odemira, onde se vai realizar o "Tass Jazz - 1º Festival de Jazz de Odemira", durante todas as sextas-feiras do próximo mês de Junho. Esta iniciativa, organizada pela Câmara Municipal de Odemira, vai contar com quatro espectáculos de entrada livre, que decorrerão no Jardim da Fonte Férrea. O programa completo deste festival é o seguinte:

4 de Junho (21h30)
Os Macacos das Ruas de Évora
Formados por Jean-Marc Charmier (trompete), Corrado Floriddia (sax alto), Alípio Carvalho Neto (sax tenor), Gonçalo Lopes (clarinete), Gregg Moore (tuba) e Rui Gonçalves (percussão), os "Macacos das Ruas de Évora" apresentam um espectáculo bem humorado, onde cruzam sons do jazz primitivo com influências de várias partes do mundo. Antes do espectáculo na Jardim da Fonte Férrea desfilarão pelas principais ruas de Odemira.

11 de Junho (21h30)
Kiko
Kiko é considerado o mais importante vocalista nacional de jazz e blues da actualidade. O seu álbum de estreia, "Raw", é extraordinário, apresentando influências variadas, que vão do jazz ao blues, passando pelo R&B e pela pop. Será acompanhado por Paulo Pinto (guitarra), Paulo Gomes (piano), Pedro Barreiros (contrabaixo) e Bruno Pedroso (bateria).

18 de Junho (21h30)
New Orleans Jazz Band
Banda originária do Algarve, é composta por John Ballinger (voz/trombone), Dave Lawson (clarinete/sax tenor), Dougie Boyter (banjo), Hans Hummerling (piano) e Tony Scriven (bateria). Tocam jazz ao estilo de Nova Orleães, alegre e bem disposto. Em perspectiva um concerto animado.

25 de Junho (21h30)
TGB
Este trio, de inusitada combinação instrumental, formado por Mário Delgado (guitarra), Sérgio Carolino (tuba) e Alexandre Frazão (bateria), acaba de lançar o seu álbum de estreia ("Tuba, Guitarra & Bateria") para a editora Clean Feed. Grandes músicos, que já nos habituaram a concertos extremamente dinâmicos, onde misturam temas originais com versões de temas de Carlos Barretto, Jorge Palma, Led Zepellin, etc..

O "Improvisos Ao Sul", que endereça aos organizadores deste Festival as maiores felicidades, vai ficar atento ao desenrolar do mesmo, e aqui dar conta das novidades.

Jzz ou o jazz sem vogais 

Duke Ellington: "Playing "bop" is like playing Scrabble with all the vowels missing".

quarta-feira, maio 19, 2004

Morreu Elvin Jones 


in www.duke.edu

O baterista Elvin Jones morreu ontem, na sequência de complicações cardíacas, num hospital de New Jersey, aos 76 anos. Elvin Ray Jones nasceu em Pontiac, no estado norte americano do Michigan, numa família com 10 irmãos, entre os quais os também famosos Hank, pianista, e Thad, trompetista e director de orquestra. Começou a ser conhecido na cena jazz de Detroit no final dos anos 40, tendo-se mudado para Nova Iorque em 1955, onde chegou a ser rejeitado em audições para a orquestra de Benny Goodman. Passa então a integrar a formação de Charlie Mingus. Juntou-se ao quarteto de John Coltrane em 1960, tendo tocado em algumas das suas mais importantes gravações, incluindo o "Live at the Village Vanguard" e o eterno "A Love Supreme". Para além dos nomes já referidos, tocou ao longo da sua rica e vasta carreira com Duke Ellington, Charlie Parker e Miles Davis, entre muitos outros. Mais recentemente formou a Elvin Jones' Jazz Machine, bem como editou discos a solo e com outras colaborações. Visitou-nos em 1972 e em 1992. O jazz fica mais pobre com a sua partida.

terça-feira, maio 18, 2004

ScoLoHoFo 

Scofield John
Lovano Joe
Holland Dave
Foster Al
Todos grandes
Juntos
"Oh"
Alegria
"The Winding Way"
Gozo
"Bittersweet"
Talento
"In Your Arms"
Sempre
É grande o JAZZ.

Novidades ECM 

A editora alemã ECM tem no mercado discográfico algumas novidades interessantes:

Charles Lloyd/Billy Higgins - "Which Way Is East"
Charles Lloyd (saxofones, flauta, taragato, piano, percussão, voz) e Billy Higgins (bateria, guitarra, percussões, voz).

Enrico Rava Quintet - "Easy Living"
Enrico Rava (trompete), Gianluca Petrella (trombone), Stephano Bollani (piano), Rosario Bonaccorso (contrabaixo) e Roberto Gatto (bateria).

Jacob Young Group - "Evening Falls"
Jacob Young (guitarra), Mathias Eick (trompete), Vidar Johansen (clarinete baixo), Mats Eilertsen (contrabaixo) e Jon Christensen (guitarra).

Marilyn Crispell Trio - "Storyteller"
Marylin Crispell (piano), Mark Helias (contrabaixo) e Paul Motian (bateria).

Arild Andersen - "The Triangle"
Arild Andersen (contrabaixo), Vassilis Tsabropoulos (piano) e John Marshall (bateria).

John Abercrombie Quartet - "Class Trip"
John Abercrombie (guitarra), Mark Feldman (violino), Marc Johnson (contrabaixo) e Joey Baron (bateria).

O "Improvisos Ao Sul" está especialmente curioso para escutar o disco da dupla Charles Lloyd/Billy Higgins, o do trompetista italiano Enrico Rava e o do John Abercrombie Quartet. A descobrir.

segunda-feira, maio 17, 2004

Jazzman Mai04 

Já tenho nas mãos o número de Maio da revista francesa "Jazzman", a meu ver uma das mais interessantes revistas europeias dedicadas ao jazz. Na capa um Fats Waller sorridente, remete-nos para um artigo sobre a comemoração do centenário do nascimento do pianista, organista, vocalista e entertainer (recorde-se que Fats Waller nasceu no Harlem, Nova Iorque, a 24 de Maio de 1904), intitulado "Les Mélodies du Bonheur". Mas há muito mais para ler neste número de Maio. Desde logo, uma entrevista com o "multi-saxofonista, poli-instrumentista,..." Anthony Braxton, sob o título "État d´Urgence". Destaque também para um artigo sobre a fileira norueguesa da ECM, editora alemã baseada em Munique e dirigida por Manfred Eicher, que desde sempre tem prestado especial atenção ao panorama jazz do norte da Europa, em geral, e do norueguês, em particular (vidé Jan Garbarek, Arild Andersen, Jon Christensen, Terje Rypal e, mais recentemente, Tord Gustavsen e Jacob Young, por exemplo), para um perfil do guitarrista britânico Allan Holdsworth, figura importante no movimento jazz-rock em Inglaterra, e para a secção "At Home...", este mês com o pianista austríaco Joe Zawinul. Este interessante número completa-se com as habituais críticas a discos ("CD Review"), a agenda de espectáculos, rádio e televisão, o correio dos leitores, etc..

domingo, maio 16, 2004

Hasta Siempre, Garbarek! 

Começo desde já por dizer que sou suspeito. Tudo o que for escrito seguidamente provém de alguém que admira profundamente a música de Jan Garbarek. Com um fascínio quase místico. "In my best moments I hope to give meaning to every note", disse um dia o saxofonista norueguês. Nos dias que precederam o concerto que marcou o seu regresso a Portugal, li algures um texto de alguém que o considerava o "feiticeiro dos sons". No folheto distribuído aos presentes pode ler-se que Garbarek trabalha os sons como "um ferreiro japonês trabalharia o ferro para fabricar uma espada de samurai". No concerto de sexta-feira à noite no Centro Cultural de Belém, Jan Garbarek presenteou-nos, ao longo de duas horas de concerto, com a sua sonoridade mágica tão característica, em longas deambulações sonoras, que evocam diferentes ambientes, do Norte da Europa, à Ásia, passando pela América Latina. "The north and nature, song and mystery", assim definiu as suas origens. Uma amálgama de sons burilada meticulosamente ao longo dos anos. Uma multiplicidade de influências que tem caracterizado a sua evolução musical, alicerçada em experiências que vão do jazz mais tradicional, à música erudita, passando pelo folk e pela chamada world music. Um caldeirão onde cabem muitos ingredientes. A acompanhar o saxofonista estiveram o pianista alemão Rainer Brüninghaus, seu companheiro de longa data, artífice de texturas sonoras, ora ao piano (onde o prefiro), ora nos teclados, servindo de suporte aos voos de Garbarek. Eberhard Weber, contrabaixista alemão, fez um excelente solo e esteve bem nos célebres uníssonos com Garbarek. A percussionista dinamarquesa, mas nascida em Nova Iorque, Marilyn Mazur, com todo o seu arsenal rítmico, composto pelos mais variados, tambores, pratos e pelos mil e um outros acessórios, rubricou um dos momentos altos da noite, também com um excelente solo. Na sua postura tipicamente nórdica, Jan Garbarek nunca se dirigiu verbalmente ao público, apenas sorriu e agradeceu. O desenho luminotécnico do palco foi simples, mas muito eficaz, ajudando na criação de ambientes envolventes, também do ponto de vista visual. A grande surpresa da noite estava marcada para o final do espectáculo. Depois de uma longa salva de palmas, Garbarek e companheiros regressaram ao palco para interpretarem "Hasta Siempre", um tema original do músico cubano Carlos Puebla dedicado a Che Guevara, com Garbarek a soprar ferozmente o seu sax tenor. Um final inesperado para um concerto inolvidável.

sexta-feira, maio 14, 2004

Emissão de hoje 

Como é sexta-feira, vai para o ar, entre as 23h00 e as 24h00, mais uma edição do "Improvisos Ao Sul", na Rádio Voz da Planície (104.5 FM - Beja). Nesta emissão, teremos as habituais notícias, agenda de espectáculos, etc.. Ouviremos John Scofield, Jan Garbarek, Kiko, Pedro Madaleno, entre outras propostas. Na segunda parte do programa, vamos dedicar alguma atenção à carreira do pianista canadiano Oscar Peterson, em particular ao disco "The Sound of the Trio". Esperamos por todos logo à noite!

Garbarek hoje! 


Fotografia de Rolf M. Aagaard

É hoje o tão aguardado concerto de Jan Garbarek. O músico norueguês vem acompanhado por Rainer Brüninghaus (piano e teclados), Eberhard Weber (contrabaixo) e Marilyn Mazur (percussões). A celebração está marcada para as 21h00, no Centro Cultural de Belém, mesmo à beirinha do Tejo. O "Improvisos Ao Sul" vai lá estar (mas garante que não é omnipresente... é que a rádio permite milagres destes...) e promete depois contar como foi.

quinta-feira, maio 13, 2004

"Maio, Lindo Maio" em Portimão 

Portimão recebe a partir de hoje o Festival de Jazz "Maio, Lindo Maio", que terá lugar na renovada zona ribeirinha. O programa deste festival é o que se segue:

Quinta-feira, 13 de Maio
Quinteto de KIKO (21h30)
A "voz" masculina portuguesa de jazz. A não perder!

Sexta-feira, 14 de Maio
Quarteto de Pedro Madaleno (21h30)
Pedro Madaleno (guitarra), Lukas Fröhlich (trompete), Nelson Cascais (baixo) e José Salgueiro (bateria).

Sábado, 15 de Maio
Quinteto de Jazz a Sul (21h30)
Jorge Reis (saxofones), Fernando Raimundo (piano), Manuel da Avó (guitarra), António Correia (baixo eléctrico e contrabaixo) e Zé Soares (bateria).

Domingo, 16 de Maio
Funkarmónica (15h45)
Quarteto Good Vibes (21h30)

Todos os concertos têm lugar no Anfiteatro do Parque de Feiras e Exposições de Portimão. O acesso poderá ser feito pela entrada principal e pela Ponte Ferroviária - zona ribeirinha de Portimão. A entrada vale € 2,00 (inclui 1 sangria). E que tal um saltinho ao Algarve?

Confuso 

Miles Davis sobre Wynton Marsalis:

"I really liked Wynton [Marsalis] when I first met him. He’s still a nice young man, only confused."

quarta-feira, maio 12, 2004

Programação JACC Maio 04 

Sob o lema "À sexta-feira, razões para gostar de jazz", o Jazz Ao Centro Clube continua a proporcionar concertos de jazz à sexta-feira à noite. O programa para este mês de Maio é o seguinte:

14 Maio
Joana Rios canta Ella Fitzgerald
Joana Rios (voz), Bruno Santos (guitarra) e Bernardo Moreira (contrabaixo).
A voz inesquecível de Joana Rios envolve-nos numa atmosfera a que ninguém fica indiferente.

21 Maio
Quarteto Doris Anita
Doris Anita (voz), Rui Caetano (piano), Hugo Antunes (contrabaixo) e Gualdino Barros (bateria).
Melodias latinas, sabores brasileiros, batida funky num fundo de jazz "mainstream".

28 Maio
Rodrigo Gonçalves "Tribology"
José Pedro Coelho (saxofone), Rodrigo Gonçalves (Fender Rhodes), Nelson Cascais (contrabaixo) e João Rijo (bateria).
A novidade do CD "Tribology" adaptado para a estreia em Coimbra.

O "Jazz Ao Centro Clube" fica situado no 1º andar do SCOTCH, em Santa Clara, Coimbra. Mais informação em www.jacc.pt e pelo telefone 917 270 387.

Acabar com os blogues? 

Foi com total perplexidade que também ouvi esta manhã na Antena 1 que a ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações) pretendia acabar com os blogues, devido ao facto de "que estes sítios são frequentemente utilizados para difamação", segundo teria dito ao Expresso Online Pedro Amorim, especialista em direito para as novas tecnologias da informação. Leia mais aqui.

É evidente que, tratando-se de uma forma de comunicar totalmente democrática, possa haver quem a use de forma menos elegante, digamos. Tendo em conta o panorama que conheço, e particularmente o da nossa região, não é, de todo, o clima que se vive.

Entretanto, e para grande alívio da blogosfera, a referida notícia já foi desmentida.

Como o povo diz, não há fumo sem fogo... O melhor mesmo é continuar alerta...

terça-feira, maio 11, 2004

2º Festival Maio Jazz em Almodôvar 


in www.cm-almodovar.pt

Um Festival de Jazz no Alentejo é sempre um motivo de grande satisfação e orgulho. E de coragem. Sinal de que por aqui também há gente apaixonada por estas músicas e disposta a divulgá-las. Desta vez cabe a Almodôvar receber o 2º Festival de Jazz, entre os próximos dias 20 e 22 de Maio. O programa do 2º Festival de Jazz de Almodôvar é o seguinte:

Quinta-feira, 20 de Maio
Soles Modernes
Trio composto por Ricardo Coelho (piano), André Capeta (sax soprano e flauta) e João Melro (bateria), que pretende conciliar o jazz e a música clássica, fundindo o piano com a flauta e o saxofone soprano, suportados pela bateria, dando espaço à criação de um atmosfera particular, tanto em termos de cenário burlesco da "Ópera do Malandro", de Kurt Weill e Bertold Brecht, como também dos tangos de Astor Piazzola, mergulhando no universo jazzístico de Dave Brubeck ("Blue Rondo A La Turk" e "Take Five") e de John Coltrane ("Equinox").

Sexta-feira, 21 de Maio
Trape-Zape
Formado por Fernando Guiomar (guitarra acústica), Vasco Sousa (contrabaixo) e João Luís Lobo (bateria e percussões), este trio, nascido em 1999, pratica uma música de fusão, acústica, contemporânea, combinando vários linguagens e abrindo espaço para a improvisação. A sua sonoridade incorpora igualmente elementos do flamenco ou da bossa nova, passando ainda pelo chamado jazz rock progressivo. Apresentam o seu CD de estreia.

Sábado, 22 de Maio
Quinteto de Sílvia Nazário (Tributo a Elis Regina)
Originária do Brasil, Sílvia Nazário é uma cantora que já actuou um pouco por todo o mundo, desde Espanha, Inglaterra, Índia, África, etc.. Na sua discografia contam-se trabalhos como "Menino dos Olhos do Sol", "Acorda Anjo" ou "Tupi Mata Verde". "Eles e Elis" é um projecto que pretende homenagear a grande cantora brasileira Elis Regina. Sílvia Nazário interpreta no seu espectáculo temas dos compositores preferidos de Elis, assim como as primeiras canções que Elis gravou no início da sua carreira. Será acompanhada neste espectáculo por Cláudio Kumar (guitarra acústica), Victor Zamora (piano e teclados), Nuno Correia (contrabaixo) e Paulo Rosa (bateria).

Todos os espectáculos terão início às 21h30 no Cine-Teatro Municipal de Almodôvar. Paralelamente decorrerá uma feira do disco de jazz, da responsabilidade da Trem Azul. O "Improvisos Ao Sul" endereça aos organizadores deste evento votos de sucesso.

XXIII Estoril Jazz - Jazz Num Dia de Verão 

Entre 3 de 11 de Julho vai decorrer no Auditório Fernando Lopes Graça / Parque Palmela, o XXIII Estoril Jazz / Jazz Num Dia de Verão 2004, uma produção Projazz / DMproduções, que, continuando a saudável tradição de trazer a Portugal grandes nomes da cena jazz internacional, vai contar este ano com a presença dos saxofonistas Kenny Garrett e Brandford Marsalis, e também de outros nomes deveras interessantes. Este ano o apelativo cartaz é o seguinte:

Sábado, 3 de Julho
Trio de Mark Shim (Concerto de homenagem a Joe Henderson) (19h00)

Quarta-Feira, 7 de Julho
Quarteto de Kenny Garrett (21h30)

Quinta-Feira, 8 de Julho
Quarteto de Branford Marsalis (21h30)

Sexta-Feira, 9 de Julho
The Randy Brecker/Bill Evans Soulpop Band (21h30)

Sábado, 10 de Julho
Clayton - Hamilton Jazz Orchestra (19h00)

Domingo, 11 de Julho
Jazz at Palmela Park (19h00)

segunda-feira, maio 10, 2004

Telepatia 

Brad Mehldau não pára. Depois de inúmeras colaborações, entre as quais refiro a presença no disco do saxofonista valenciano Perico Sambeat ou o disco partilhado com Joel Frahm, está de volta com o seu trio, em que o pianista partilha os créditos com o contrabaixista Larry Grenadier e o baterista Jorge Rossy. O novo disco chama-se "Anything Goes" (Warner, 2004). Trio de formato clássico, tem apostado na exploração do universo dos standards de uma forma muito particular, incorporando não só temas clássicos do repertório jazz, mas também temas do universo pop/rock mais recente, conferindo-lhes um roupagem jazzística, sempre interessante e estimulante do ponto de vista criativo. No campo mais ligado à tradição do jazz, merecem destaque as leituras de temas de Cole Porter ("Anything Goes"), Thelonious Monk ("Skippy") e do calmo e introspectivo "Nearness Of You", de Hoagy Carmichael. Fiquei, porém, especialmente agradado com a fantástica e inesperada versão de "Still Crazy After All These Years", de Paul Simon, e com a desconstrução de "Everything In Its Right Place", dos Radiohead, grupo britânico particularmente apreciado por Mehldau, de quem, aliás, já tinha feito outra versão. O jornal "New York Times" referiu que se trata de um trio telepático. Em minha opinião, é um disco interessante, de um trio com provas dadas, mas que me parece estar prestes a esgotar esta fórmula. Urge procurar novos caminhos, para evitar a estagnação criativa que vislumbro no horizonte...

domingo, maio 09, 2004

Do que um homem é capaz 


in pwp.netcabo.pt

José Mário Branco é um génio. Ponto final. Dos poucos que a música portuguesa tem. Depois de José Afonso (José Mário Branco foi, aliás, responsável pela direcção musical e pelos arranjos dos seminais "Cantigas do Maio" e "Venham Mais Cinco"), José Mário Branco é, na minha opinião, a par de Fausto e de Sérgio Godinho, o mais importante nome da música portuguesa dos últimos 40 anos. Muito tempo depois do último disco de originais ("Correspondências", 1990), José Mário Branco regressou, este ano, com o magistral "Resistir É Vencer" (nome inspirado no lema de resistência do povo timorense), apresentado ao vivo nos Coliseus do Porto (a 1 de Maio) e dos Recreios, em Lisboa, na passada sexta-feira à noite, concerto a que o "Improvisos Ao Sul" teve a oportunidade e o privilégio de assistir. Acompanhado em palco por 23 músicos da fina flor portuguesa (incluindo uma secção de sopros, outra de cordas e um coro), onde pontificavam nomes como os José Peixoto (guitarra), Yuri Daniel (contrabaixo), Jorge Reis (saxofones), Tomás Pimentel (trompete) ou Rui Júnior (percussão), José Mário Branco interpretou, por ordem sequencial, quase todos os temas de "Resistir É Vencer" (só faltou mesmo "Elogio de Caeiro", o tema que encerra o disco). Deu mais um vez mostras de uma extraordinária maturidade musical, em termos de composição, arranjos requintados e orquestrações luxuriantes, que servem de suporte para as palavras, sempre as palavras, cáusticas e mordazes, em relação ao país e ao mundo em que vivemos. Um verdadeiro murro no estômago. A música, essa, é bela de morrer. José Mário Branco igual a si mesmo. Do deliciosamente jazzístico "Onofre", ao intenso e dramático "Tenho Dó das Estrelas" (com poema de Fernando Pessoa), passando pelo sublime "As Contas de Deus", por "Amor Gigante", "Eram Mais de Cem", "A Vida Rompeu" ou "Do que um Homem é Capaz". Surpresa completa foi a miraculosa aparição de Fausto, que cantou "Canto dos Torna-Viagem". Para o final ficou reservado um medley com temas históricos da carreira de José Mário Branco, como "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades", "FMI", "A Cantiga É Uma Arma" ou "Qual É a Tua, Ó Meu?", interpretados de forma absolutamente majestosa pelas crianças do Coro dos Gambuzinos. Acontecimento raro, ver José Mário Branco ao vivo. Mas sempre uma experiência musical inolvidável. Engajamento político? Quando, num compasso de espera entre dois temas, alguém gritou da plateia "Ser Solidário"!!, José Mário Branco respondeu: "Sempre!". Estava a resposta dada.

sexta-feira, maio 07, 2004

Emissão de hoje 


in drummerworld.com (© Rodney Harrison, N.Y.)

Como hoje é sexta-feira, vai para o ar, entre as 23h00 e as 24h00, mais uma edição do "Improvisos Ao Sul", na Rádio Voz da Planície (104.5 FM - Beja). Nesta emissão, para além das habituais notícias, agenda de espectáculos, sugestões, etc., vamos ouvir Zé Eduardo, Maria João e Mário Laginha, Carlos Bica, etc.. Na segunda parte vamos dedicar alguma atenção à carreira do extraordinário baterista Jack DeJohnette, a propósito do disco "New Directions" (ECM, 1978). Estamos a contar com todos vós para jazzar logo à noite!

quinta-feira, maio 06, 2004

Jazz britânico em série da BBC 

A BBC TV está a produzir um documentário em 3 partes sobre a história do jazz na Inglaterra, desde a Segunda Guerra Mundial até à actualidade. Neste documentário olha-se para a influência pioneira do be bop sobre os músicos que estiveram na génese do jazz britânico moderno, como Ronnie Scott, John Dankworth, Tubby Hayes ou Don Rendell, e para a revolução vivida na década de 60, com o aparecimento do jazz eléctrico e de fusão, em grupos como os Nucleus ou os Colloseum. Também são abordados os anos 80, com o revivalismo e o chamado acid jazz (fusão com as electrónicas, etc.). A BBC tem estado a compilar contribuições de amantes do jazz (fotografias, filmes, etc.) no sentido de reavivar toda essa memória, desde os clubes ilegais do final dos anos 40 até aos grandes festivais de hoje. Será que alguma produtora nacional pegará um dia no livro que o nosso amigo João Moreira dos Santos está a preparar sobre a história do jazz em Portugal, transpondo-a para a televisão? A RTP tem um arquivo histórico fabuloso e muito mal aproveitado...

quarta-feira, maio 05, 2004

Benny Green & Russell Malone 

O Grande Auditório da Culturgest, em Lisboa, recebe hoje, a partir das 21h30, um espectáculo com o pianista Benny Green e o guitarista Russell Malone. Ambos com 41 anos, Benny Green e Russell Malone foram discípulos do mítico contrabaixista Ray Brown, sendo amigos desde então. A música deste duo transmite as características fundamentais desenvolvidas por Brown: técnica perfeita, arranjos arrojados e um feeling descontraído. Benny Green nasceu em Nova Iorque e iniciou-se no piano clássico, aproximando-se progressivamente do jazz. Tocou com Art Blakey, Betty Carter, Freddie Hubbard e Oscar Peterson, que o escolheu como protegido. Russell Malone nasceu em Albany e chegou à música através da Igreja. É um músico autodidacta, muito influenciado por músicos como B.B. King, Wes Montgomery, George Benson, Kenny Burrell. Vêm apresentar o CD "Jazz At The Bistro", dedicado a Ray Brown. Um concerto interessante em perspectiva.

terça-feira, maio 04, 2004

Baixem o IVA já! 

Numa altura em que a indústria discográfica acumula prejuízos, soube-se que o IVA sobre os bens culturais vai baixar em Espanha. A recém eleita Ministra da Cultura espanhola, Carmen Calvo, anunciou na semana passada que o IVA sobre os produtos musicais vai baixar de 16% para 4%, ao passo que o aplicado sobre os livros se vai fixar em 1%. A justificação dada para esta significativa redução prende-se com o fomento do acesso dos cidadãos à cultura e, também, com o combate ao florescente negócio da pirataria. Recorde-se que, em Portugal, o IVA sobre CDs e DVDs se situa nos 19%, enquanto que a taxa sobre os livros é de 5%. Quem gosta de comprar CD, DVDs e livros sabe bem os preços proibitivos a que os mesmos artigos se encontram. O "Improvisos Ao Sul", que desde sempre tem pugnado pela redução do IVA nos bens culturais, espera que o Governo português siga este exemplo e baixe, de uma vez por todas, o IVA dos CDs, dos DVDs e dos livros!!

Bica de luz 

No ano em que comemora o seu 20º aniversário, o jornal "Blitz" tem vindo a publicar todas as semanas uma série de 52 entrevistas/perfis com os nomes mais importantes da música em Portugal dos últimos 20 anos, sejam eles músicos, jornalistas, divulgadores, etc.. Na edição de hoje a vez cabe ao contrabaixista e compositor Carlos Bica. Radicado na Alemanha desde 1981, para prosseguir estudos clássicos de contrabaixo, Carlos Bica tem vindo a construir uma sólida carreira, quer com o seu projecto Azul (com Frank Möbus e Jim Black) quer nas inúmeras participações em gravações de outros músicos, como José Mário Branco, Carlos do Carmo, João Paulo, Maria João, entre outros, onde tem espalhado o perfume do seu contrabaixo. Assume influências de muitas formas de fazer música, destacando os nomes, tão díspares, de Bach, Miles Davis, Frank Zappa, Stravisnky, Bill Evans ou Phillip Glass. No contrabaixo, os músicos que mais o influenciaram são Miroslav Vitous, Marc Johnson e Charlie Haden.

Afirma que "O jazz sempre foi a música com mais abertura, para poder sofrer influências".

O trombonista Ray Anderson também exerceu em Carlos Bica uma influência determinante, por lhe ter incutido o espírito de que "(...) Estou aqui, sou músico, estou a divertir-me. Não tem medo deste mundo, do que vai acontecer. Esses medos são o inimigo número um da criatividade".

segunda-feira, maio 03, 2004

Jaç 

Já está nas bancas o número 1 da primeira de revista de jazz em catalão, de seu nome "Jaç, la revista de jazz, blues i musiques improvisades". A acompanhar este número inaugural, com data do Inverno 2003-2004, um CD com os músicos mais representativos do panorama catalão. Quem estiver curioso e interessado em saber mais sobre esta publicação, pode ligar para o 00 34 93 237 08 05, enviar um fax para o 00 34 93 237 03 64, ou ainda enviar um e-mail para jazz@enderrock.com.

domingo, maio 02, 2004

Até que enfim, Percy! 

Percy Heath é uma das lendas vivas do contrabaixo. Tem hoje 80 anos. Tocou durante 43 anos com o Modern Jazz Quartet, tendo participado em mais de 300 gravações, ao lado de nomes como Miles Davis, Clifford Brown, Fats Navarro, Dizzy Gillespie, Horace Silver, entre muitos outros. Muitos anos depois, acaba de lançar o seu álbum de estreia como líder, "A Love Song" (Daddy Jazz, 2004). Acompanham Percy Heath (contrabaixo e violoncelo), Jeb Patton (piano), Peter Washington (contrabaixo) e o seu irmão Albert "Tootie" Heath (bateria). Afirma Percy Heath a propósito deste disco: "Everything I know is from 40 years of John Lewis [pianista do Modern Jazz Quartet] writing music I couldn´t play and had to learn how to play it. And the experience of playing the instrument for 50-some years." Após mais de 50 anos no topo da montanha do jazz, é caso para se dizer que mais vale tarde que nunca...

sábado, maio 01, 2004

Work Song 

Breaking rocks out here on the chain gang
Breaking rocks and serving my time
Breaking rocks out here on the chain gang
Because they done convicted me of crime
Hold it steady right there while I hit it
Well reckon that ought to get it
Been working and working
But I still got so terribly far to go

I commited crime lord I needed
Crime of being hungry and poor
I left the grocery store man bleeding (breathing? )
When they caught me robbing his store
Hold it steady right there while I hit it
Well reckon that ought to get it
Been working and working
But I still got so terribly far to go

I heard the judge say five years
On chain-gang you gonna go
I heard the judge say five years labor
I heard my old man scream "lordy, no!"
Hold it right there while I hit it
Well reckon that ought to get it
Been working and working
But I still got so terribly far to go

Gonna see my sweet honey bee
Gonna break this chain off to run
Gonna lay down somewhere shady
Lord I sure am hot in the sun
Hold it right there while I hit it
Well reckon that ought to get it
Been workin’ and workin’
Been workin’ and slavin’
An’ workin’ and workin’
But I still got so terribly far to go


(Oscar Brown Jr / Nat Adderley)