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quarta-feira, março 31, 2004

Dix Hills 


A casa onde John Coltrane viveu os seus últimos anos de vida, e onde compôs os seus derradeiros trabalhos, entre os quais o eterno "A Love Supreme", localizada na pacata comunidade de Dix Hills (Long Island - Nova Iorque), foi recentemente comprada por um agente imobiliário que, ignorando o passado e o significado da casa, prentendia dividir a propriedade e demolir a casa, para construção de novas e luxuosas habitações. Foi então criado um sítio na internet com o objectivo de dar a conhecer a situação e salvar a casa da demolição, de acordo com o que seria a vontade do próprio Coltrane. Procurou-se então uma solução que fosse ao encontro dos interesses de todas as partes envolvidas. Para saber mais sobre esta situação e acompanhar a sua evolução, pode consultar o sítio Dix Hills.

Diana Krall, onde? 

Para além das óbvias referências jornalísticas ao acontecimento, alguém deu pela vinda de Diana Krall ao Funchal?

terça-feira, março 30, 2004

Something to Remember You By 

Acabo de ver morrer o Louro, o cão do meu pai. Já sem forças, ergueu-se, foi à porta, olhou para a Nessa (o seu amor) e caiu morto. Permitam-me que dedique à sua memória "Something to Remember You By", por Keith Jarrett.

Blues e comboios 

Existem dezenas de blues que remetem para o universo dos comboios. O comboio, como símbolo de movimento, traz liberdade e emancipação pessoal. Mas, ao mesmo tempo, representa uma sensação de perda, de distância, de saudade.

Gonna catch myself a train fifteen coaches long,
When you look for me, I´ll be gone.

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Two-nineteen took my babe away,
Two-seventeen will bring her back some day.

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Gonna lay my head on that old railroad line
And let the two-fifteen pacify my mind.


2ª Festa do Jazz no São Luiz 

O Teatro de São Luiz, em Lisboa, será palco, pelo segundo ano consecutivo, de uma grande festa, onde o jazz é rei e senhor. Ao longo dos dias 3 e 4 de Abril (próximo sábado e domingo) passarão pelo palco daquela sala lisboeta os seguintes nomes:
Tora Tora Big Band (dia 3 - 19h00)
Ensemble Festa do Jazz (dia 3 - 21h30)
Rodrigo Gonçalves "Tribology" (dia 3 - 23h00)
Big Band do Hot Clube de Portugal (dia 4 - 19h00)
Carlos Bica "Azul" (dia 4 - 21h30)
Quinteto de Mário Laginha (dia 4 - 23h00)
Trio de Filipe Melo (dias 3 e 4 - 24h00)
Rui Caetano / João Custódio (dia 3 - 13h00/17h00/ 20h00)
Jesse Chandler / Afonso Pais (dia 4 - 13h00/17h00/ 20h00)

"Masterclasses" com:
Mário Laginha (piano): dia 3, 13h -14h
Carlos Bica (contrabaixo): dia 3, 16h -17h
Alexandre Frazão (bateria): dia 3, 18h -19h
Perico Sambeat (saxofone alto): dia 4, 13h -14h
Julian Argüelles (saxofone tenor): dia 4, 16h -17h
Frank Möbus (guitarra): dia 4, 18h -19h

Escolas de Música:
Orfeão de Leiria (dia 3 - 14h00)
Escola de Jazz de Torres Vedras (dia 3 - 15h00)
Conservatório Escola das Artes - Funchal (dia 3 - 16h00)
Escola de Jazz Luiz Villas Boas (Hot Clube de Portugal) (dia 3 - 17h00)
Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo - Porto
Escola Moderna de Jazz do Seixal (dia 4 - 14h00)
Escola de Jazz do Barreiro (dia 4 - 15h00)
Centro de Estudos e Tecnologias Musicais - Viseu (dia 4 - 16h00)
RIFF - Escola de Música de Aveiro (dia 4 - 17h00)
Associação Grémio das Músicas - Faro (dia 4 - 18h00)

Os bilhetes custam €15 (para um dia) e €20 (para os dois dias). Entre as 13h00 e as 19h00 a entrada (e a saída...) é livre.

O "Improvisos Ao Sul" vai também fazer a festa!!

segunda-feira, março 29, 2004

Jazz no CCB 

A próxima semana no Centro Cultural de Belém será fértil em jazz. Já amanhã, pelas 21h00, toca o Ensemble Fisfüz, com Annette Mayé (clarinete), Michael Bornhak (contrabaixo), Karim Othman-Hassan (oud) e Murat Coskun (percussão). Na quarta-feira, também pelas 21h00, toca o Clarinet Trio, com Juergen Kupke (clarinete), Michael Tieke (clarinete alto e clarinete) e Gebhard Ullman (clarinete baixo). No dia 5 de Abril, igualmente pelas 21h00 será a vez do trio português TGB, com Mário Delgado (guitarra), Sérgio Carolino (tuba) e Alexandre Frazão (bateria). Três propostas que se antevêm interessantes, para ouvir à beirinha do Tejo.

Trumbology 

Chicago nos anos 20 era um caos. Viviam-se os tempos da proibição. A cidade era comandada por gangsters, que controlavam o submundo do jogo, da droga, do álcool e da prostituição. Ajustes de contas e tiroteios eram o pão nosso de cada dia. O jazz era a banda sonora perfeita para este estado de coisas. Foi neste enquadramento, qual oásis no deserto, que despontou um músico de sonoridade requintada, elegante e de grande sensibilidade chamado Bix Beiderbecke. Quando escutamos músicos como Lester Young, Clifford Brown ou Miles Davis surge-nos muitas vezes o fantasma de Bix. Ao morrer com apenas 28 anos, tornou-se uma espécie de herói trágico, martirizado pelo álcool, pelo perfeccionismo e pela solidão. Recordei-o nesta manhã de céu escuro, ao lado de Frankie Trumbauer e da sua orquestra, ouvindo "Trumbology", tema gravado a 4 de Fevereiro de 1927. Era bom que não nos esquecessemos de quem foi Bix Beiderbecke.

domingo, março 28, 2004

Jan Garbarek regressa a Portugal 

Segundo nos informa o nosso amigo João Moreira dos Santos, o saxofonista Jan Garbarek tem concertos marcados para os próximos dias 13 e 14 de Maio, às 21h00, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Este saxofonista norueguês, nascido em 1947, volta, assim, ao nosso país, depois de um histórico concerto nos anos 80. Neste regresso, acompanham Garbarek, Eberhard Weber (contrabaixo), Rainer Brüninghaus (piano) e Marilyn Mazur (percussão). O "Improvisos Ao Sul" tudo fará para não perder este grande acontecimento jazzístico!

sábado, março 27, 2004

Jazz & Chuva 

No meu imaginário, desde sempre o jazz e a chuva formaram um enquadramento quase inexplicável, à beira do místico. Sem pretensões a borda-de-água, também o "Improvisos Ao Sul" apresenta algumas sugestões para servirem de banda sonora a um fim de semana molhado e recatado:
Miles Davis - "Kind of Blue"
Pat Metheny & Charlie Haden - "Beyond the Missouri Sky"
Ben Webster - "Ben Webster & Associates"
Paula Oliveira - "Quase Então"
"Clifford Brown with Strings"
Patricia Barber - "Verse"

sexta-feira, março 26, 2004

Ejazz - o jazz do Brasil 

Para quem quiser saber mais sobre o panorama jazzístico brasileiro, sugiro uma visita ao sítio Ejazz, que se auto-intitula "o site do jazz e da música instrumental brasileira". Lá podemos encontrar, para além de artigos interessantes e de entrevistas a músicos brasileiros e não só, agenda de espectáculos, sugestões de livros, resenhas de CD´s, textos diversos, etc.. Um sítio a visitar para conhecer melhor o jazz a verde e amarelo.

quinta-feira, março 25, 2004

Jazz no Rock in Rio Lisboa? 

O Rock in Rio Lisboa está em toda a parte. Na televisão, na rádio, nos jornais, em outdoors. Ninguém lhe escapa. Coloca-se a questão: haverá espaço para o jazz neste evento? Justificar-se-ia a existência de um palco especial dedicado ao jazz, com concertos e venda de discos, por exemplo? Sim? Não? A este propósito, a revista "C" colocou a questão aos pianistas Bernardo Sassetti e Mário Laginha. As suas respostas foram sintomáticas:
Bernardo Sassetti: "Alugar uma tenda para vender discos de jazz sai muito caro. Deviam vender discos de jazz e depois alugar uma tenda."
Mário Laginha: "Acho que podia, mas que não devia. Tenho até muitas dúvidas quanto ao Rock in Rio ser um festival com perfil para concertos de jazz."
Não tenho uma posição fechada sobre o assunto. A minha convicção pessoal é a de que, embora não seja, obviamente, o espaço ideal para concertos de jazz, penso que até poderia ser interessante um espaço dedicado ao jazz, desde que reunidas as condições técnicas e de programação convenientes. Já houve experiências anteriores, que deram resultados satisfatórios... Poderia ser uma forma de captar a curiosiosidade das pessoas... e de atrair novos públicos para estas músicas. Uma questão para debater.

quarta-feira, março 24, 2004

Criação democrática 

Um dos monstros sagrados da bateria, Max Roach, disse: "Jazz is a very democratic musical form. It comes out of a communal experience. We take our respective instruments and collectively create a thing of beauty."

Compras 

Na minha lista de compras para os tempos mais próximos já estão apontados:

Dave Douglas - "Strange Liberation" (não costumo perder de vista os discos deste trompetista)
Tomasz Stanko Quartet - "Suspended Night" (na sequência do fantástico "Soul of Things")
The Bad Plus - "Give" (estou muito curioso para ouvir a versão dos Black Sabbath)
André Fernandes - "Howler" (um dos mais interessantes guitarristas nacionais)

Após uma visita (prolongada como sempre...) aos sítios do costume, de certo que esta lista irá aumentar...

terça-feira, março 23, 2004

Salve-se quem puder (e quiser...) 

Sabemos que em Portugal existe uma cada vez mais acentuada tendência das rádios para passarem, muitas vezes para lá do limite do suportável e até à exaustão, as mesmas músicas, algumas das quais já cheirando a podre. Dizem os responsáveis dessas estações que mais não fazem do que ir ao encontro das preferências dos seus ouvintes. O que é um facto generalizado, e mais ou menos indesmentível, é que as pessoas se sentem bem com essa repetição. As pessoas só gostam de ouvir o que já conhecem, digo eu muitas vezes. Desconhecem o prazer da descoberta e, na maior parte das vezes, rejeitam-no à partida, porque este exige esforço. Não gostam do novo. Preferem ouvir o já ouvido, engolir o já mastigado. O mais grave é que a generalidade do público tem oportunidade para contrariar esta tendência, mas, talvez por comodismo ou inércia, não o faz. Prefere ir na onda. Está na moda ser amorfo, dizia um destes dias um amigo meu. O mesmo se passa com os músicos, que também optam muitas vezes pela via do facilitismo e da cópia, em detrimento da inovação e da qualidade. A este propósito faço minhas as palavras da cantora Maria João, que disse "Uma pessoa só pode ficar sempre a fazer a mesma coisa se for surda, autista, não ouvir nada do que se passa. Hoje em dia temos acesso a tudo, a toda a música que se faz em todo o lado." (Blitz, 23.03.2004) Não há qualquer dúvida. E sabem que mais? É o salve-se quem puder (e quiser...). Porque é tudo uma questão de querer.

Novos títulos Blue Note/RVG Edition 

Continua a crescer a colecção Rudy Van Gelder Edition, editada pela Blue Note. Os discos desta colecção têm a particularidade de terem sido todos remasterizados em 24-bits pelo próprio Van Gelder, a partir das gravações originais. Todos eles apresentam, para além das liner notes originais, novos e interessantes ensaios enquadradores. Desta feita foi lançada uma nova fornada, que inclui os seguintes títulos:

Freddie Hubbard - "Ready for Freddy"
Horace Silver - "The Cape Verdean Blues"
Jackie McLean - "Right Now!"
Jimmy Smith - "Rockin´ the Boat"
Cecil Taylor - "Conquistador!"
Stanley Turrentine - Never Let Me Go
Donald Byrd - "At the Half Note Café" (2 cd´s)
Donald Byrd - "Free Form"
Grant Green - "Goin´ West"
Sonny Rollins - "Newk´s Time"
Duke Pearson - "Sweet Honey Bee"

Para mais informações sobre estes e os restantes títulos da Rudy Van Gelder Edition, consultar o sítio da Blue Note.

segunda-feira, março 22, 2004

Downbeat Abr04 

Na capa da edição de Abril da revista norte americana "Downbeat" está Wynton Marsalis, numa paisagem tipicamente nova iorquina. Num artigo de fundo escrito por Dan Ouellette, intitulado "Next Chapter", o músico aborda o actual momento da sua carreira, a propósito da edição do novo disco "The Magic Hour" (o seu álbum de estreia para a Blue Note) e perspectiva o futuro. Merecem leitura atenta outros artigos, como os dedicados a Marty Ehrlich, Mike Stern e Yo Yo Ma, sobre a herança cigana de Django Reinhardt e o backstage com o pianista Fred Hersch. Também se faz referência ao falecimento do contrabaixista do Art Ensemble of Chicago, Malachi Favors Maghostut e à recente reunião da International Association for Jazz Education, que teve em Nova Iorque. A revista apresenta também uma lista com os 100 melhores clubes de jazz do mundo, onde figura o Hot Clube de Portugal. Como sempre, destaque também para o blinfold test desta vez com o saxofonista Joe Lovano. Este número completa-se com noticiário diverso, as habituais secções, e as críticas a concertos e discos (recensão central para "Give", o novo disco dos The Bad Plus).

domingo, março 21, 2004

The Water Is Wide 

"The Water is wide, I can not cross over,
neither have I wings to fly,
Give me a boat that can carry two,
And I will row, my love and I
"

Já aqui escrevi que certos discos são como que amigos especiais. Confesso que não estava com este amigo havia já algum tempo. No entanto, é sempre um prazer renovado reencontrá-lo, para reviver experiências passadas. Este amigo foi gravado em Dezembro de 1999, em Los Angeles, por músicos de diferentes gerações: Charles Lloyd (sax tenor), John Abercrombie (guitarra) e Billy Higgins (bateria), veteranos, Brad Mehldau (piano) e Larry Grenadier(contrabaixo), de fornadas mais recentes. Este facto não conduz a nenhuma fractura musical, antes pelo contrário, potenciando as diferentes personalidades e as capacidades discursivas de cada músico. É um disco embebido na mais pura tradição jazzística norte americana, sendo composto, quase na sua totalidade, por tempos lentos, de um beleza acolhedora e radiosa, como "Georgia" (de Hoagy Carmichael), "The Water Is Wide" (Lloyd ao seu melhor nível), "Ballade And Alegro" (Mehldau a voar a grande altura), "Lotus Blossom" (de Billy Strayhorn - grande cúmplice de Ellington) e, a fechar o disco, "Prayer" (assombroso diálogo Lloyd - Abercrombie). É um amigo com um sorriso nos lábios, tranquilo e ponderado, daqueles a quem se pode pedir conselhos. Se não o conhecem, terei o maior prazer em apresentá-lo. Chama-se "The Water Is Wide".

sexta-feira, março 19, 2004

Emissão de hoje 


Porque hoje é sexta-feira, vai para o ar mais uma emissão do "Improvisos Ao Sul", entre as 23h e as 24h, na Rádio Voz da Planície (104.5 FM Beja). Na emissão de hoje, para além das habituais secções, dedicaremos especial atenção, na segunda parte, ao disco "Not Two, Not One" (ECM, 1999), do trio Paul Bley, Gary Peacock e Paul Motian, que servirá de pretexto para uma breve análise da carreira do pianista canadiano.

quinta-feira, março 18, 2004

Quarteto de Dave Binney no HCP 

Nasceu em Miami e foi criado no sul da Califórnia. O saxofonista Dave Binney atribui a sua aventura musical ao facto dos seus pais serem grandes amantes do jazz. Assume influências de Coltrane, Miles, Bobby Hutcherson, Wayne Shorter, Milton Nascimento, Jimi Hendrix e Sly Stone. O meu disco favorito de Binney é "South" (ACT, 2001). O Hot Clube de Portugal recebe-o, hoje e amanhã, a partir das 23h, juntamente com o seu Quarteto, constituído pelo próprio no sax alto, Jacob Sacks (piano), Thomas Morgan (contrabaixo) e Dan Weiss (bateria).

Medo do silêncio 

O pianista e compositor António Pinho Vargas, em conversa com o jornalista Carlos Vaz Marques, no programa "Pessoal e Transmissível" de ontem na TSF disse: "Em Portugal, as pessoas têm uma espécie de aversão ao silêncio". "Porquê?", perguntou o jornalista. "Porque têm medo."

Svensson cancelado 

Tenho por hábito comprar com alguma antecedência os bilhetes dos espectáculos a que tenciono ir. Como tenho andado atulhado em trabalho, deixei para a última hora a compra do bilhete para o concerto do trio do pianista sueco Esbjörn Svensson, agendado para a noite de hoje na Aula Magna. Era um concerto aguardado por mim com alguma expectativa, como aqui escrevi. Só ontem, ao fim da tarde, quando finalmente tive oportunidade para comprar o bilhete, é que fui confrontado com um aviso no vidro da agência que rezava: Esbjörn Svensson - Cancelado. Não sei qual o motivo do cancelamento, nem se o concerto foi adiado para outra data. Só sei que, para já, resta-me continuar a ir ouvindo "Seven Days of Falling".

quarta-feira, março 17, 2004

A vida é feita de improvisos 

"Life is a lot like jazz... it's best when you improvise..." (George Gershwin)

Tone Of a Pitch 

A Tone Of a Pitch (TOAP) é uma pequena editora independente portuguesa, especializada na área do jazz, criada pelo guitarrista André Fernandes, pelo contrabaixista Nelson Cascais e pelo arquitecto Alexandre Silva Fernandes. Segundo André Fernandes "A edição é fundamental para o ouvinte, pois só com ela pode criar um sentido de gosto, estética e preferência (sem esquecer conhecimento em primeira mão), desprovido da influência por vezes nefasta da chamada "crítica jornalística". E só assim pode surgir o público informado e independente." O catálogo da TOAP é actualmente composto pelas seguintes discos:
André Fernandes - Howler (Outubro 2003)
Jorge Reis - Pueblos (Maio 2003)
Companhia dos Sons - Spin (Janeiro 2003)
Nelson Cascais Quintet - Ciclope (Julho 2002)
Quinteto de André Fernandes - O Osso (Abril 2002)

terça-feira, março 16, 2004

The Girl In The Other Room 

Será este o título do novo disco da cantora e pianista canadiana Diana Krall, a ser editado no próximo dia 9 de Abril. Neste disco, Krall deixará de lado os standards, optando por um repertório actual, em parte escrito a meias com o seu marido Elvis Costello. De entre os temas que figurarão em "The Girl In The Other Room" contam-se "Stop This World" (de Mose Allison), "Black Crow" (de Joni Mitchell), "Temptation" (de Tom Waits) , "I´m Pulling Through" (de Arthur Herzog, também cantado por Billie Holiday) e "Almost Blue" (de Elvis Costello). Aguardemos.

segunda-feira, março 15, 2004

:rarum 

A editora alemã ECM, dirigida por Manfred Eicher, tem disponíveis no mercado, até ao fim deste mês de Março e a preço especial, todos os discos da colecção :rarum (Selected Recordings), onde os vários artistas escolhem temas de entre as suas próprias gravações para a editora. O rico catálogo engloba gravações de Pat Metheny, Dave Holland, Egberto Gismonti, Jack DeJohnette, John Surman, John Abercrombie, Carla Bley, Paul Motian, Tomasz Stanko, Eberhard Weber, Arild Andersen, Jon Christensen, Keith Jarrett, Jan Garbarek, Chick Corea, Gary Burton, Bill Frisell, Art Ensemble of Chicago, Terje Rypdal e Bobo Stenson. Gravações com o selo de qualidade ECM.

Tranquilidade 

Depois de uma semana atribulada, com Congressos, aulas e viagens, o fim de semana foi para descansar. No leitor de CD´s rodaram "Kind Of Blue" de Miles Davis (absolutamente incontornável e sublime), "One Quiet Night" de Pat Metheny (o título do disco é auto-explicativo...) e "Changing Places" do trio do pianista norueguês Tord Gustavsen. Três fontes de tranquilidade e paz de espírito!

domingo, março 14, 2004

À Procura do Jazz 

Estreia na próxima terça-feira, dia 16, no Teatro São Luiz, em Lisboa, a peça "À Procura do Jazz", da autoria das Produções Fictícias, na qual o actor Brunio Gonçalves (que desempenha as seis presonagens da peça) e mais quatro músicos pretendem contar a história do jazz a um público jovem (penso que os adultos não deverão perder nada em assistir, antes pelo contrário...). O "Improvisos Ao Sul" está curisoso e, certamente, num destes dias, irá dar uma saltada ao São Luiz.

sábado, março 13, 2004

P o e z z 

O sítio jazzportugal.net informa-nos que está no prelo um livro de poesia com jazz (ou será de jazz com poesia?) em língua portuguesa, onde poderemos encontrar quase uma centena de poetas como Drummond, Craveirinha, Neto, Haterly, Almada, Tolentino, Grade, Herberto e Pacheco, só para citar alguns. Uma edição Almedina, aguardada com expectativa por quem ouve (e lê) o jazz.

quinta-feira, março 11, 2004

Jazz no Nepal? 

Depois de uma refeição tipicamente nepalesa - onde não faltou o nan (pão), o caril de frango com cogumelos e o arroz bashmati, tudo regado com chhang (bebida tradicional, ligeiramente alcoólica) - dei comigo a pensar em como seria o jazz no Nepal se estivessem reunidas as condições políticas e económicas para a criação e fruição artísticas neste país dos Himalaias...

quarta-feira, março 10, 2004

É tudo uma questão de mãos 

Art Tatum disse a Bud Powell "Look, you come in here tomorrow, and anything you do with your right hand I’ll do with my left."

Urticária 

Escrevia aqui eu ontem sobre a capacidade que alguns músicos e certos discos têm de influenciar o nosso estado de espírito e o nosso comportamento. Confesso que tinha em mente uma influência... positiva. Porém, também existem músicos com o dom de nos deixar terrivelmente... furiosos!! Irados! Coléricos! Foi o que me aconteceu quando cheguei ao Congresso em que estou a participar, em Lisboa. As colunas do átrio debitavam, em doses superiores às permitidas pelo bom senso, uns sons emitidos por... Kenny G! Durante o resto da tarde, não mais fui o mesmo.

terça-feira, março 09, 2004

Up For It 

Há discos que têm a capacidade, quase sobrenatural, de influenciar o comportamento de quem os escuta. Estou em crer que todos nós temos um conjunto de discos mágicos aos quais recorremos em situações específicas, nas diversas fases da nossa vida. Como se precisássemos de um amigo especial. No meu caso pessoal, o disco a que actualmente mais recorro chama-se "Up For It" e foi gravado ao vivo por um dos mais prestigiados trios de jazz do mundo - Keith Jarrett (piano), Gary Peacock (contrabaixo) e Jack DeJohnette (bateria) - em Juan-les-Pins (França). Escutar standards absolutos, como "Someday My Prince Will Come", "Autumn Leaves", "My Funny Valentine" ou "Scrapple From The Apple", revisitados magistralmente por estes músicos é um sempre bálsamo.

O Jazz que vem do frio 

Um dos concertos que o "Improvisos Ao Sul" mais aguarda neste ano 2004 é o do trio sueco liderado pelo pianista Esbjörn Svensson, agendado para a Aula Magna da Reitoria da Unversidade de Lisboa, no próximo dia 18 de Março, pelas 21h30. A acompanhar Esbjörn Svensson (piano, teclados e percussão) estarão Dan Berglund (contrabaixo e percussão) e Magnus Öström (bateria e percussão). Nascido em 1964, teve lições de piano durante 3 anos, ao que se seguiram 4 anos de estudos musicais na Universidade de Estocolmo. De entre as suas principais referências contam-se nomes como os de Chick Corea e Keith Jarrett. Editou o seu primeiro disco em 1993,"When Everyone Has Gone". De entre a sua discografia, destaco "From Gagarin´s Point of View" (1999), "Strange Place For Snow" (2002) e "Seven Days of Falling" (2003). Em 1995 e 1996 foi nomeado para músico sueco de jazz do ano, tendo em 1998 recebido o prémio para melhor compositor. Aguarda-nos um jazz frio e cerebral, mas que nos reconforta.

domingo, março 07, 2004

Jazzman 100 

A revista francesa "Jazzman" acaba de lançar a sua edição n.º 100, que me acaba de chegar às mãos. Neste número especial, com 100 páginas, há lugar para um dossier intitulado "Por onde anda o jazz?", e para outros artigos comemorativos do facto, como "100 razões para se gostar de jazz", "100 discos obrigatórios", "100 sítios na internet", "100 capas"... Para além destes artigos, merece leitura o habitual noticiário diverso, as críticas a discos e concertos, a agenda de espectáculos, bem como outras secções de interesse. Está de parabéns uma das melhores revistas europeias de jazz.

sábado, março 06, 2004

Frahm & Mehldau 

Joel Frahm e Brad Mehldau são dois velhos amigos. Conheceram-se depois de Frahm se ter mudado com a família para West Hartford, onde começou a frequentar a William H. Hall High School. Certo dia, depois das aulas, o jovem Joel decidiu ir assistir a um ensaio do coro de jazz. Embora não guarde grandes memórias do coro, lembra-se de ter ficado fascinado com o pianista. Soube, algum tempo depois, que o dito pianista respondia pelo nome de Brad Mehldau. Tornaram-se então amigos inseparáveis, desenvolvendo em conjunto o gosto pelo universo do jazz. Depois de se terem ambos formado, seguiram caminhos separados, com cada vez menos oportunidades para tocarem juntos. Mehldau começava então a ganhar cada vez mais notoriedade. Depois de já ter gravado dois discos em nome próprio para a Palmetto Records ("Sorry No Decaf", de 1999, e "The Navigator", de 2000), Frahm contactou Mehldau e convidou-o para reviver experiências passadas e por de pé um disco em formato de dueto. Joel Frahm, que se reparte entre o saxofone tenor e o soprano, e Brad Mehldau, que considero um dos mais interessantes pianistas da última década, trazem-nos "Don´t Explain", um disco pintado com cores suaves, com o pianista, sem se perder em rodriguinhos desnecessários, a proporcionar a base melódica para as figuras desenhadas por Frahm. Da audição retive particularmente as leituras de "Round Midnight #1" e "Round Midnight #3" (de Thelonious Monk), "Oleo" (de Sonny Rollins) e uma delicada versão de "Mother Nature´s Son" (da dupla Lennon & McCartney), com Frahm sublime no sax soprano e um "Away Frm Home", onde o saxofonista mostra as suas capacidades como compositor. "Don´t Explain" é um disco sem grande novidade, mas ideal para escutar repousadamente. O "Improvisos Ao Sul" prescreve-o como medida de combate ao stress da vida moderna.

sexta-feira, março 05, 2004

Luna FM e Voxx: RIP 

O jornal "Público", na sua edição de hoje, noticia que a cessação das emissões das rádios LUNA FM (dedicada à música clássica e ao jazz, com sede no Montijo) e VOXX (com uma frequência em Lisboa e outra no Porto), prevista para a passada meia-noite, foi adiada para a meia-noite do próximo domingo. Recorde-se que as rádios locais em causa foram adquiridas pela empresa Rádio Milénio, prevendo-se que as mesmas passem a constituir meros retransmissores das emissões das rádios do grupo Media Capital. O "Improvisos Ao Sul" junta a sua voz à do Carlos Araújo Alves (no seu blogue "Ideias Soltas") e à de todos aqueles que lamentam a extinção anunciada destes dois verdadeiros oásis no deserto radiofónico nacional. Também estamos muito tristes.

Trio de luxo 

Ken Vandermark é um dos músicos responsáveis por manter a grande máquina do jazz a andar para a frente. A miríade de projectos e de colaborações em que se encontra envolvido - Spaceways Inc., School Days, DKV Trio, The Vandermark Quartet, Peter Brontzmann Chicago Tentet ou os Tripleplay - atestam o dinamismo e a capacidade deste músico norte americano nos vários contextos do jazz contemporâneo e da música improvisada de vanguarda. Na noite da passada terça-feira, foi um comunicativo Vandermark que subiu ao palco do Teatro Maria Matos, em Lisboa, com os Tripleplay - KV (saxofones e clarinete), Nate McBride (contrabaixo) e Curt Newton (bateria) - a propósito da apresentação do segundo CD do projecto, intitulado "Gambit" (editado pela Clean Feed), 6 anos após a estreia com "Expansion Slang" (Boxholder, 1998). Numa sala muito bem composta, começou por ser feita uma breve apresentação do "Jazz Ao Centro - Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra" por um responsável do Jazz Ao Centro Clube (JACC), e do espectáculo, por Rodrigo Amado, da Trem Azul, os três músicos tocaram a totalidade dos temas incluídos em "Gambit", atacando logo de início do espectáculo "Rastro 5" (tema que também abre o disco), primeiro lento e depois a caminhar para uma fúria free. Seguiram-se-lhe "Barker Waters" (Vandermark no clarinete, descontraído e reflexivo, sobre uma bela linha de contrabaixo desenhada por McBride), "Standard Ideal" (um tema novo, com Vandermark no sax barítono e Newton extraordinário nas peles e pratos) e "Bird, Field (gray)", três peças da autoria de McBride. Depois veio a descarga sonora sufocante de "F-Stop", com Vandermark de novo implacável no sax barítono, peça com que o trio encerrou a primeira parte do espectáculo. Na segunda parte, iniciada com "Two", ouviram-se "Framinghammer" (dedicado a Pedro Costa, um dos mentores da Clean Feed/Trem Azul e principal responsável pela vinda dos Tripleplay a Portugal), com Vandermark a explorar uma sonoridade encorpada, evocativa dos grandes mestres do saxofone, um furioso "Hydro" e um "Tilted" mais introspectivo. Já em encore ("We were not prepared to do an encore, but we are very happy to do it!") o trio tocou "The Thing", de Don Cherry. Uma noite de energia jazz em estado puro.

quarta-feira, março 03, 2004

Jazz Ao Centro - Tripleplay esta noite 

Como já aqui se tinha referido, será esta noite apresentado, no Teatro Maria Matos em Lisboa, a partir das 21h00, o programa da edição 2004 do "Jazz Ao Centro - Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra". Nesta ocasião, será também apresentado o novo CD do projecto Tripleplay (Ken Vandermark nos saxofones e clarinete, Nate McBride no contrabaixo e Curt Newton na bateria), intitulado "Gambit" (gravação para a editora portuguesa Clean Feed). O "Improvisos Ao Sul" não poderia deixar de estar presente no regresso a Portugal de um dos nomes incontornáveis do jazz contemporâneo.

As lágrimas de Arvell 

Provavelmente, a história do jazz não reservará ao velho contrabaixista Arvell Shaw muito mais do que uma nota de rodapé, muito por força da sua participação nos diversos All Stars que acompanharam Louis Armstrong entre 1945 e 1953, intermitentemente até 1957, regularmente entre 1963 e 1965 e, de novo, de forma intermitente até à morte de Armstrong. Ao rever alguns episódios da série "Ken Burn´s Jazz", exibida pela RTP há alguns meses, vejo-o profundamente emocionado e com lágrimas nos olhos ao evocar a memória dos últimos tempos passados em cima do palco com um Satchmo já muito debilitado. Uma tocante lição de amizade e humildade, aplicável a muitas pseudo-estrelas, musicais e não só, da nossa praça.

terça-feira, março 02, 2004

Jazz em Tondela 

A zona centro do país continua em efervescência jazzística. Neste caso é a cidade beirã de Tondela, que será palco, nos próximos meses, de um conjunto, que se antevê muito interessante, de concertos de jazz, promovidos pela ACERT (Associação Cultural e Recreativa de Tondela). De entre os nomes já divulgados, contam-se os dos Big Four - Max Nagl (sax alto), Steve Bernstein (trompete), Brad Jones (ampeg baby bass) e Noël Akchoté (guitarra) - a 11 de Março, com o Puzzle Trio na primeira parte, do grande guitarrista John Scofield, a 13 de Maio, de Matthew Shipp (um dos mais importantes expoentes do jazz contemporâneo), a 9 de Junho, do baixista e compositor norte americano Mario Pavone (10 de Junho) e dos Defunkt (11 de Junho). A juntar a estes nomes está também a Orquestra de Jazz de Matosinhos (que actuará no dia 9 de Junho). Aguardam-se outras confirmações para breve.

American Fado 

Após ter participado como sideman em mais de duas dezenas de discos de jazz, o baterista norte americano Jim Miller lançou em 2003 o seu mais recente disco como líder, intitulado "If It´s Not One Thing...", que contém uma peça chamada "American Fado". Esta referência resulta da passagem do músico por Portugal, onde tocou em Lisboa e no Porto. Não resisto a trancrever aqui o que se escreveu no sítio All About Jazz a este propósito: "[Fado] Performed by women backed by acoustic guitars and sometimes flute [?!?!!], the style is the perfect platform for Cloud’s [Suzanne Cloud, cantora] ruminative thoughts concerning the current direction America is headed in a post-9/11 world, and why."

segunda-feira, março 01, 2004

Coimbra tem mais jazz 

Boas notícias chegam de Coimbra. O Jazz Ao Centro Clube (JACC) vai inaugurar, no próximo dia 5 de Março, o "Espaço JACC", situado no 1º andar da Discoteca "Scotch", em Sta. Clara, Coimbra. Na festa de inauguração desta uma nova sala de concertos e convívio, com capacidade para mais de 350 pessoas, estarão Carlos Barretto, Mário Delgado, José Salgueiro e Mário Santos. Entre as iniciativas previstas para este espaço contam-se noites afterhours, durante os "Jazz Ao Centro - Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra", onde o objectivo é juntar músicos num espírito de jam session, e concertos mais formais, com formações fixas. Mais informações sobre a programação próxima deste novo "Espaço JACC" estarão disponíveis brevemente.