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domingo, outubro 31, 2004

DeJohnette, Metheny e Vasconcelos na 2:  


Jack DeJohnette

A terminar as emissões do programa "Músicas" dedicadas ao jazz, que foram para o ar durante todo o mês de Outubro, podemos assistir logo mais na 2:, a partir da 01h00, a um concerto em que se juntam a Jack DeJohnette, o guitarrista Pat Metheny e o percussionista brasileiro Náná Vasconcelos.

Jack DeJohnette é, sem dúvida, um dos mais inovadores percussionistas de jazz dos últimos 30 anos. Começou a tocar piano clássico desde os quatro anos de idade. Durante a adolescência interessa-se por blues, música popular e jazz. Apenas começou a tocar bateria aos vinte anos, instrumento que rapidamente se tornou no seu favorito.

Tocou com John Coltrane no início da década de sessenta e fez parte, entre 1966 e 1968, do quarteto de Charles Lloyd. Mais tarde tocou na banda de Miles Davis. Como líder, na editora alemã ECM, fundou os grupos "New Directions" (em 1978) e "Special Edition" (em 1979) e trabalhou com grandes nomes como Keith Jarrett, Jan Garbarek, Gary Peacock, John Abercrombie, Kenny Wheeler, Pat Metheny, Lester Bowie, Tomasz Stanko, entre muitos outros.

Integra ainda o mais famoso trio de jazz da actualidade, ao lado de Keith Jarrett e Gary Peacock, que tivemos oportunidade de ver neste mesmo espaço, na passada semana.

DeJohnette, Metheny e Vasconcelos em concerto a não perder, a partir da 1h00 na 2:.

E agora?

Terminado o mês de Outubro põe-se a questão. Para quando mais jazz na televisão portuguesa?

sábado, outubro 30, 2004

Escolhas 

O "Improvisos Ao Sul" escolheu como banda sonora para este fim de semana prolongado:

Para a manhã:



Para a tarde:



E para a noite:



sexta-feira, outubro 29, 2004

Onda Jazz 

Segundo nos informa o sempre atento João Moreira dos Santos, abriu no passado 21 de Outubro, no bairro alfacinha de Alfama, um novo clube de jazz chamado Onda Jazz.

Este novo clube, que fica situado no Arco de Jesus, n.º 7, Alfama (junto ao Campo das Cebolas) apresenta-se com uma sala vocacionada não só para o jazz, mas também para a soul e para a world music.

Actuou ontem, e actua hoje e amanhã o quarteto do pianista Jean-Pierre Como, que vem ao nosso país apresentar o seu novo CD, intitulado "Scénario", acompanhado por Stéphane Chausse (clarinete), Cristophe Wallemme (contrabaixo) e Stéphane Huchard (bateria).

O "Improvisos Ao Sul" vai tentar passar por lá um destes dias.

quinta-feira, outubro 28, 2004

Luz em Coimbra 


Laurent Filipe

O "Jazz Ao Centro Clube" organiza amanhã, 29 de Outubro, pelas 21h30, um concerto de apresentação do último CD de Laurent Filipe, intitulado "A Luz". O concerto terá lugar no Auditório do IPJ, Rua Pedro Monteiro, em Coimbra.

Em palco estarão Laurent Filipe (trompete e fluegel), Mário Delgado (guitarra), Rodrigo Gonçalves (piano), Nelson Cascais (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria).

No texto promocional pode ler-se:

"A Luz
Onze anos após a gravação do meu disco "Laura" e, constatada a empatia musical com estes meus amigos-músicos, achei que o momento seria oportuno de gravar novamente um CD com esta formação. Para ela escrevi, propositadamente, os temas que aqui se encontram. "A Luz" traduz também uma forma de iluminação interior pelas experiências que o tempo trouxe.
Laurent Filipe


Os bilhetes estarão à venda no local a partir das 20h30.

Quem estiver por perto, não perca!

To sell or not to sell 

A propósito das eleições nos EUA, e numa altura em que tanto se fala sobre a personalidade e a forma de estar e de sentir dos americanos e do próprio país enquanto nação, achei curiosa a seguinte troca de opiniões entre entre dois históricos do jazz.

Dizzy Gillespie: "Jazz is too good for americans."

Art Blakey: "No, no. I don´t think jazz is too good for Americans. I do believe that Americans have not had a chance to learn to appreciate their own music. They haven´t been sold on it. Look here, this is the leading country in the world for selling... anything. Right? Soap, autos, cheese, lipstick... you name it, it´s being sold every day, and better than in any other nation. So, why don´t these high-powered salesman go to work on jazz? Let´s sell jazz a bit. It´s more American than a lot of other things."

[Retirado da revista "Downbeat", de 17 de Outubro de 1957]

quarta-feira, outubro 27, 2004

Pilhas Lovano 


Joe Lovano
(Retirado de: www.joelovano.com)

O tenorman Joe Lovano não pára.

Depois de um disco inspirado num cantor lírico, do projecto ScoLoHoFo, do ao vivo com o seu noneto no Village Vanguard, do baladeiro "I´m All For You" e de "Gathering of Spirits", da cimeira saxofonista composta por ele próprio, Dave Liebman e Michael Brecker, rezam as notícias que Joe Lovano prepara-se para entrar novamente em estúdio para gravar um novo disco para a Blue Note.

Como se costuma dizer, também no jazz em equipa que ganha não se mexe: com Lovano vão estar o veterano pianista Hank Jones, George Mraz no contrabaixo e Paul Motian na bateria.

Entretanto, o "Improvisos Ao Sul" vai escutando as deliciosas versões do tema título, de "Like Someone in Love" e "Early Autumn", incluídas em "I´m All for You".

RIP John Peel 


John Peel

Morreu John Peel, um verdeiro pilar da pré-história do "Improvisos Ao Sul". A ele devo um salto em frente.

"A balance between things that you know people will like and things that you think people will like."

terça-feira, outubro 26, 2004

Pianoman 


© Justin Bua

(Retirado de www.evesmag.com/bua.htm)

Hugo Alves dá concertos na Galiza 


Hugo Alves

O quarteto do sempre activo trompetista algarvio Hugo Alves tem previstos dois concertos para o país vizinho, mais concretamente na Galiza, integrados na iniciativa "Jazz en Outono", nos próximos dias 29 Outubro (em Ferrol) e 11 Novembro (em Pontevedra).

O quarteto composto por Hugo Alves (trompete), Bruno Santos (guitarra), Nuno Correia (contrabaixo) e Jorge Moniz (bateria) continua a promover o excelente disco "Estranha Natureza", para o "Improvisos Ao Sul" um dos melhores do ano passado (note-se que o disco é agora distribuído pela Trem Azul).

segunda-feira, outubro 25, 2004

Boss Tenor 


Gene Ammons

Confesso que há muito que não escutava Gene Ammons.

Gene Ammons nasceu a 14 de Abril de 1925, em Chicago (EUA). Era filho do pianista de boogie-woogie Albert Ammons e ficou conhecido pela alcunha de “jug” (rouxinol).

Tocou na orquestra de Billy Eckstine entre 1944 e 1947, a qual contava nas suas fileiras com os maiores jazzman: Charlie Parker, Dexter Gordon, Sonny Stitt, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Fats Navarro e Art Blakey. Em 1949 tocou também na orquestra de Woody Herman.

A abordagem estilística que desenvolveu assenta em elementos de Coleman Hawkins (filtrados através de Bem Webster) e de Lester Young. A partir dos anos 50 integrou uma formação com os, por exemplo, saxofonistas Sonny Sttit e James Moody. No final da década de 50 e na década de 60 esteve preso por diversas vezes, devido à posse e consumo de drogas.

A sua sonoridade "mainstream" era muito encorpada, bastante ligada às características essenciais da sua Chicago natal: borbulhante, trabalhadora, dinâmica, etc.

Na minha opinião, a parte mais interessante da sua carreira ficou registada na editora Prestige, em discos como "Soul Summit" ou "Boss Tenor". Uma forte influência sua ouve-se nas sonoridades desenvolvidas, por exemplo, por Johnny Griffin e Clifford Jordan.



No disco "Boss Tenor", gravado nos estúdios Englewood Cliffs, de Rudy Van Gelder, a 16 de Junho de 1960, Gene Ammons é acompanhado por Tommy Flanagan (piano), Doug Watkins (contrabaixo), Art Taylor (bateria) e Ray Barretto (conga).

"Hittin´ the Jug" é um blues lento, com Flanagan a brilhar na sua doce introdução ao tema, e Ammons a destilar sobriedade, ao bom estilo de Young. Também notável a rendição ao sempre tocante "My Romance", da dupla Rodgers/Hart. Os velhos standards “Canadian Sunset" e "Savoy" ganham aqui nova vida. Destaque também para o clássico de Charlie Parker, "Confirmation”, em jeito de tributo.

Nas liner notes, escritas por LeRoi Jones, pode ler-se: "Ammons´ playing on this side points up, at least to me, how easy and casual real “funk” can be and still be convincing. And this kind of funkiness seems pretty “modern” even thou Gene´s been around for God knows how long."

Que saudades que eu tinha deste disco.

domingo, outubro 24, 2004

Keith Jarrett Trio na 2: 


Keith Jarrett

A 2: transmite esta noite, no programa "Músicas", a partir da 1h00, um concerto gravado ao vivo no Japão pelo trio de gigantes composto por Keith Jarrett (piano), Gary Peacock (contrabaixo) e Jack DeJohnette (bateria).

Não é todos os dias que se vê Jarrett, Peacock e DeJohnette na televisão portuguesa.

Por isso, e por tudo mais, um concerto a não perder!

sexta-feira, outubro 22, 2004

Bitches Brew 


Miles Davis

O Centro Cultural de Belém vai receber, neste fim de semana (23 e 24 de Outubro), pelas 21h00, o espectáculo "Bitches Brew / Tacoma Narrows", pela companhia ROSAS.

Neste espectáculo, com coreografia de Anne Teresa De Keersmaeker, sobem ao palco do Grande Auditório do CCB, 13 bailarinos que dançarão ao som de "Bitches Brew", seminal disco de Miles Davis, gravado em Agosto de 1969, ao lado dos saxofonistas Waye Shorter e Steve Grossman, do clarinetista Bennie Maupin, do guitarrista John McLaughlin, dos teclistas Herbie Hancock, Chick Corea, Joe Zawinul e Larry Young, dos contrabaixistas Dave Holland e Ron Carter, do baixista Harvey Brooks, dos bateristas Jack DeJohnette, Billy Cobham e Lenny White, dos percussionistas Don Alias, Jumma Santos e Airto Moreira, e ainda de Khalil Balakrishna na cítara e Bihari Sharma nas tablas.

É um dos discos de jazz mais vendidos de sempre, e ainda hoje é amado por uns e odiado por outros. Suscitou comentários como este:

"Davis drew a line in the sand that some jazz fans have never crossed, or even forgiven Davis for drawing."

Sobre a música, informações complementares aqui.

Sobre o espectáculo mais informações em www.ccb.pt.

quinta-feira, outubro 21, 2004

Antígona & Jazz 



A Companhia de Teatro do Algarve vai levar à cena, nos próximos meses de Novembro e Dezembro, a peça "Antígona", de Sófocles / Zambrano, que conta com encenação de Luís Vicente, coreografias de Evegueni Beleaev e música a cargo do contrabaixista, compositor e professor Zé Eduardo.

Aspecto interessante, até por ser insólito, é que a peça contará com uma banda de jazz "avant-garde" ao vivo composta por Hugo Alves (trompete e electrónica), Wenzl McGowen (sax tenor), Zé Eduardo (contrabaixo, teclados) e Sónia "Little B" Cabrita (bateria electrónica V-Drums).

A “Antígona” de Sófocles é uma das mais importantes peças de teatro alguma vez escritas. É um dos pontos altos da criação intelectual humana. Quando Sófocles escreveu "Antígona" recebeu como prémio o governo da cidade de Samos... Já a "Antígona", de Zambrano, peça contemporânea, contém, relativamente à de Sófocles, um mistério... que o espectáculo tratará de desvendar.

A ante-estreia será nos dias 5, 6 e 7 de Novembro no Teatro Lethes, em Faro, no âmbito das comemorações do 10º Aniversário do Ano Internacional da Família. A estreia será integrada nos "Outonos do Teatro" (Portimão), nos dias 12, 13 e 14 de Novembro, nos cinemas daquela cidade do barlavento algarvio.

O calendário dos restantes espectáculos é o seguinte:

Faro - Teatro Lethes - 19, 20, 21, 26, 27, 28, 30 de Novembro; 1 e 2 de Dezembro, às 21h30 - domingos às 16h00

Albufeira - Auditório Municipal - 7 de Dezembro, às 21h30

Tavira - Cine-Teatro António Pinheiro - 10 de Dezembro, às 21h30

Loulé - Cine-Teatro Louletano - 18 de Dezembro, às 21h30

Para mais informações sobre a Companhia de Teatro do Algarve, clicar aqui.

VI Festival de Jazz de Ponta Delgada 

Começa hoje e prolonga-se até ao próximo sábado, na sempre deslumbrante cidade açoriana de Ponta Delgada, o VI Festival de Jazz, uma organização da Jazzores.

Destaque para as presenças do quarteto do saxofonista Greg Osby e dos veteranos Lee Konitz e Paul Bley.

No âmbito deste festival, vão ser apresentados, hoje, pelas 21h00, no Centro Municipal de Cultura de Ponta Delgada, a colectânea "POEZZ - Jazz na poesia em língua portuguesa" e o cd "Cantigas de Várias Cores", da autoria de Bruno Ferreira.

Haverá ainda animação de rua a cargo dos Dixie Gang, que actuarão amanhã, pelas 13h00, no Largo da Matriz.

O programa de concertos, que terão lugar no belíssimo Teatro Micaelense, é o que se segue:

22 de Outubro (sexta-feira, 21h30)
Dixie Gang
Greg Osby 4tet

23 de Outubro (sábado, 21h30)
Lee Konitz / Paul Bley 4tet
Kelvin Bell 4tet

Nem só em Angra de Heroísmo vive o jazz nos Açores...

quarta-feira, outubro 20, 2004

Mingus 


Charlie Mingus (foto de Michael Wilderman)
Retirado de: Michael Wilderman/Jazz Visions

"Had I been born in a different country or had I been born white, I am sure I would have expressed my ideas long ago. Maybe they wouldn’t have been as good because when people are born free–I can’t imagine it, but I’ve got a feeling that if it’s so easy for you, the struggle and the initiative are not as strong as they are for a person who has to struggle and therefore has more to say." (Charlie Mingus)

terça-feira, outubro 19, 2004

Art Tatum 



Embora não seja conhecida com exactidão a sua verdadeira data de nascimento, comemoram-se neste mês de Outubro os 95 anos do nascimento do pianista Art Tatum.

Art Tatum nasceu em 1909 em Toledo (Ohio). Era totalmente cego de um olho e não via praticamente nada do outro.

É considerado um dos mais importantes e influentes pianistas da história do jazz.

Oriundo de uma família de músicos, era basicamente um autodidacta, embora tivesse alguma educação musical "formal". O seu professor cedo reconheceu os seus talentos, e tentou que seguisse uma carreira de pianista clássico.

Dotado de um grande virtuosismo, tocou stride, swing e boogie-woogie . Fortemente influenciado por Fats Waller, tocou em programas de rádio e, em 1932, foi descoberto pela cantora Adelaide Hall, que o levou para Nova Iorque para que a acompanhasse ao piano. Participou em muitos "cutting contests" e reza a lenda de que nunca perdeu.

Em 1933 fez as suas primeiras gravações, de entre as quais uma célebre versão do clássico "Tiger Rag". Tocou nas maiores cidades dos EUA e até na Europa, em 1938. No início dos anos 40, Art Tatum formou um trio bastante popular com o contrabaixista Slam Stewart e o baterista Tiny Grimes. Em 1944, Tatum tocou no Metropolitan Opera House e em 1947 apareceu no filme "The Fabulous Dorseys".

Em 1953, assinou um contrato com o produtor Norman Granz, tendo tocado e gravado imenso, que a solo quer com grupos onde tocaram nomes grandes do jazz, como Benny Carter, Buddy De Franco, Roy Eldridge, Lionel Hampton e Ben Webster, entre muitos outros. As suas sessões de gravação a solo raramente duravam mais de dois dias, com a maior parte dos temas a serem gravados em apenas 1 take.

Morreu a 4 de Novembro de 1956.

Citado por muitos como grande influência, trata-se de um pianista cuja obra urge re-descobrir.

Sugestões para audição:






A Blowin´ Session 



Dia de chuva também por estas paragens.

A banda sonora escolhida para dar um pouco de luz a esta manhã foi "A Blowin Session", disco encabeçado pelo sax tenor Johnny Griffin, gravado em Abril de 1957, nos estúdios de Rudy van Gelder, em New Jersey. Trata-se do segundo disco de Griffin para a Blue Note, e, até à data, o único a ser alvo de reedição na série "Rudy Van Gelder Edition"

Uma blowin´ session é uma ocasião, tanto quanto possível espontânea, em que vários músicos, em especial saxofonistas, se juntam para tocar em conjunto. Este disco constitui um exemplo clássico de uma blowin´ session verdadeiramente histórica.

A sessão é suportada pelos saxofonistas Johnny Griffin, técnico, rápido, sinuoso, Hank Mobley, dono de um som redondo e limpo, e... John Coltrane, o mais imprevisível e de sonoridade mais intrigante dos três. Na trompete está Lee Morgan, ao piano Wynton Kelly, no contrabaixo Paul Chambers e na bateria Art Blakey. Uma verdadeira constelação, mas de mangas arregaçadas.

Griffin e Blakey estavam na altura nos Jazz Messengers, importante colectivo dirigido pelo baterista. Hank Mobley já por lá tinha passado, estando nessa ocasião no quinteto do pianista Horace Silver, também ele um ex-Messengers. O jovem John Coltrane tinha deixado o quinteto de Miles Davis e preparava-se, ele próprio, para se tornar líder na Blue Note (o seu “Blue Train” viria a ser gravado em Setembro desse ano, também com Morgan e Chambers) e partir para uma carreira que só a morte conseguiu travar. Lee Morgan e Wynton Kelly já tinham ganho reputação no orquestra de Dizzy Gillespie. Paul Chambers vinha também do recém-desmembrado quinteto de Miles Davis.

Neste disco juntam-se dois standards incontornáveis da autoria de Jerome Kern, "The Way You Look Tonight" e "All the Things You Are", escolhidos por serem conhecidos de todos e assim facilitar a improvisação, a dois originais de Griffin, "Ball Bearing" e "Smoke Stack". Esta edição traz ainda um alternate take de "Smoke Stack", até aqui inédito.

No primeiro tema, "The Way You Look Tonight", Johnny Griffin demonstra tudo por que ficou conhecido, virtuosismo, velocidade, apurado sentido melódico e rítmico. Em "Ball Bearing", depois de um começo swingante em uníssono, numa clara evocação ao espírito de big band, começa a solar um efervescente Trane, inconfundível, perturbador, genial. Igualmente fabuloso é "Smoke Stack", um dos pontos altos desta blowin´ session, um blues com um excelente solo de Griffin, rápido e funky, a que se segue Morgan, também ele inspirado e solto. Interessante escutar as emendas que Coltrane introduz na versão alternativa do tema, indo ao encontro da sua própria matriz de improvisação.

Questionado sobre a forma como ele e Coltrane tinham encarado a sessão, Griffin declarou que nenhum dos dois tinha em mente afrontar e "derrotar" o outro (adoro a expressão "outblowing the other"): "That was not Coltrane´s attitude or mine either."

Assim, todos ganhamos.

segunda-feira, outubro 18, 2004

Downbeat Out04 

Na capa do número de Outubro da "Downbeat" uma fotografia com os saxofonistas Joe Lovano, David Liebman e Michael Brecker. Os três músicos, que se juntaram com a designação de "Saxophone Summit", e que passar inclusivamente por Portugal, acabam de lançar no mercado discográfico o disco "Gathering of Spirits", sob a inspiração do período mais experimental de John Coltrane. “Coltrane Inspiration” é o título do interessante artigo nas páginas centrais. Experiências pessoais, e a três, a relação com Coltrane, o jazz nos dias de hoje.

Outro dos artigos que merece leitura atenta é "Flowers for Albert - Reconsidering the Legacy of Albert Ayler". Morto em Novembro de 1970, em circunstâncias nunca completamente esclarecidas, é colocada a questão "Where would his musical journey have taken him?".

"Full Circle" traz-nos uma entrevista com o cantor Al Jarreau, que procura re-lançar a sua carreira no jazz com o disco "Accentuate the Positive".

Excelente artigo é igualmente "Eye for the Music", com o célebre fotógrafo Herman Leonard, vencedor do "Downbeat Lifetime Achievement Award" em 2004.

Na secção "The Question?" fica a pergunta: "What would a jazz video look like?".

É feita referência à morte do saxofonista Illinois Jacquet, do passado dia 22 de Julho.

Em "Players" fala-se de Paul Wertico, baterista que já tocou com Pat Metheny e Larry Coryell, entre outros.

Na secção "Reviews", dedicada à crítica de discos, o destaque vai para "Taking A Chance On Love", da cantora Jane Monheit, "The Life of A Song", da pianista Geri Allen, "Latitude", de Groundtruther e "End of the World Party (Just in Case)", de Medeski Martin & Wood. Finalmente é publicada a recensão a "Suspended Night", do quarteto do trompetista polaco Tomasz Stanko, para o "Improvisos Ao Sul" um dos fortes candidatos a melhor disco do ano.

Neste número destaque também para um dossier especial de 78 páginas sobre onde e como estudar jazz nos EUA, o "2005 Student Music Guide – Where to Study Jazz".

O "Blindfold Test" deste mês é com a dupla Bud Shank & Phil Woods.

domingo, outubro 17, 2004

Brad Mehldau Trio para ver e ouvir na 2: 


Brad Mehldau

Às horas tardias do costume (1h10) a 2: transmite esta noite, no programa "Músicas", um concerto ao vivo do trio de Brad Mehldau - constituído por BM (piano), Larry Grenadier (contrabaixo) e Jorge Rossy (bateria) - gravado no Festival Internacional de Jazz de Montreal (apesar de ter estado anunciado para esta semana um concerto com Jane Monheit, mas vá lá, ficamos a ganhar).

Segundo o anunciado, o concerto inclui sete temas: dois clássicos, uma peça contemporânea e quatro originais de Mehldau, que revelam o estilo inconfundível, a sensibilidade do pianista e a cumplicidade com os outros músicos.

A RTP, no seu sítio da internet, anuncia o concerto de Mehldau com a seguinte a pérola "a beleza do jazz romântico" (??!?!). Só mesmo para rir.

sexta-feira, outubro 15, 2004

Holy Ayler 


Albert Ayler (cortesia de Ralph Sgrillo)

O Eduardo Chagas, no seu Jazz e Arredores, recordou-me a seguinte frase de Albert Ayler:

"Trane was the Father, Pharoah was the Son, I was the Holy Ghost."

UnAmerican Barretto 

É sempre um exercício interessante analisar a forma como os discos de músicos portugueses são vistos lá fora. Em especial, nos EUA, devido não só, e em geral, ao grande contraste cultural (embora esta tenda a diminuir...) como também, e em particular, ao forte peso da matriz jazzística "tradicional".

Desta vez, aqui fica um texto de Ken Waxman, publicado na secção "UnAmerican Activities" do sítio One Final Note, sobre o disco "Lokomotiv", do trio do contrabaixista Carlos Barretto, a que se juntou o sax barítono do francês François Courneloup.



"UnAmerican Activities #3
Carlos Barretto

by Ken Waxman

Who would have imagined that one of the most convincing inside/outside sessions of the year would come from an unheralded—at least in North America—Portuguese combo with a French baritone saxophonist guesting? But it's true.

Estoril-born bassist Carlos Barretto's Lokomotiv (Clean Feed) could be an object lesson in how to produce a CD that swings from the get-go. Yet it never gives the impression that any of the musicians are holding back their freeform tendencies to fit anyone's idea of what the proper idea of jazz is.

You can hear this as early as the title tune where the bassist's intro—delivered with a weightlifter's power—locates itself firmly in the tradition of Charles Mingus' "Haitian Fight Song". It's followed by basement snorts from French baritone saxist François Corneloup. Although his sonorous output here makes many low sax types sound as if they play sopranino, Corneloup also has enough control to showcase R&B-style honks and siren-like multiphonics that almost sound like trumpet lines. His exercise in low pitches is accompanied by a workout on the trap set and bell tree by drummer José Salgueiro, which is subsequently subverted by horse whinnies from Corneloup. Finally the saxman uses his bone-shaking timbres to reach a climax.

A flourishing presence on the Continental scene, Barretto has taken sideman gigs with musicians ranging from mainstream modern pianists George Cables and Kirk Lightsey to more outside folk like soprano saxist Steve Lacy. His own trio has been around since 1997, always featuring guitarist Mário Delgado, a hard-hitting stylist who also works accompanying Portuguese pop singers. Barretto recently returned the favor, playing on Filactera, last year's well-received solo CD by the guitarist, also on Clean Feed. Percussionist Salgueiro also moves back-and-forth between popular and improvised music in Portugal, while the self-taught Gallic saxist Corneloup has worked with trombonist Yves Robert, guitarist Marc Ducret and others, in bands that skirt the mainstream.

Perhaps it's the brotherhood of the reverberant, but the bassist and sax man offer fine work in tandem here. Moving between a more mellow Gerry Mulligan-like style and some freak, flutter-tongued high pitches, Corneloup's more abstract overblowing encourages lumberjack-powered strokes from Barretto, plus some Amerindian tom tom color from Salgueiro. Ballads are no problem either, as on "Klinfrik", where the baritone man trills out tones that move from tenor emulation to full sonorous sounds. Meanwhile the bassist's lines encompass 12-string guitar strumming emulation as well as classic jazz slap bass.

Seemingly too polite to interrupt—or often solo—when the guest is featured on certain tunes, Delgado reserves his best work for his own features. "Casa Branca" has a vibrating groove that seems to come from rock music. On it, his razor-sharp note patterns resemble those of a more modern Grant Green, although his double-timed, lead guitar licks are more contemporary and he lacks the blues-gospel base.

Meanwhile, on his own "O Balão na Cama do Faquir", Delgado sounds as if he's flat picking the tune backwards, and is then met with enough emphasized, unison textures from arco bass and airy baritone that it almost appears as if he's working with string and reed sections. As Corneloup blares away, Barretto speedily double stops and Salgueiro contributes fast conga-style drumming. A tempo change introduced by fuzz tone effects from Delgado puts the piece in the pocket, with funk-based asides from the bassist and baritonist and the guitarist finger wiggling for greater effects.

Whether you're a dyed-in-the-wool mainstreamer or thrill-seeking experimentalist, there will likely be something on Lokomotiv for you."


[Texto de Ken Waxman, retirado, com a devida vénia, do sítio One Final Note, 2004]

quinta-feira, outubro 14, 2004

Trem Azul abre loja 



É um verdadeiro acontecimento para o jazz em Portugal.

Vai finalmente abrir portas a loja da Trem Azul, a Trem Azul Jazz Store, a primeira em Portugal totalmente especializada e vocacionada para o jazz e para a música improvisada actual.

A inauguração da loja, situada na Rua do Alecrim 21-A, ao Cais do Sodré, em Lisboa, será hoje, ao final da tarde - a partir das 17h00 - e contará com a participação de músicos como Dénnis Gonzalez, Carlos Barretto, Zé Eduardo, entre outros.

A nova loja estará aberta de segunda a sábado, entre as 10h e as 19h, encerrando aos domingos e feriados.

O "Improvisos Ao Sul" deseja as maiores felicidades para a Trem Azul e para este novo espaço, e desde já avisa que a primeira visita está prevista para breve...

quarta-feira, outubro 13, 2004

Ouver Jazz 



Arrancou ontem em Aveiro, com um concerto do Zé Eduardo Unit "A Jazzar no Zeca", o Festival "Ouver Jazz" (expressão típica de José Duarte...)

Organizado pela Associação Académica da Universidade de Aveiro, o "Ouver Jazz", que termina amanhã, conta com um conjunto de iniciativas, que vão desde concertos, a música de rua e a um ciclo de cinema.

O programa do "Ouver Jazz" é o que se segue:

Música de rua
Ruas de Aveiro, 12, 13, 14 e 15 de Outubro, 20h00 às 24h00.

Concerto com Baldo Martinez Grupo
Auditório da Reitoria da Universidade de Aveiro, 14 de Outubro, 22h00

Ciclo de Cinema

"Kansas City"
Anfiteatro de Mecânica, 13 de Outubro, 21h00

"Stormy Weather"
Anfiteatro de Mecânica, 14 de Outubro, 18h00

Os bilhetes estão à venda na AAUAV e a partir das 21h00 no Auditório da Reitoria da UA (preço: € 3).

A dollar 


Dexter Gordon (Guy Le Querrec)

A propósito de Dexter Gordon, recorda o saxofonista Jackie McLean:

"The first time I saw him [Dexter Gordon] play was at a jam session at a place called Lincoln Center – near the site of the Lincoln Center of today - on a afternoon when Ben Webster and a bunch of other people were playing. I loved to watch him play. I webt to see him at another jam session again at Lincoln Center, but when I stepped up with my dollar to get in, the guy asked me "How old are you?" I was about 14, and I tried to drop my voice down. I said “18”. “No. Come on kid. Get out ot the line”.I was dejected and I went outside and started hanging out in front. Then I saw Dexter coming, and I ran out to him in the street. I said "Mr. Gordon, I want to go in to see you play, but they won´t let me in". So he said "Well, how much does it cost to go in?", "A dollar". "Give me your dollar. Just stay with me”. I walked right in with him."

[Retirado da revista “Downbeat” – 70th Anniversary Collectors Edition – Julho 2004]

terça-feira, outubro 12, 2004

Revistas de jazz em Beja 

Poucas são as revistas especializadas em jazz que conseguem fazer o árduo caminho até chegar a Beja. Geralmente, as que vejo à venda são a francesa "Jazzman" e a inglesa "Jazz Review". Esporadicamente, muito esporadicamente mesmo, lá chega a espanhola "Cuadernos de Jazz".

Nem mesmo a portuguesa "All Jazz" (já agora, o que será feito dela?) é vendida nesta cidade.

Explicações?

Desatenção das lojas? Falta de público interessado em adquiri-las? As leituras na internet ultrapassaram as clássicas revistas de carne e osso? Provavelmente, todas são justificações plausíveis...

Durante alguns anos tentei, junto de vários pontos de venda de jornais e revistas da cidade de Beja, que cá fizessem chegar pelo menos um exemplarzito da revista norte-americana "Downbeat", a mais prestigiada do mundo, se bem que muito presa ao universo, muitas vezes conservador, do jazz Made in USA. Nunca consegui. Não tive outra solução, senão assinar a revista directamente dos EUA.

Agora adivinhem qual não foi o meu espanto quando, procurando leituras para o fim de semana, dou de caras com ela, bem arrumadinha num escaparate de uma das lojas da cidade...

Para quem vive numa grande cidade talvez até seja motivo para um sorriso. Mas, caramba, para quem cá vive, gosta de jazz e luta pela sua divulgação em terras alentejanas é motivo de regozijo!

segunda-feira, outubro 11, 2004

Jazz na 2: 

Ainda que numa fugaz passagem (mais uma...), o jazz está de volta à televisão em Portugal.

O programa "Músicas", que vai para ao ar na 2:, todos os domingos à noite (em rigor, já na madrugada de segunda-feira), pela 0h30, está a dedicar todos o mês de Outubro ao jazz.

Ontem à noite foi a vez do trompetista Mark Isham, em concerto ao vivo no Festival de Jazz de Montreal (Canadá).

O programa para as próximas emissões é o seguinte:

17 de Outubro
Jane Monheit

24 de Outubro
Brad Mehldau Trio

31 de Outubro
Alain Caron
Keith Jarrett Trio

Bem sabemos a cartilha de valores pela qual se regem as televisões em Portugal, mas faço de novo a pergunta (já aqui formulada repetidamente): para quando um programa temático ligado ao jazz na televisão portuguesa?

domingo, outubro 10, 2004

A cor do jazz 



"Thank you for F.U.M.L (Funking Up My Life)"
Colagem de tintas e grafite sobre fibra, 15 x 18 3/8 in., concebida para um disco de Donald Byrd (National Gallery of Art, Washington, D.C.)

O artista plástico Romare Bearden nasceu a 2 de Setembro de 1911 em Charlotte (Carolina do Norte), e morreu em Nova Iorque a 12 de Março de 1988, com 76 anos de idade.

Entre as suas principais fontes de inspiração sempre esteve a música, em particular a afro-americana, o jazz e o blues.

No início dos anos 50, para fazer face à sua precária situação financeira, começou inclusivamente a escrever letras para canções.

Muitas das suas amizades eram músicos de jazz, com quem discutia habitualmente as relações entre o jazz e as artes plásticas. Talvez por isso muitas das suas pinturas tinham nomes de canções.

Mas a pintura de Romare Bearden nunca se limitou ao simples retratar de músicos e de grupos de jazz.

Ao longo da sua carreira, Bearden explorou formas de combinar cores, formas e texturas, de modo a criar qualquer coisa que fosse o equivalente visual das experiências de improvisação musical. A sua técnica preferida sempre foi a colagem.



"Out Chorus" 1979-80

No livro "The Art of Romare Bearden", a escritora Ruth Fine escreveu:

"The ´call and response´ aspect of jazz is essential to Bearden´s practice in that his spontaneous approach required each move in his making of a work to determine subsequent actions. Likewise, the jazz paratice of ´call and recall´is embedded in his repetitions of motifs, always with variation..."

A obra de Romare Bearden vai estar patente ao público no Whitney Museum of American Art, em Nova Iorque, a partir de 14 de Outubro, numa exposição organizada pela National Gallery of Art, de Washington.

Como alguém disse um dia: "You can almost hear the music through the color."

sexta-feira, outubro 08, 2004

Rollins 


Sonny Rollins (Juan-les-Pins, França, 1976)
® Helen Mandel

Retirada, com a devida vénia, de: www.ahhajazz.com

quinta-feira, outubro 07, 2004

Too old to pimp, too young to die 


Clark Terry

O trompetista Clark Terry em discurso directo:

"Well, I’m too old to pimp, and too young to die, so I’m just gon’ keep playin´..."

Uma escolha avisada, sim senhor…

A Luz de Laurent 



Apesar das habituais contrariedades, que, afinal de contas, ainda são muitas, o jazz em Portugal (evitei propositadamente usar a expressão "o jazz português") vive hoje, de facto, a melhor fase da sua história.

Uma das provas desta situação encontra-se na quantidade (mas, acima de tudo, na qualidade) das edições discográficas de músicos nacionais editadas a um ritmo nunca antes visto.

Desde o jazz de pendor mais clássico às novas correntes, de tudo se tem tocado e gravado em Portugal nos últimos anos.

O exemplo mais recente deste patamar de qualidade é o novo disco do trompetista, compositor e arranjador Laurent Filipe, intitulado "A Luz" (Clean Feed, 2004).

Músico que dispensa grandes apresentações, Laurent Filipe iniciou a sua carreira de músico com apenas quinze anos. É licenciado em Teoria e Composição Musical, pela Universidade de Kansas e tem um Mestrado em Composição Musical para Cinema, pelo Berklee College of Music. Estudou com os trompetistas Roger Stoner e Greg Hopkins, tendo participado em seminários com Wynton Marsalis. Já actuou como líder do seu próprio grupo e como sideman em clubes e festivais de jazz, tanto nos EUA como na Europa. Já tocou ao lado de músicos como Aldo Romano, Tete Montoliu, Maceo Parker e Walter Perkins, entre muitos outros. Entre outros prémios, foi galardoado em 1985 com o prémio "Art Farmer Performance Award". Para além do jazz, o seu vasto reportório inclui igualmente trabalhos nas áreas da música tradicional, contemporânea e afro-cubana. Tem composto também bandas sonoras para filmes e documentários. De entre várias os seus discos,destaque maior para "Laura" (Numérica, 1992), "Divertimento For Duke And Monk" (Numérica, 1993), com o Duo Iberia, e "Ad Libitum Vol. 1" (Movieplay/Groove, 1995), com a Orquestra Sons do Mundo. Mais recentemente, foi o responsável pelos excelentes arranjos do disco de estreia da cantora Jacinta "Tribute to Bessie Smith (EMI-Blue Note, 2003).

Neste novo disco, Laurent Filipe (trompete e fliscórnio) é acompanhado por alguns dos melhores músicos nacionais: Mário Delgado (guitarra), Rodrigo Gonçalves (piano), Nelson Cascais (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria).

Os temas são "Notte", "Crepuscule With Keilli", "Funky Planet", "A Luz", "Deceit", "The Nature Of Things", "Mary Chamberlain Goes to SP" e "O´ Alvaro".

Já agora uma dica: no sítio jazzportug@l é possível, durante todo o mês de Outubro, encomendar este CD a um preço especial (€ 9,90 acrescidos de € 2,78 para portes de correio).

Mais uma luz a juntar ao cada vez mais iluminado panorama jazzístico nacional.

quarta-feira, outubro 06, 2004

Jazz e Arredores 

A blogosfera jazzística está mais rica com a chegada do "Jazz e Arredores - jazz, música improvisada e tudo à volta".

Blogue da autoria de Eduardo Chagas, debruça-se fundamentalmente sobre as novas tendências da música improvisada e do jazz avant-garde.

A visitar em: jazzearredores.blogspot.com

Jazzman Out04 

Desde o número anterior, o "Improvisos Ao Sul" estava com água na boca à espera da entrevista com o saxofonista noruguês Jan Garbarek, prevista para o número de Outubro da revista francesa "Jazzman".

E ela cá está! Logo na capa, um desenho chama a atenção para o dossier Jan Garbarek, intitulado "Sort du Silence". A acompanhar a entrevista "Jan Garbarek - La Planéte des Songes", é apresentada uma selecção de 10 discos retirados da sua vasta discografia. Também a secção "On-Line" é dedicada ao mestre norueguês, com sugestões de diversos sítios interessantes na internet a consultar.

Mas nem só de Garbarek vive este número da revista.

Interessantes são também os artigos sobre o pianista Bill Carrothers, que lançou recentemente o disco "Armistice 1918" (Sketch/Haronia Mundi, 2004), sobre a completamente desconhecida, pelo menos para o "Improvisos Ao Sul", cantora sul-coreana de nome Youn Sun Nah, apresentada com "La Chanteuse des Matins Clairs" e um outro sobre o guitarrista norte americano Charlie Hunter.

Destaque igualmente para a entrevista com o vibrafonista norte americano Buddy Montgomery (irmão mais novo do célebre guitarrista Wes Montgomery).

Na secção "CD Review" o destaque CHOC vai para os discos "Soul Saved Ears", de Big Satan, "Duo Palindrome (vol. 1 et 2)", de Anthony Braxton e Andrew Cyrille, "From The Ground", do Caratini Jazz Ensemble, "Translinear Light", de Alice Coltrane, "Seven Steps: The Complete Columbia Recordings of Miles Davis 1963-1964", de Miles Davis, "In Praise of Dreams", de Jan Garbarek, "Subtextures", de Ron Horton, "Midnight Sun", de Elisabeth Kontomanou, "Abcd´erre de la vocalchimie", de Anre Minvielle, "One in Two, Two on One", de Max Roach e Anthony Braxton, "Double Jeu", de Romane - Stochello Rosenberg, "Nelson Veras", do próprio, "Road Movies", de Eric Watson e Christof Lauer e "Le Jardin aux Sentiers qui Bifurquent", do Barney Wilen Jazz-Hip Trio.

Quanto a DVD´s especial atenção para "The Universal Mind of Bill Evans".

Este número completa-se com as secções habituais, de entre as quais merece realce a secção "At Home...", com o mítico contrabaixista do Modern Jazz Quartet Percy Heath.

terça-feira, outubro 05, 2004

Últimas aquisições 

Como não poderia deixar de ser, o "Improvisos Ao Sul" deslocou-se à VI Mega-Feira Internacional do Disco, que decorre desde a passada sexta-feira e que termina hoje, no piso 2 da Gare do Oriente, em Lisboa, em busca de algumas mais-valias para a colecção, preferencialmente a preços inferiores aos habitualmente praticados nas lojas do costume (escusado será dizer que são elevadíssimos!).

Após uma visita não tão demorada como a pretendida, as aquisições foram as seguintes:

Lester Young / Roy Eldridge / Harry Edison - "Laughing To Keep From Crying"



Disco gravado em 1958, apenas um ano antes da morte de Prez. Integrado na colecção "Verve Master Edition", apresenta, para além dos temas incluídos no LP original, dois temas bónus: "Ballad Medley" (composto por "The Very Thought Of You", "I Want A Little Girl" e "Blue And Sentimental") e ainda "Mean To Me".

O mestre aparece nestas gravações acompanhado por Roy Eldridge e Harry "Sweets" Edison (trompete), Hank Jones (piano), Herb Ellis (guitarra), George Duvivier (contrabaixo) e Mickey Sheen (bateria).

Destaque para os dois temas em que Lester Young toca clarinete ("Salute to Benny" e "They Can´t Take That Away From Me"), pela primeira vez em disco desde os anos 30.

Um disco histórico e intemporal, retirado do vastíssimo catálogo da Verve.

Compra irrecusável, por apenas € 7!


The Will Holshouser Trio - "Reed Song"



"Reed Song" é um disco dos primórdios da aventura editorial da "Cleen Feed" (disco 05 do catálogo).

Apresenta-nos o trio do acordeonista Will Holshouser, acompanhado pelo trompetista Ron Horton (do Jazz Composers Collective), o contrabaixista David Phillips e, em apenas dois temas, o baterista Kevin Norton.

O acordeão não é um instrumento muito habitual no jazz. No entanto existem bons exemplos de utilização deste instrumento em contextos jazzísticos modernos, com é exemplo o excelente disco "A Thousand Evenings", que junta o trompetista Dave Douglas ao acordeonista Guy Klusevsek. Sempre interessante a associação acordeão-trompete, aqui reforçada com a dupla Will Holshauser-Ron Horton.

Disco com uma sonoridade mais próxima da Europa do que dos EUA, com uma ambiência fortemente teatral, onde se vislumbram influências dos universos de Kurt Weill ou Nino Rota. Como se pode ler nas liner notes, da autoria de David Krasnow, “There´s a lot of space between Threepenny Opera and A Man and A Woman, and the Holshouser Trio gets busy covering it”.

Destaque para os temas "Nocturnal", "Blue Light Special" e o meu preferido "For The Birds".

segunda-feira, outubro 04, 2004

Bons sonhos 



Depois de alguns anos sem discos de originais em nome próprio, para desespero de muitos, está de volta o saxofonista norueguês Jan Garbarek, com um novo trabalho discográfico, intitulado "In Praise of Dreams" (ECM, 2004).

Gravado ao vivo entre Março e Junho de 2003, este disco traz-nos Garbarek (saxofones tenor e soprano, sintetizadores, sampler, percussões), a explorar paisagens sonoras na companhia de Kim Kashkashian (violino) e Manu Katché (bateria e percussões electrónicas).

O disco conta com os seguintes temas:

As seen from above
In praise of dreams
One goes there alone

Knot of place and time
If you go far enough
Scene from afar
Cloud of unknowing
Without visible sign
Iceburn
Conversation with a stone
A tale begun


O "Improvisos Ao Sul", fã incondicional confesso do universo musical de Garbarek, aguarda com particular expectativa estas suas novas aventuras...

domingo, outubro 03, 2004

Beja Blogs 



(Proposta de logo do Encontro, da autoria de Daniel, retirada, com a devida vénia, do blogue Praça da República)

É já para o próximo dia 6 de Novembro (um sábado) que está marcada a realização de um Encontro de Blogues cá do burgo.

Organizado pelo blogue Praça da República, do sempre activo Nikonman, este Encontro terá o seguinte programa de actividades:

(até às) 12h30 - Concentração dos Participantes no Almoço - Junto ao Pelourinho da Praça da República;
Fotografia de grupo
13h00 - Almoço de Confraternização (restaurante será anunciado oportunamente);
14h45 - Conversa à volta dos blogs - Cafetaria da Biblioteca Municipal de Beja
17h30 - Fim do Encontro


As inscrições para o almoço podem ser efectuadas através do blogue Praça da República, onde diz "Escreva-me". Na inscrição deve constar o nome do blog, o nome do seu administrador, número de acompanhantes e indicação se tem algum tipo de restrição alimentar. O inscrito deve fornecer igualmente outro meio de contacto que não o endereço electrónico (por exemplo nº de telemóvel ou telefone fixo), de forma a que se possa comprovar a veracidade da inscrição.

O prazo para as inscrições termina às 12h00 de 1 de Novembro (não serão aceites inscrições depois desta data/hora).

A conversa na Biblioteca está aberta a todos os interessados, não necessitando de inscrição prévia.

Mais informações sobre este Encontro no blogue "Praça da República".

sexta-feira, outubro 01, 2004

Galardoados 

De acordo com um comunicado emitido ontem, o Ministério da Cultura, por ocasião do Dia Mundial da Música, que se comemora hoje, vai galardoar o Hot Clube de Portugal e o divulgador/conferencista/radialista/escritor de jazz José Duarte com a Medalha de Mérito Cultural, em cerimónia a decorrer no Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto, pelas 21h30.

Entre os homenageados estão também o maestro Marc Tardue, o violinista Vasco Barbosa, o compositor Christopher Bockmann e a cantora lírica Elsa Saque.

José Duarte é divulgador de jazz desde 1958. É autor e apresentador do programa de rádio "Cinco Minutos de Jazz", actualmente na RDP. Conferencista, é autor de diversos livros sobre jazz e colaborador de várias publicações, entre as quais as revistas "Downbeat" e "All Jazz". É Membro da International Association for Jazz Education, organizou e promoveu espectáculos e exposições, é membro da Direcção da "International Jazz Federation" (UNESCO). Actualmente é também docente na Universidade de Aveiro.

O Hot Clube de Portugal desenvolve a sua actividade ininterruptamente desde 1948. Além da actividade tradicional, mantém há 14 anos uma escola de música, de ontem têm saído alguns dos melhores músicos nacionais. Tem um protocolo com a Duke University para a realização do "Study Abroad Program".

Nunca é demais recordar que a UNESCO, através do Conselho Internacional da Música, celebra em 2004 este Dia Mundial da Música com o tema "Jazz Meets the World: A Tribute to Jazz in Education".

Jazz nas vindimas 



Vai decorrer na mais antiga região demarcada do mundo, durante todo o mês de Outubro de 2004, o Festival Internacional "Douro Jazz", que engloba um conjunto de 26 concertos, com os principais a terem lugar às sextas-feiras e aos sábados.

A organização do "Douro Jazz" teve em atenção a compatibilização do calendário do festival com a época das vindimas, apesar de tentar tirar partido de uma estética diferente da que habitualmente se relaciona com este período do ano.

A lista completa de concertos intergrados no "Douro Jazz", a ter lugar em Vila Real e na Régua, é a que se segue:

1 de Outubro (sexta-feira, 22h00)
Quarteto in Bossa
Solar do Vinho do Porto (Régua)

2 de Outubro (sábado, 22h00)
Orquestra Jazz de Matosinhos
Grande Auditório do Teatro de Vila Real

8 de Outubro (sexta-feira, 22h00)
Quatro.com
Solar do Vinho do Porto (Régua)

9 de Outubro (sábado, 22h00)
Quatro.com
Café Concerto do Teatro de Vila Real

15 de Outubro (sexta-feira, 22h00)
Mai Seidelin e Paulo Barros Trio
Solar do Vinho do Porto (Régua)

16 de Outubro (sábado, 22h00)
Mai Seidelin e Paulo Barros Trio
Pequeno Auditório do Teatro de Vila Real

22 de Outubro (sexta-feira, 22h00)
Trio de Artur Caldeira
Solar do Vinho do Porto (Régua)

23 de Outubro (sábado, 22h00)
Trio de Artur Caldeira
Café Concerto do Teatro de Vila Real

29 de Outubro (sexta-feira, 22h00)
Pat Silva & M. M. Quartet
Café Concerto do Teatro de Vila Real

30 de Outubro (sábado, 22h00)
Trupe Vocal
Pequeno Auditório do Teatro de Vila Real

Paralelamente a estes concertos principais, vai também ter lugar às segundas, terças, e quartas-feiras de Outubro, a iniciativa "Jazz no Café Concerto" e jam sessions, às quintas-feiras, tudo no Café Concerto do Teatro de Vila Real.

Jazz e vinho do Porto, que tal?