<$BlogRSDURL$>

terça-feira, agosto 31, 2004

The-Out-of-Towners hoje à venda 

É hoje, 31 de Agosto, colocado à venda pela editora ECM o novo disco do trio Keith Jarrett (piano), Gary Peacock (contrabaixo) e Jack DeJohnette (bateria), intitulado "The-Out-of-Towners".



Os temas que fazem parte deste disco são os seguintes:

Intro - I Can’t Believe That You’re In Love With Me
You’ve Changed
I Love You
The Out-of-Towners
Five Brothers
It’s All In The Game

Todos os temas foram gravados ao vivo em Julho 2001.

Como fã incondicional deste trio, o "Improvisos Ao Sul" não vê a hora de lhe colocar os ouvidos em cima!

segunda-feira, agosto 30, 2004

É jazz, gaita! 


Rufus Harley

Parte integrante da mais profunda tradição celta, posteriormente levada para a América, a gaita de foles pode ser um instrumento de jazz, por mais estranho que possa parecer à primeira vista (ou audição...).

Exemplo (único?) disto mesmo é o enigmático Rufus Harley, saxofonista, flautista e oboísta, nascido em Raleigh (Carolina do Norte), a 20 de Maio de 1936.

Em Novembro de 1963, o jovem Harley ficou inebriado ao escutar o som das gaitas de foles no funeral de John F. Kennedy, a que assistiu pela televisão.

Primeiro tentou reproduzir o som das gaitas no seu saxofone, sem sucesso. Tentou comprar uma gaita de foles nas lojas de instrumentos musicais das redondezas, o que também não conseguiu. Finalmente, lá comprou uma gaita numa pequena loja, na sua primeira viagem a Nova Iorque, desembolsando, reza a lenda, a quantia de 120 dólares!

Entretanto, aperfeiçou-se no desenvolvimento de uma linguagem própria e original.

"One morning, I got a phone call around 2 o’clock", recordou Harley. “This is John Coltrane” disseram do outro lado da linha. O som único de Harley tinha convencido Coltrane a comprar um conjunto de gaitas de foles.

Rufus Harley adoptou então um discurso carregado de influências coltraneanas e impregnado de blues. Para além de Trane, Harley tocou com músicos como Herbie Mann, Sonny Stitt e Sonny Rollins.

"Scotch And Soul", "Re-Cration Of The Gods" e "The Cutting Edge" (gravado ao vivo no festival de jazz de Montreux em 1974 ao lado de Sonny Rollins, que ,desde início, o tinha impulsionado na sua senda jazzística), são alguns dos seus discos mais importantes.

Porém, o seu disco mais emblemático chama-se "The Pied Piper of Jazz", editado pela M Records, uma compilação do trabalho de Harley para a Atlantic, entre 1966 e 1970.

A descobrir.

sexta-feira, agosto 27, 2004

Ornettenor 



Ornette Coleman escreveu história soprando o seu alto.

"Something Else", "Tomorrow Is The Question", "The Shape Of Jazz To Come", "Change Of Century" ou "Free Jazz" são títulos de discos seus gravados nos finais da década de 50, princípios da de 60, do século passado, que desenharam os contornos do jazz que ainda estava para acontecer.

Ornette é um dos maiores nomes da história do jazz.

Toca, para além do seu célebre sax alto de plástico branco (que dizia possuir um som único que correspondia aquilo que pretendia em termos sonoros), trompete, violino, de forma muitas vezes não convencional, fora dos cânones habituais.

Talvez por isso tenha sido (e ainda o seja, em muitos aspectos) incompreendido por algumas facções mais "tradicionalistas" do jazz.

No fundo, Ornette "apenas" toca blues. Filtrados pela sua forma muito particular de estar e de sentir a música.

Ornette Coleman também toca sax tenor. Mas nunca como o fez no absolutamente imprescindível "Ornette On Tenor", a primeira vez que gravou com este instrumento depois de uma longínqua sessão de gravação de rhythm´n´blues em 1950.

Quando A. B. Spellman, autor das liner notes originais, lhe perguntou por que razão tinha gravado este disco em sax tenor, Ornette respondeu "The tenor is a rhythm instrument, and the best statements Negroes have made, of what their soul is, have been on tenor saxophone. Now you think about it and you´ll see I´m right. The tenor´s got that thing, that honk, you can get to people with it. Sometimes you can be playing that tenor ad I´m telling you, the people want to jump across the rail. Especially that D Flat blues. You can really reach their souls with that D Flat blues."

Neste disco, gravado em Nova Iorque, em Março de 1961, Orrnette é acompanhado pelos seus habituais companheiros Don Cherry (trompete), Jimmy Garrison (contrabaixo) e Ed Blackwell (bateria).

"Cross Breeding", "Mapa", "Enfant", "Eos" e "Ecars" são peças a escutar atentamente. Como diz o crítico Nat Hentoff "Ornette seizes the listener."

Esta reedição de "Ornette On Tenor", de 2004, com o selo Atlantic Jazz Masters, via Rhino, é, sem dúvida, uma excelente ocasião para reencontrar Ornette.

quinta-feira, agosto 26, 2004

A arte do improviso 

O grande pianista Bill Evans escreveu nas liner notes do histórico "Kind of Blue" (1959), de Miles Davis, intituladas "Improvisation in Jazz", o pedaço de prosa que se segue:

"There is a Japanese visual art in which the artist is forced to be spontaneous. He must paint on a thin stretched parchment with a special brush and black water paint in such a way that an unnatural or interrupted stroke will destroy the line or break through the parchment. Erasures or changes are impossible. These artists must practice a particular discipline, that of allowing the idea to express itself in communication with their hands in such a direct way that deliberation cannot interfere. The resulting pictures lack the complex composition and textures of ordinary painting, but it is said that those who see well find something captured that escapes explanation. This conviction that direct deed is the most meaningful reflections, I believe, has prompted the evolution of the extremely severe and unique disciplines of the jazz or improvising musician."

Já agora, aqui fica uma sugestão:



Um disco extraordinário...

quarta-feira, agosto 25, 2004

Downbeat Readers Poll 2004 

Seguiu hoje com destino a Elmhurst, nos Estados Unidos da América, o cupão com as votações do "Improvisos Ao Sul" para o "Readers Poll 2004" da revista "Downbeat".

Aqui ficam as nossas escolhas nas diversas categorias:

Hall Of Fame - Keith Jarrett
Artista de Jazz do Ano - Dave Douglas
Álbum de Jazz do Ano - Dave Douglas - "Strange Liberation"
Editora - Blue Note
Reedição de Jazz - Andrew Hill - “Passing Ships”
Grupo de Jazz Eléctrico - Roy Hargrove RH Factor
Grupo de Jazz Acústico - The Bad Plus
Big Band de Jazz - Clayton-Hamilton Jazz Orchestra
Músico/Grupo de blues - Buddy Guy
Álbum de Blues do Ano - Buddy Guy – “Blues Singer”
"Outros estilos" Artista/Grupo - Lhasa
Álbum "Outros estilos - Lhasa - "The Living Road"
Arranjador - Carla Bley
Compositor - Dave Douglas
Trompete - Dave Douglas
Trombone - Wycliffe Gordon
Flauta - James Moody
Clarinete - Louis Sclavis
Saxofone Soprano - Chris Potter
Saxofone Alto - Greg Osby
Saxofone Tenor - Joe Lovano
Saxofone Barítono - Gary Smulyan
Teclados/Sintetizadores - Craig Taborn
Piano Acústico - Keith Jarrett
Órgão - Jimmy Smith
Guitarra - John Scofield
Baixo Eléctrico - Christian McBride
Contrabaixo - Dave Holland
Bateria - Jack DeJohnette
Percussão - Trilok Gurtu
Vibrafone - Stefon Harris
Instrumento miscelânia - Erik Friedlander (violoncelo)
Vocalista Masculino - Kurt Elling
Vocalista Feminina - Patricia Barber

terça-feira, agosto 24, 2004

Tavir(j)azz 

Mais uma vez o jazz mereceu um lugar de destaque na programação musical da iniciativa "Verão em Tavira", que anualmente a Câmara Municipal local organiza para animar as noites dos muitos veraneantes que se deslocam ao Sul de Portugal nesta altura do ano.

As propostas jazzísticas agendadas para a edição 2004, em que o jazz conheceu um espaço alargado em relação à edição de 2003, passaram pelo sexteto do contrabaixista Bernardo Moreira (na sexta-feira, dia 20), pela cantora Jacinta (no Sábado, dia 21) e pelo trio de contrabaixos, formado por Carlos Barretto, Carlos Bica e Zé Eduardo (no Domingo, dia 22).

Três propostas irrecusáveis, que fizeram o "Improvisos Ao Sul" rumar, mais uma vez, até ao Algarve!

Aqui ficam as nossas impressões.

Bernardo Moreira Sexteto

Recriar a música de alguém como Carlos Paredes não é tarefa fácil.

Em matéria de composição e improvisação, Carlos Paredes incorporou sempre na sua música algo de intrinsecamente jazzístico: o gesto pela aventura e pelo risco.

O projecto "Ao Paredes Confesso", liderado pelo contrabaixista Bernardo Moreira e consubstanciado em disco editado em 2003, não se limita a ser uma mera homenagem ao recentemente desaparecido Carlos Paredes. Constitui antes um olhar diferente, uma viagem audaz e inovadora ao universo musical do expoente máximo da guitarra portuguesa e o mais genial compositor português do século XX.

Sabendo-se que teria como mote esse disco, aguardava-se este concerto com muita expectativa. Das palavras iniciais de Bernardo Moreira, desde logo se percebeu que este era um concerto importante para o sexteto em palco, dado ser o primeiro depois da morte do guitarrista.

A formação em palco, de constituição instrumental algo inusitada, foi composta pelo experiente e seguro contrabaixista Bernardo Moreira (que tocou num estranho modelo de contrabaixo, vagamente parecido com o habitualmente utilizado por Eberhard Weber), pelo seu irmão João Moreira no trompete, há muito uma certeza no trompete, por dois dos mais interessantes guitarristas portugueses da nova geração, André Fernandes e Nuno Ferreira, que também já exibem uma notável maturidade musical, e pelo rodado e maduro baterista André Sousa Machado.

Logo no tema de abertura do concerto, "Canção para Carlos Paredes", da autoria de Bernardo Moreira, estava encontrada a linha de rumo que iria definir todo o concerto, longas divagações sobre temas de Paredes.

"Sede e Morte" e "A Dança dos Montanheses" foram temas que contaram com o sempre eficaz suporte rítmico de Moreira e André Sousa Machado, pautados por com boas intervenções solísticas do trompetista e dos guitarristas, cada um deles com uma sonoridade bem distinta, o que permitiu diversificar a paleta sonora.

Para o final estava guardada a interpretação do mais emblemático tema de Carlos Paredes, o absolutamente incontornável "Verdes Anos", executado apenas por Bernardo Moreira, André Fernandes e André Sousa Machado. Arrepiante foi o vento que se levantou por esta altura...

Não o sei ao certo, mais creio que devido ao seu estado de saúde Paredes não terá escutado "Ao Paredes Confesso". Gostando como gostava de dar sempre um passo em frente, certamente esboçaria aquele sorriso tímido, ao escutar este exercício de audácia e criatividade sobre a sua música.


Jacinta

Jacinta é a cantora portuguesa de jazz e blues do momento. Apesar das diversas experiências musicais anteriores, que incluíram o estudo de piano clássico e composição e a participação num grupo de "rock progressivo", foi a participação no concurso televisivo "Chuva de Estrelas", com apenas 22 anos, que a catapultou para a ribalta. A partir desse momento nada mais seria como dantes...

Também a experiência nova iorquina da Manhattan School of Music, onde obteve bolsas para prosseguir os seus estudos superiores, frequentou workshops e salas de espectáculo, contribuiu para a preparação e maturação de uma cantora em processo de ascenção.

A edição do seu "Tribute to Bessie Smith" (2003) pela prestigiada Blue Note, muito bem recebido pela generalidade da crítica e do público, abriu-lhe as portas para voos ainda mais altos.

Foi com base no disco de tributo à imperatriz dos blues, mas não só, que Jacinta se apresentou na Fábrica Balsense, antiga fábrica de conservas reabilitada para a realização de espectáculos culturais, acompanhada por músicos muito jovens e praticamente desconhecidos: José Pedro (sax tenor), Diogo Vida (piano), Rodrigo Monteiro (contrabaixo) e João Cunha (bateria).

Em "Weepin Willow Blues" (tema que abriu o concerto e que contou com um inspirado solo de tenor), "Jailhouse Blues" (excelente scat, com swing perfeito), "Baby Won´t You Please Come Home" (explanando o lado mais delicado da sua musicalidade), "Sing Sing Prison Blues" ou no fantástico "Mama´s Got The Blues", Jacinta desfilou toda a sua sensualidade, o seu swing e a sua garra, imprimindo um cunho muito pessoal na interpretação dos temas.

Neste concerto, Jacinta passou igualmente pelos temos do repertório de Thelonious Monk, que tem trabalhado ao longo dos últimos tempos, aqui com arranjos da responsabilidade de Paulo Perfeito, designadamente na suite composta pelos temas "Monk´s Dream", "Ask Me Now" (excelente), "Think Of One" (temas para os quais foram propositadamente escritas letras) e ainda pelo intemporal "Round Midnight".


Jacinta
Foto: AB

Contr3aixos (Carlos Barretto, Carlos Bica e Zé Eduardo)

Definição: "Contrabaixo, s. m. (de contra+baixo), Instrumento para dar os acordes fundamentais" (Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, Círculo de Leitores, 1985).

O "Improvisos Ao Sul" esteve entre os que no passado Domingo tiveram o privilégio de assistiram à estreia ao vivo do projecto "Contra3aixos", composto pelos três mais prestigiados contrabaixistas nacionais, Carlos Barretto, Carlos Bica e Zé Eduardo, músicos que dispensam apresentações. "Ele [Carlos Barretto] representa o branco da pureza e nós [Carlos Bica e Zé Eduardo] o negro do black metal", disse Zé Eduardo.

Os três músicos, com larga experiência nos diversos campos do jazz e não só, são possuídores de personalidades musicais bem distintas e vincadas, e de uma forma muito particular de abordar o instrumento. Neste projecto fundem-se e formam um todo, que funciona como se de uma orquestra completa se tratasse, tal a riqueza do som obtido.

O prazer de tocar e de improvisar esteva bem patente nos sorrisos e nos olhares cúmplices que trocaram.

Assistimos a uma exploração das potencialidades do instrumento nos planos melódico, harmónico e rítmico, dedilhado, tocado como uma guitarra, com arco, como se fosse um instrumento de percussão, técnicas utilizadas para criar uma paleta sonora de rara beleza, assente em diferentes camadas construídas pelos três músicos.

Da improvisação total, completamente livre, passando pela interpretação de temas "Novissims" (de Zé Eduardo, escrito a pensar nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992) ou a extraordinária adaptação de "Password" (de Carlos Bica, incluído em "Look What They´ve Done To My Song", de 2003) constituíram momentos altos de espectáculo memorável.

Democraticamente, a apresentação dos vários temas tocados coube alternadamente aos três músicos. “Os três mosqueteiros”, como definiu Zé Eduardo. Alexandre Dumas acertou em cheio.

Ouviu-se uma música feita de silêncios. Free. Música de câmara. Uma experiência musical inolvidável.


Contra3aixos
Foto: AB

quinta-feira, agosto 19, 2004

A Jazzar em Tavira 

O "Improvisos Ao Sul" está mais uma vez de partida para o Algarve.

Desta vez para o destino será Tavira, onde estaremos presentes nos concertos do sexteto do contrabaixista Bernardo Moreira (amanhã, 22h30, Convento do Carmo), da cantora Jacinta (sábado, 22h30, Fábrica Balsense) e do projecto Contra3aixos (de Carlos Barretto, Carlos Bica e Zé Eduardo), no Domingo, também pelas 22h30 no Convento do Carmo.

Estes concertos estão integrados na iniciativa "Verão em Tavira", que continua a apostar no jazz como parte integrante da programação musical.

A julgar pelo concerto do trio de Bernardo Sassetti, a que tivemos oportunidade de assistir na edição do ano passado, teremos novamente este ano casa cheia!

Como é habitual, daremos depois aqui conta do sucedido.

Jazz´Abrir em Aljezur 

Não há dúvidas de que os concertos e festivais de jazz, dos mais mediáticos aos mais humildes, se multiplicam como cogumelos. Desta vez chegam-nos notícias de Aljezur, que recebe já a partir de amanhã o "Jazz´Abrir", festival de jazz organizado pela Câmara Municipal local e pela Associação Escolinha.

Os concertos previstos no âmbito do "Jazz´Abrir" são os seguintes:

20 de Agosto (Sexta-feira)

Groove Station Quartet (21h30)
Hugo Trindade (guitarra), Ruben Santos (trombone), Hugo Antunes (contrabaixo) e Bruno pedroso (bateria).

Quitento de Patrícia Vasconcelos (23h30)
Patrícia Vasconcelos (voz), Filipe Melo (piano), Bruno Santos (guitarra), Nuno Correia (contrabaixo) e Bruno Pedroso (bateria).

Agostin Portalo Trio (01h30)
Agostin Portalo (guitarra), Nuvem (baixo eléctrico) e Henrique Catela (bateria).

21 de Agosto (Sábado)

Wishfull Thinking Quintet (21h30)
Johannes Krieger (trompete), Alípio Neto (saxofones), Alex Maguire (piano), Ricardo Freitas (baixo eléctrico) e Rui Gonçalves (bateria).

Elisilimitada (23h30)
Elisa (voz), Hugo Monteiro (saxofones), José Liaça (piano), João Hasselberg (baixo eléctrico) e João Aleixo (bateria).

Nuno Ferreira Trio (01h30)
Nuno Ferreira (guitarra), Nelson Cascais (contrabaixo) e Bruno Pedroso (bateria).

22 de Agosto (Domingo)

In-Out Quartet (21h30)
Manuel Martins (guitarra), José Liaça (piano), Luís Cardoso (baixo eléctrico) e Henrique Catela (bateria).

Quarteto de Rita Martins (23h30)
Rita Martins (voz), Nuno Ferreira (guitarra), João Custódio (contrabaixo) e João Rijo (bateria).

Ficções (01h30)
Guto Lucena (saxofones e flauta), João Paulo (piano), Rui Pereira (Dudas) (guitarra), Maximo Cavalli (contrabaixo) e Carlos Miguel (bateria e percussões).

Todos os concertos terão lugar no Campo Municipal de Aljezur.

A organização promete jam sessions até ao raiar do sol...

quarta-feira, agosto 18, 2004

Jazz na Relva 



À semelhança de anos anteriores vai ter lugar, integrado na edição 2004 do Festival de Paredes de Coura, a iniciativa "Jazz na Relva".

Depois de ontem já ter actuado o Wishful Thinking Quartet, os nomes agendados para os restantes dias do festival são:

18 de Agosto (Quarta-feira)
Bernard Sassetti Trio
Bernardo Sassetti (paino), Carlos Barretto (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria).


19 de Agosto (Quinta-feira)
Tenaz
Jorge Coelho (guitarra), Alexandre Soares (guitarra) e Nuno Couto (bateria).


20 de Agosto (Sexta-feira)
Der Rote Bereich
Projecto alemão liderado pelo guitarrista Frank Mobus (um terço do trio Azul, de Carlos Bica).


Todos os concertos têm início por volta das 17h00. O bilhete para os cinco dias do festival custa € 50. Os bilhetes diários custam € 30. Mais informações em www.paredesdecoura.com.

Uma forma peculiar de inserir o jazz em ambientes normalmente um pouco hostis a estas músicas...

Mas porque não um exemplo a explorar por outros festivais?

terça-feira, agosto 17, 2004

Novas aquisições 

Aproveitando a realização da "VIII Feira do Disco", que teve lugar em Lagos entre 12 e 15 de Agosto, o "Improvisos Ao Sul" não deixou escapar a oportunidade para fazer duas aquisições discográficas, a um preço irresistível:

McCoy Tyner - Live At Newport (Impulse!, grav. 1963, ed. 1963, reed. 1999)



Bem vistas as coisas, este disco nem era para ter sido gravado. McCoy Tyner estava nervoso e cansado, depois de ter tocado até altas horas da madrugada anterior em Montreal. Tinha dormido apenas 3 horas. "Gravar? Em quinteto? Mas quem são os outros?". O trompetista Clark Terry era um deles, mas tinha deixado a trompete esquecida na bagageira de um carro qualquer. Pediu uma trompete emprestada a Bill Berry que estava em Newport à espera de que algum trompetista da orquestra de Duke Ellington ou de Maynard Ferguson tivesse um imprevisto e não pudesse tocar. O saxofonista Charlie Mariano nunca tinha tocado com Tyner. Bob Cranshaw? Também nunca tinha tocado com Tyner. E Mickey Roker? Bem, pelo menos já tinha tocado com Tyner em Filadélfia, antes de este ter partido com Coltrane...

Estava assim reunido o quinteto, apesar as peripécias. Depois das (curtas) apresentações subiram ao palco. E começou a gravação.

"Newport Romp" é um blues em tempo rápido, com excelentes intervenções de Terry e Mariano. Estava criado um novo original.

"My Funny Valentine", standard imortal da dupla Lorenz & Hart, é tocado com mestria e inteligência.

"All of You", original de Cole Porter, em contexto de trio, com o piano a marcar a toada, suportada pelo contrabaixo e pela bateria.

"Monk´s Blues" é o único tema preparado por McCoy Tyner a ser incluído neste disco.

"Woody ´N´ You", é um tema escrito escrito por Dizzy Gillespie para a orquestra de Woody Herman, aqui re-trabalhado por Tyner, Cranshaw e Roker, com intervenções oportunas de Terry e Mariano.


Pharoah Sanders - Thembi (Impulse!, grav. 1970 e 1971, ed. 1971, reed. 1998)



Finalmente. Já tinha ficado fora da lista das compras por diversas ocasiões, mas desta foi de vez. Companheiro de Coltrane na sua fase mais experimentalista, Pharoah Sanders é acompanhado neste disco por Michael White (violino e percussões), Lonnie Smith (piano, piano eléctrico e percussões), Cecil McBee (contrabaixo e percussões), Clifford Jarvis (bateria, percussões e outros acessórios), Roy Haynes (bateria), Chief Bay, Majid Shabazz, Anthony Wiles e Nat Bettis (percussões).

"Astral Meditations", a peça que abre o disco, é absolutamente fantástica, percursora das modernas tendências electrónicas, tão em voga na Alemanha ou na Áustria, por exemplo. Aconselha-se vivamente os seguidores destas sonoridades a procurar as suas origens, e a não pensar que se trata de algo que tem 10 anos... Sanders sublime no sax soprano.

"Red, Black & Green" começa por ser uma cacofonia free, adquirindo depois contornos mais definidos, acabando por ser uma das melhores peças do disco.

O tema título é também um belíssimo tema, descontraído, com Sanders a voar a grande altura.

"Love" é um solo de contrabaixo, primeiro em pizzicato e depois com arco. Cecil McBee é aquele contrabaixista que todos sabemos.

"Morning Prayer" é isso mesmo. Uma longa oração, com Sanders a espalhar a palavra.

Em "Bailophone Dance" respira-se África, com as percussões a criarem uma atmosfera tribal.


Já agora, para os que gostam de visitar as feiras do disco, informo que vai decorrer, entre 1 e 3 de Outubro próximos, a "6ª Mega Feira Internacional do Disco", na Gare do Oriente, em Lisboa. Uma oportunidade a não perder para fazer "aquelas" compras...

segunda-feira, agosto 16, 2004

Infante Dom Jazz 

Terminou ontem à noite a edição 2004 do Lagos Jazz, iniciativa que decorria desde o dia 11 naquela cidade do barlavento algarvio.

Não tendo estado presente na noite de abertura, foi-me dada indicação de que a palestra proferida por José Duarte tinha atraído muito público, que acorreu para ouvir falar o crítico e divulgador sobre o papel do jazz no século XXI.

Chegado ao Centro Cultural na tarde da passada quinta-feira, fiquei logo agradavelmente surpreendido com a azáfama dos jovens músicos que, de instrumento às costas, se desdobravam nos diversos workshops que se encontravam a decorrer.

Aqui está a prova, se necessária fosse, de que, contrariamente ao que dizem alguns velhos do Restelo, o jazz em Portugal está vivo, e recomenda-se!

Mas vamos ao relato dos acontecimentos.

Orquestra de Jorge Costa Pinto, com Maria Viana

Na noite de sexta feira subiu ao palco do Auditório do Centro Cultural de Lagos a Orquestra do veterano maestro Jorge Costa Pinto, acompanhada pela cantora Maria Viana. Com um currículo vastíssimo, de onde ressaltam as múltiplas aparições na rádio e na televisão e a criação da primeira big band de jazz em Portugal (em 1963), Jorge Costa Pinto apostou um trazer; à semelhança do que já havia acontecido no recente Funchal Jazz, um repertório centrado no período áureo do chamado west coast jazz, que poderemos balizar grosseiramente entre 1945 e 1960, com particular ênfase nas célebres orquestras de Stan Kenton e Woody Herman, que corporizavam, de certa forma, um contraponto face à complexidade e à força "negra" do be-bop e sucedâneos, que faziam história na outra costa norte-americana.

A orquestra, dirigida por Jorge Costa Pinto, é composta por José Martins, José Maria, Celestino Pedro e Vítor Oliveira (saxofones), Carlos Simões, Luís Cunha e Carlos Gonçalves (trombones), Hugo Alves, Johannes Krieger, Daniel Tapadinhas e Simon Wadsworth (trompetes), João Maló (guitarra), Nelson Cascais (contrabaixo) e Carlos Vieira (bateria).

De entre os temas apresentados destaque para a frescura de "I Remember You", com excelentes solos de Hugo Alves e João Maló, "Blues for JB", "Short Stop" (de Shorty Rogers), com boas prestações de Nelson Cascais e Johannes Krieger, que fazia a sua estreia no orquestra, e ainda "Dancing Puppet", "Limelight" (de Gerry Mulligan), "Airegin" (de Sonny Rollins), "La Nevada Blues" (de Gil Evans), com um solo pleno de swing de Celestino Pedro, e igualmente o inevitável "Killer Joe" (de Benny Golson).

Maria Viana encantou com toda a sua irrepreensível técnica e com o seu swing natural em "Fascinating Rhythm" (que foi “obrigada” a repetir mesmo a fechar o espectáculo), num fantástico "Body and Soul" (cristalizado na voz de Billie Holiday), e em "´S Wonderful" (de Gershwin & Gershwin). O único senão desta actuação ficou mesmo a dever-se aos problemas técnicos (resumir-se-iam a uma simples falta de pilhas?...) do microfone de Maria Viana, que, apesar do contratempo, não deixou de mais uma vez provar que se trata de uma das melhores (a melhor?) cantora nacional de jazz.


Orquestra de Jorge Costa Pinto
Foto: AB

Randy Brecker & Bill Evans NY Soul Bop

A terceira noite do "Lagos Jazz 2004" foi preenchida por uma mistura jazz-rock-hip-hop-funk-soul-blues-R&B-rap da Randy Brecker & Bill Evans NY Soul Bop, que já tinha estado há bem pouco tempo em Portugal, para uma apresentação no Estoril Jazz.

Comandada pelo multi-premiado Randy Brecker (trompete e voz) e por Bill Evans (sax tenor e soprano), músico que chegou a tocar ao lado de Miles Davis, esta formação, que se prepara para actuar no "Iridium" de Nova Iorque, completa-se com o (demasiado) espalhafatoso guitarrista e vocalista Hiram Bullock (quem o viu e quem o vê!) - "he is a little bit shy!", gracejou Evans - com o fantástico Dave Kikoski (piano e órgão) - que nos pareceu estar a navegar em águas um pouco diferentes da suas – pelo baixista Victor Bailey (considerado por Evans como um dos melhores baixistas da cena de Nova Iorque) e pelo baterista Wolgang Haffner.

"Hangin´ In The City" (tema título do álbum de 2001 de Randy Brecker) com o próprio a cantar (aaagrrrhhhh!! – nunca pensei em vir a conhecer o inefável Randroid!), a xaroposa e delicodoce balada ("our sensitive side", como disse Bill Evans) denominada "Let´s Pretend" (na corda bamba, perigosamente quase a cair para o lado Kenny G (oh não, é um fantasma!), foram temas claramente dispensáveis.

Ainda assim a actuação da Randy Brecker & Bill Evans NY Soul Bop contou com alguns bons momentos, com especial destaque para "Try Livin´ It" (com Bullock a mostrar a sua potente voz, num tema de forte travo R&B), os temas novos "Soulbop" (boa prestação de Bill Evans e Kikoski a provar a sua excelência como cavaleiro das teclas) e "Above & Below" (de Brecker), e ainda a desbunda final com título auto-explicativo: "Big Fun".

Um concerto onde imperou o jazz (?1?) eléctrico com solos pirotécnicos de todos os músicos (infelizmente, não passaram, por vezes, disso mesmo...) que fizeram as delícias do público presente, que vibrava com as acrobacias dos músicos em palco. Sendo inquestionável a qualidade e a técnica de todos eles, e apesar de ser um espectáculo de emoções fortes, fica, terminado o concerto, uma sensação de vazio e de que tudo não passou de uma injecção de adrenalina, totalmente gasta no momento da aventura.

Confesso que não é propriamente a minha "onda" mas, ainda que a espaços, viveram-se momentos de energia e intensidade contagiante.

No final do concerto ficou um autógrafo de Brecker para a posteridade.


Randy Brecker & Bill Evans NY Soul Bop
Foto: AB


TGB

Depois de lançado o seu disco de estreia(acabadinho de ser alvo de uma recensão no sítio "All About Jazz"), foi a primeira vez que vi os TGB em concerto. Já anteriormente tinha assistido à força das actuações ao vivo deste inusitado trio, composto por Sérgio Carolino (tuba), Mário Delgado (guitarra) e Alexandre Frazão (bateria), mas, apesar da sua presença habitual em concertos e festivais, a espera por os tornar a ver já se estava a tornar demasiado longa. E em boa hora terminou.

O concerto arrancou com o tema que abre o referido álbum de estreia, intitulado "Pipa Baquígrafo" ("Alexandre Frazão em parceria com Duke Ellington", ironizou Delgado). Fabulosos solos de Frazão e Carolino. Verdadeiramente assombrosa a prestação de Sérgio Carolino em "Lili´s Funk" (aplaudida pelos companheiros de palco!). Estamos na presença, sem a menor espécie de dúvida, de um dos melhores tubistas do mundo.

Um dos momentos altos da noite foi o ambiente criado pelo tranquilo e ao mesmo tempo misterioso "Inércia", tema composto por Alexandre Frazão, com o próprio a tocar melódica. Soberbo.

A versão de "Un Poco Loco" (de Bud Powell), e o delirante"Pascoal Joins The Dark Force" ("Pascoal é o meu gato", esclareceu Mário Delgado), para mim um dos melhores momentos do disco, com Delgado cada vez mais exímio na manipulação electrónica dos sons extraídos da sua guitarra, foram outros grandes momentos. Espaço ainda para dois temas novos e para mim desconhecidos: um intitulado "Namelock" (da autoria de Frazão) e um outro tema lento ("o tema com a guitarra azul, ainda sem nome", disse Delgado), deliciosamente bluesy.

A actuação ficou completa com os já habituais "Só" (de Jorge Palma), com Delgado excelente na dobro, e "Black Dog" a explosiva versão de um clássico rock dos Led Zeppelin.

Mais uma vez ficou patente que estamos perante uma das melhores formação do jazz que se faz actualmente em Portugal.


TGB
Foto: AB


O dia de Domingo estava destinado para a apresentação dos combos resultantes do workshop e ainda o combo de big band mostrar os seus progressos, ao que se seguiu a entrega de diplomas.

Nota para algumas falhas de organização, designadamente com os lugares destinados à imprensa.

Uma palavra final de agradecimento para o Hugo Alves, director artístico do Lagos Jazz, pela simpatia e cordialidade com que nos recebeu. Muito devido ao seu empenho e dinamismo Lagos está novamente a figurar no mapa dos festivais de jazz em Portugal. Esperemos que para o ano seja ainda melhor!

quarta-feira, agosto 11, 2004

Jazz em Lagos 



Arranca hoje o Lagos Jazz 2004, festival que se prolonga até ao próximo Domingo.

Relembro o programa das festas:

11 de Agosto (Quarta-feira)
Palestra "O Jazz no Séc. XXI", com José Duarte, com audição de CD's e entrada gratuita.

A "The Good Times Jazz Band" apresenta o seu "dixieland" no pátio do Centro Cultural de Lagos.

Logo mais, serão também apresentados em concerto dos músicos que serão os professores do workshop: Hugo Alves (trompete), Mário Delgado (guitarra), Paulo Gomes (piano), Rodrigo Monteiro (contrabaixo) e Michael Lauren (bateria).

12 de Agosto (Quinta-feira)
Orquestra de Jorge Costa Pinto com Maria Viana "West Coast Jazz"

13 de Agosto (Sexta-feira)
Randy Brecker & Bill Evans NY Soul Bop

14 de Agosto (Sábado)
TGB
Sérgio Carolino (tuba), Mário Delgado (guitarra) e Alexandre Frazão (bateria).

15 de Agosto (Domingo)
Os combos resultantes da workshop e ainda o combo de big band irão mostrar os seus dotes, seguindo-se a entrega de diplomas.

A "New Orleans Jazz Band", apresenta o seu "dixieland" pelas ruas da cidade, por volta das 18h00.

No âmbitos do Lagos Jazz 2004 decorrerão ainda, logo a seguir aos concertos, no Stevie Rays Blues Jazz Bar, jam sessions abertas a público e músicos.

A direcção artística deste festival está a cargo do músico Hugo Alves.

O "Improvisos Ao Sul", que já está de malas feitas, vai lá estar e depois conta como foi.

terça-feira, agosto 10, 2004

Entrevistas 

O blogue "Jazz no País do Improviso!", do nosso amigo João Moreira dos Santos, vai reeditar algumas das entrevistas realizadas entre 1995 e 1999, e publicadas no jornal "A Capital" e na revista "O Papel do Jazz".

A primeira é com o pianista norte americano McCoy Tyner, e foi gravada em 1997, por ocasião da sua passagem pelo Estoril Jazz. A ler.

RVG Edition - Novos títulos 

É hoje colocada no mercado pela editora Blue Note mais uma fornada da excelente colecção "Rudy Van Gelder Edition". Os títulos agora disponibilizados são os seguintes:

Art Blakey - Free For All (gravação 1964)



Dexter Gordon - One Flight Up (gravação 1964)



Freddie Hubbard - Blue Spirits (gravação 1965)



Jackie McLean - Destination Out (gravação 1963)



Joe Henderson - In n´Out (gravação 1964)



McCoy Tyner - Tender Moments (gravação 1967)



Todos os discos foram remasterizados, pelo próprio Rudy Van Gelder, a partir das gravações originais, apresentando, muitas vezes, faixas extra não incluídas nos LP originais (diferentes versões, etc.), bem como novas (e também as originais) liner notes. Como sempre, uma boa oportunidade para completar esta ou aquela discografia, ainda por cima com uma superior qualidade sonora.

segunda-feira, agosto 09, 2004

Blue Sky Black Sun 




Jan Garbarek

Fotografia de: Mark Wohlrab
Retirada de: www.wark-wohlrab.de/jazz

Jazz Olé! 

Apesar da reduzida dimensão geográfica do nosso país e da pouca atenção normalmente dada ao jazz e derivados, o facto indesmentível é que o número de concertos e festivais tem conhecido um forte incremento nestes últimos anos em Portugal.

Por todo o lado aparecem pequenos festivais, até nos sítios mais recônditos. Os cartazes são para todos os gostos (e desgostos...).

Mas quem, ainda assim, quiser dar um salto a Espanha para ver e ouvir jazz tem muito por onde escolher.

Alguns dos nomes que passarão pelo país vizinho no Verão jazzístico são: Brad Mehlday, Kurt Rosenwinkel, Joshua Redman, Larry Grenadier, Ali Jackson, Perico Sambeat, Albert Bover, Martírio e Chano Domínguez, Antonio Hart, Avishai Cohen, Ronny Jordan, entre muitos outros.

Como ponto de partida para esta viagem jazzística, poderá encontrar um bom guia dos festivais de jazz deste Verão em Espanha aqui.

domingo, agosto 08, 2004

Paul Cram Orchestra 


Fotografia de Ken Kam retirada de www.paulcram.com

O “Jazz em Agosto 2004” está a chegar ao fim.

As honras de encerramento desta edição cabem à orquestra de Paul Cram, músico canadiano nascido no seio da NOW Orchestra, que se apresentará logo mais, pelas 21h30, no Anfiteatro ao Ar Livre do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, em Lisboa.

A orquestra é composta por Paul Cram (compositor, arranjador, sax tenor, clarinete), Don Palmer (sax alto/soprano, flauta), Jeff Reilly (clarinete baixo, clarinete), John Scott (violoncelo), Rick Waychesko (trompete), Tom Walsh (trombone), Steven Naylor (piano, sintetizador), John Gzowski (guitarra eléctrica), Alan Baculis (baixo eléctrico) e David Burton (bateria).

Segundo palavras de J. Laret na revista francesa "Jazz Magazine", trata-se de "a happy discovery...dig it immediately"!

Mais informações sobre a Paul Cram Orquestra, aqui.

sábado, agosto 07, 2004

Jazz no Mar Alto 

Está a decorrer até ao próximo dia 15 de Agosto, o festival "Jazz no Mar Alto", iniciativa organizada pelo "Lusitanus Ensemble" e pela Câmara Municipal da Nazaré, contando com o apoio do Círculo Cultural da Nazaré. Os concertos têm lugar no Summer Jazz Club, na Nazaré, a partir das 23h00. No dia 5 já actuaram os Grove Station Trio e ontem o Quarteto de Aurélien Vieira Lino (que também toca hoje). Os próximos concertos agendados no âmbito deste festival são os seguintes:

7 de Agosto (Sábado)
Quarteto de Aurélien Vieira Lino
João Guimarães (sax alto), Aurélien Vieira Lino (piano), Marina Pais (baixo) e Marco Franco (bateria).

8 de Agosto (Domingo)
Quarteto de Mariana Pais
Francisco Medina (guitarra), Diogo Vida (piano), Mariana Pais (contrabaixo), Marco Franco (bateria).

9 de Agosto (Segunda-feira)
Fresh Quartet
Paulo Temeroso (sax alto), Ricardo Barriga (guitarra), José Pedro Leitão (baixo) e Celestino Dias (bateria).

10 de Agosto (Terça-feira)
Tricotismo
Ana Bacalhau (voz), Miguel Cordeiro (piano), José Pedro Leitão (baixo) e Rui Pereira (bateria).

11 de Agosto (Quarta-feira)
Quarteto de Rui Gonçalves
Rui Gonçalves (trombone), Quim Roberto (piano), Xico-Zé (baixo) e Zé-Zé N'Gambi (bateria).

12 de Agosto (Quinta-feira)
Disbundixie
Fábio Clarinete (clarinete), César Cardoso (sax tenor), André Venâncio (trompete), Ricardo Carreira (trombone), Daniel Marques (tuba), Pedro Santos (banjo) e João Maneta (bateria).

13 de Agosto (Sexta-feira)
Joana Rios canta Ella Fitzgerald
Joana Rios (voz), Bruno Santos (guitarra), Bernardo Moreira (contrabaixo) e André Sousa Machado (bateria).

14 de Agosto (Sábado)
Patrícia Silva Trio
Patrícia Silva (voz), Miguel Martins (guitarra) e Nuno Correia (baixo).

15 de Agosto (Domingo)
"Last Day Party" - Jam Session

sexta-feira, agosto 06, 2004

Happy birthday, Mr. Haden! 



"As long as there are musicians who have a passion for spontaneity, for creating something that's never been before, the art form of jazz will flourish." (Charlie Haden)

Charlie Haden nasceu neste mesmo dia em 1937.

quinta-feira, agosto 05, 2004

Cinemática 

Que saudades que eu tinha deste disco!



"Ode To The Big Sea", "Night Of The Iguana", "Channel 1 Suite", "Diabolous"...

Free Enciclopédia 


Retirado de: www.greenwood.com

Todos os que se interessam pelas temáticas ligadas ao free jazz e suas derivações estéticas, terão, a partir do final deste ano, uma nova "bíblia" à disposição. Trata-se de uma enciclopédia, sugestivamente intitulada "Free Jazz and Free Improvisation - An Encyclopedia", da autoria de Todd S. Jenkins, colaborador de diversas publicações ligadas ao jazz, sendo actualmente editor de "fusão" da "All About Jazz". Colabora também com a "Downbeat", "Route 66", "Signal To Noise" e "Jazz News".

A revolução do free jazz, que começou em meados da década de 50 nos Estados Unidos, representou uma resposta social, política e artística à conjuntura económica, racial e musical que se vivia no mundo do jazz e no próprio país. Um conjunto de músicos iniciou então um processo irreversível de possibilitar uma mais intensa personalização das actuações e à criação de colectivos destinados a promover a experimentação e a educação.

É preciso não esquecer que o free jazz foi mal recebido (e ainda o é, em muitos casos...) pela generalidade dos críticos, pelos músicos mais velhos e pelo público mais apreciador de tendências mainstream.

O autor reflecte nesta obra sobre um conjunto de aspectos relacionados com o enquadramento histórico, cultural e político de uma das mais incompreendidas etapas da evolução da música norte-americana. Personalidades, estilos, organizações, filosofias e políticas são aqui criticamente dissecadas, focalizando as atenções numa forma de expressão musical em relação à qual o autor considera que se tem dedicado pouca atenção.

Esta obra pretende ainda servir de introdução a sonoridades difíceis mas, ao mesmo tempo excitantes e recompensadoras, que serviram de rastilho a outros fenómenos no jazz, no rock e numa miríade de outros estilos artísticos, até fora do próprio universo musical.

Começa assim o capítulo "Controled Chaos: The Nature of Free Music":

"In beginning this discourse on free jazz and free improvisation, we should first address what is perhaps the most difficult notion: defining what constitutes jazz itself. The prospect grates - from its inception, the term "jazz" has always had an elusive definition. To narrow its scope down to music that “swings” or has syncopated rhythms calls, then, for defining what "swing" and syncopation really mean, which then might beg any number of further clarifications. If the emphasis is placed on improvisation, we must discount major works by the likes of Gershwin, Ellington, and Jimmy Giuffre, which are jazz inspired but have completely composed scores. For decades, musical forms that did not easily fit into the more spacious pigeonholes of "classical," "rock," or "country" music have become "jazz" by default. Like the instrumental pop of Kenny G, these endeavors are simply less "non-jazz" than they are jazz. Caveat emptor, but so it goes."

Retirado de: "Free Jazz and Free Improvisation - An Encyclopedia, Volume I: A–L” (pré-publicação), Todd S. Jenkins, Greenwood Press, Londres, 2004.

Uma obra a não perder de vista!

P.S.: Ao passar os olhos pelo resumo do livro, não pude deixar de me lembrar das almas que assistiram de boca aberta ao concerto da NOW Orchestra na terça-feira passada...

quarta-feira, agosto 04, 2004

Jazz no Verão em Tavira 


Contra3aixos
Retirado de: www.cbtm.jazznet.pt

Integrados na iniciativa "Verão em Tavira 2004" vão ter lugar 3 concertos de jazz:

20 de Agosto (Sexta-feira)
Bernardo Moreira Sexteto


21 de Agosto (Sábado)

Jacinta

22 de Agosto (Domingo)
Contra3aixos (Zé Eduardo / Carlos Barretto / Carlos Bica)

Os concertos do sexteto de Bernardo Moreira e do trio Contra3aixos terão lugar no Convento do Carmo, enquanto que o de Jacinta será na Fábrica Balsense, naquela cidade algarvia, todos com início marcado para as 22h30.

O concerto do sexteto de Bernardo Moreira (onde certamente não faltará um tributo a Carlos Paredes), e a oportunidade (raríssima!) de ver simultaneamente em acção três dos melhores contrabaixistas nacionais são motivos de sobra para um saltinho a Tavira!

NOW Orchestra 


Retirado de: www.noworchestra.com

Arrancou ontem à noite mais uma edição do "Jazz Em Agosto", com um concerto da New Orchestra Workshop Society (NOW), que estava previsto para o Anfiteatro ao Ar Livre do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, mas que se realizou no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em virtude da instabilidade atmosférica (recorde-se que ao princípio da tarde choveu em Lisboa).

Dirigida por George Lewis, veterano trombonista, improvisador, compositor, pedagogo e artista de instalações digitais, que trabalhou em contextos vanguardistas ao lado de Muhal Richard Abrams (de quem foi aluno), Anthony Braxton, David Murray ou Steve Lacy, a NOW Orchestra, oriunda de Vancouver, no Canadá, e relativamente desconhecida na Europa, foi criada em 1977 e desde sempre tem revelado um forte empenhamento ao nível da educação, dos concertos, da improvisação colectiva, da composição e da manutenção de locais de actuação alternativos.

Mais do que uma "simples" orquestra, a NOW Orchestra assume-se como uma organização musical multifacetada, que aposta na criação de um idioma musical original da west coast canadiana.

Longas deambulações sonoras (foram apresentadas apenas 6 peças em quase duas horas ininterruptas de actuação, o que até motivou alguns gracejos de George Lewis), que alternaram entre o caos e a ordem, o frenético e contemplativo, foram o prato forte de uma actuação que revelou o caminho trilhado pela orquestra nos modernos territórios de experimentação musical colectiva, para além das fronteiras convencionais de uma orquestra de jazz, e que em muito ficam a dever à música contemporânea, a espaços incompreendida por algum do público presente, que saiu antes do final do concerto (um senhor à minha frente, já com alguma idade, se tivesse asas tinha voado, acreditem). Um conceito de improvisação colectiva diametralmente oposto do apresentado, por exemplo, pela convencional Clayton-Hamilton Jazz Orchestra, que recentemente vimos no Estoril Jazz. Apreciei particularmente as peças "Concierto for NOW", "Broken Dreams" e "Dorfsburger" (ambas da autoria de Coat Cooke, fundador e co-director da orquestra artístico da orquestra), e "Chicken Skin Pt. 2".

No plano individual, para além do líder, que saía e entrava constantemente do palco, gesticulava, segradava ao ouvido dos músicos, pegava no trombone e o pousava no chão ou em cima de uma cadeira, destaque para a violoncelista Peggy Lee, muito aplaudida, o pianista Paul Plimley e os saxofonistas Saul Berson, Bruce Freedman e Coat Cooke (que no derradeiro tema protagonizou um excelente solo de sax barítono).

Aproveitei a oportunidade para comprar "The Shadowgraph Series", disco de 2000, editado pela canadiana Spool. Quem quiser conhecer melhor o trabalho desenvolvido pela NOW Orchestra, pode consultar este sítio.

A palavra que melhor descreverá aquilo que senti é: inquietação. Uma inquietação que cala bem fundo. Ao sair do recinto, ouvi alguém comentar "Isto não é jazz!". Talvez não seja. Mas o que é realmente o jazz? Alguém tem resposta? Para mim, ninguém. É esse o fascínio desta música.

segunda-feira, agosto 02, 2004

Parabéns, José Afonso! 


Retirado de: www.aja.pt (Associação José Afonso)

Se fosse vivo, José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos completava hoje 75 anos de idade.

Podemos revê-lo esta noite na RTP1, a partir das 0h45 (está tudo dito...), no concerto gravado ao vivo no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a 29 de Janeiro de 1983.

Parabéns, José Afonso! Que falta faz a este país!

Vencedores BBC Jazz Awards 2004 



Eis a lista de vencedores da edição deste ano dos prémios de jazz da BBC (os BBC Jazz Awards):

Melhor Banda - The Soweto Kinch Band


Soweto Kinch

Melhor Vocalista - Ian Shaw
Melhor Instrumentista - Soweto Kinch
Melhor àlbum de Estreia - "Standing Tall", Richard Fairhurst
Melhor Álbum - "The Journey Home", de Colin Steele
Estrela em Ascenção - Seb Rochford
Prémio Inovação - F-ire Collective
Prémio "Jazz Heritage" - Keith Nichols
Prémio Serviços ao Jazz - Jed Williams
Prémio Carreira - George Melly
Melhor Artista Internacional - Wynton Marsalis

domingo, agosto 01, 2004

Vandermark Quase Então 

Neste fim semana estão em audição compulsiva por estas bandas dois discos que nada têm em comum:

Por um lado o saxofone, ora gélido, ora magmático de Ken Vandermark (que temas fabulosos são "Framinghammer" ou "Tilted"!):



E por outro, a voz de fada de Paula Oliveira e o piano mágico de João Paulo (belíssimos os temas "Quase", "Outono" e "Canto Azul"):



Dois discos que o "Improvisos Ao Sul" recomenda vivamente.